1- Instituições e sujeitos: saberes e práticas
Da mesma forma que se busca pensar a relação entre cultura e identidades como um problema a ser colocado às investigações, Instituições e sujeitos: saberes e práticas – os termos definidores das preocupações desta linha – não são tomados como associações mecânicas ou causais, mas sim como elementos de problemáticas a serem debatidas teórica e empiricamente.
Busca-se, assim, problematizar a própria relação entre esses atores e as instituições, rompendo com as explicações que objetivam tão-somente os processos de sujeição/repressão que agem sobre o indivíduo, focando, também, o próprio caráter ambíguo e complexo das relações entre atores e instituições – relações que geram violências, conflitos, resistências, negociações e, não menos, identidades. Em outros termos, trata-se aqui de investigar as articulações e/ou relações possíveis (posto que culturais e, portanto, históricas) entre indivíduos/sujeitos/atores sociais e instituições e que se constituem como produtoras de identidade, imposta ou resistente, manifesta em diferentes práticas sociais/culturais e cujos códigos e regras de compreensão, consumo e apropriação são apreensíveis pela pesquisa e reflexão historiográficas. Assim, órgãos oficiais, agregações da cultura tradicional, saberes médicos, práticas educacionais, festas religiosas, grupos étnicos, modelos de viver e/ou trabalhar na cidade e no campo, são, entre outras, algumas das possibilidades interpretativas que podem permitir empreender estudos sobre cultura e identidades no âmbito desta linha de pesquisa.
2- Discursos, representações: produção de sentidos
Esta linha de pesquisa agrega estudos sobre discursos e representações concebidos como práticas culturais indissociáveis dos modos de produção de sentidos. A cultura – no plural – é entendida como um processo ativo e dinâmico de significação do mundo social, natural e supranatural, o qual configura historicamente as identidades e diferenças individuais e coletivas nos planos da vida material e espiritual, das produções do ideário, do imaginário e do simbólico. A partir de variadas concepções teórico-metodológicas, as pesquisas enfatizam os processos vivenciados por diferentes sujeitos em suas trajetórias singulares e experiências heterogêneas; processos esses em que operam as diversas mediações constitutivas do “real”, quer dizer, as formas de sua percepção, enunciação e semiotização, apreendidas na contingência das relações de saber-poder. Assim, a pesquisa das lógicas de produção, circulação e recepção de discursos e representações sobre a natureza, o sagrado, a cultura escrita – entre outros temas observados a partir de variadas escalas espaço-temporais – permite a problematização de objetos situados no cruzamento de diferentes campos da história, em torno de um eixo comum e central: o das relações entre culturas e processos identitários.
3- Didática da História: Sujeitos, Saberes e Práticas
A linha de pesquisa procura englobar investigações sobre três pólos fundamentais da relação de ensino e aprendizagem em História: quem faz o ensino de História, o pensar historicamente, e como o fazem, ou seja, que métodos, técnicas e recursos utilizam diante dessa finalidade. Os conhecimentos sobre o tema se produzem na interação entre os sujeitos envolvidos (pesquisadores, professores e alunos) diante dos desafios da prática, procurando reflexões aprofundadas a partir do atendimento às necessidades imediatas. O projeto sustenta-se teoricamente no conceito de consciência histórica, construído por autores como Jörn Rüsen e Agnes Heller. Esse conceito amplia a definição de Didática da História, descentrando-a do ensino para contemplar a centralidade da aprendizagem histórica. Essa concepção extrapola a educação escolar e contempla todas as instâncias de conhecimento histórico não-formal. Para dar conta dessa problemática, o projeto articula-se em torno de três eixos que congregam diferentes pesquisadores em processo de colaboração: o eixo formação de professores de História que se dedica ao enfrentamento das questões sobre como os professores aprendem e como utilizam o saber histórico, seja no trabalho específico de ensinar história, seja em suas próprias vidas. O eixo práticas de ensino formais e não – formais que procura investigar as mensagens, discursos e práticas que têm por objetivo (declarado ou velado, consciente ou inconsciente, exclusivo ou em associação com outros saberes) influenciar a formação e a reprodução da consciência histórica dos sujeitos. E o eixo de aprendizagem de História e consciência histórica que se dedica, por sua vez, aos resultados dos processos de ensino e dos processos autodidatas de formação da identidade, da consciência e do pensamento histórico