Histórico

RECONHECIDO PELO DECRETO nº 82413 de 16/10/1978 de 17/10/1978 O Curso de Graduação em Serviço Social na UEPG foi criado em 1973, porém suas atividades acadêmicas iniciaram-se oficialmente em 1974, tendo por finalidade a formação de assistentes sociais para atuarem no desenvolvimento de ações preventivas na área social, nos estudos e nas pesquisas sobre a realidade, assim como participarem no desenvolvimento regional.

O corpo docente constituía-se basicamente de professores lotados no Departamento de Educação, tendo em vista as disciplinas que integravam o currículo da época.

Às primeiras Assistentes Sociais contratadas, formadas na capital do Estado, coube a tarefa de profissionalização dos alunos. Reconhecia-se, já de início, um saber específico do Serviço Social na área da intervenção profissional, sendo que uma das exigências do MEC – Ministério da Educação e Cultura – para o funcionamento do Curso era que os professores contratados apresentassem qualificação exigida pelas disciplinas ofertadas.

Na época, o MEC assumia papel central na definição e na avaliação dos cursos, cujos professores eram credenciados junto ao CFE – Conselho Federal de Educação.

Foram ações que contribuíram para legitimar o Serviço Social, traçando-lhe um perfil de profissional atuante e participativo na realidade social. Assim, consolidava-se o processo da formação profissional, pois o liame com a realidade social – instituições públicas, filantrópicas e comunidade – dinamizava as práticas de estágio, através de projetos, que extrapolavam o espaço acadêmico, conquistando o reconhecimento externo.

O mercado de trabalho apresentava-se como amplo e promissor, sendo que o maior campo de trabalho era junto aos órgãos públicos (nas esferas municipais, estaduais e federais). Desenvolvia-se, ainda, em Centros Sociais, Serviços de Bem-Estar Social, Juizado de Menores, Escolas Especializadas e de diferentes níveis, conjuntos habitacionais, hospitais, empresas, cooperativas, entidades como Serviço Social do Comércio (SESC), Serviço Social da Indústria (SESI) e Legião Brasileira de Assistência (LBA).

Em fins da década de 70 e início da de 80, começa uma incipiente busca de renovação e de coerência com as transformações que a profissão vinha projetando no país. Esse posicionamento trouxe, para o interior do Curso, uma reflexão voltada à formação profissional, frente aos desafios impostos pela realidade social em que se efetuava sua ação. Discutia-se, então, a estrutura curricular, o conteúdo programático das disciplinas, as relações pedagógicas que já não atendiam às exigências que a prática profissional vinha demandando, o engajamento nos movimentos populares, bem como a participação na rearticulação das organizações da sociedade civil.

Nessa época, a literatura do Serviço Social proliferava através de novas fontes teóricas, tornando-se acessível tanto aos profissionais como aos acadêmicos. A consciência crítica foi se fortalecendo, o acesso a fontes como o marxismo e a lógica dialética, levou alguns professores a introduzirem nas suas disciplinas esses conteúdos, apesar de não fazerem parte do currículo em vigor.

No encaminhamento das discussões, a necessidade da revisão curricular se apresentava em termos concretos, bem como a de estabelecer novas alternativas profissionais, tendo como orientação às exigências que se operavam na sociedade brasileira.

Com uma equipe renovada, tanto em termos de qualificação dos docentes quanto de novos membros, o novo currículo foi implantado em 1985 (Res. CEPE Nº 01 de 15/01/1985), totalizando 3.165 horas/aula, distribuídas ao longo de 08 (oito) períodos de duração, ofertando-se o Curso nos períodos diurno e noturno. A efetivação da proposta foi se concretizando progressivamente, obedecendo às diretrizes da ABESS e do próprio Curso, tendo como programação inicial, em relação ao ensino, a implantação do currículo por semestre e a manutenção de um sistema permanente de avaliação do conteúdo das disciplinas, procurando detectar os pontos de estrangulamento da proposta de formação profissional vigente.

O eixo da proposta curricular constituía-se das disciplinas: História, Teoria e Metodologia do Serviço Social, tendo por objetivo apresentar e situar a profissão no contexto histórico, e tendo como referencial as três tendências dominantes na proposta de formação profissional: marxismo, fenomenologia e positivismo. Dois elementos significativos devem ser ressaltados neste resgate histórico. O primeiro refere-se à criação do Departamento de Serviço Social, oficializado em 1987, constituindo-se numa estrutura técnico-administrativa própria com maior poder de decisão.

Dentro da política interna do Departamento, o Curso procurou investir na pós-graduação, editando em 1990, sua primeira especialização, intitulada “Serviço Social: Ação Profissional nas Organizações Sociais”. Cumpre salientar que tal experiência tornou-se espaço de debate e de aprimoramento profissional, vindo a oferecer na sequência, via Pró-reitora de Pesquisa e de Pós-Graduação, cursos de Pós-graduação lato sensu, nas áreas de Política Social, de Saúde Coletiva e de Atendimento à Criança e ao Adolescente.

Nessa caminhada o Curso tem procurado se consolidar como centro “de produção científica e de compromisso com a sociedade (…)”, destacando-se como uma das instituições de referência no Município e na região.

Merece ser registrada a procura constante do Departamento de Serviço Social por órgãos da comunidade, para “convênios, parcerias, atendimentos, palestras, representações em comissões locais e estaduais na área social, a qual não é atendida integralmente devido à dificuldade de extrapolar o trabalho interno”, que ocupa praticamente toda a carga horária docente. (UEPG/DESER, 1999).

Exemplos dos trabalhos efetivados são o “Programa Construindo o Trabalho” em parceria com a Secretaria do Estado do Emprego e Relações do Trabalho; a “Comissão Estadual de Implementação de Capacitação Permanente para a Infância e Adolescência”; a “Proposta de Capacitação destinada aos Agentes da Área Social”. Os dois últimos, vinculados à Secretaria de Estado da Criança e Assuntos da Família e o Curso de Atualização em Direitos Humanos em Convênio com o Fundo de Amparo ao Trabalhador, Projeto “Serviço Civil Voluntário”, o qual foi inclusive premiado pelo Ministério da Justiça com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, a “Capacitação dos Conselheiros Municipais de Assistência Social” a “Capacitação dos Conselheiros Municipais na Área da Criança e Adolescente”.

O Curso procurou investir também na pós-graduação stricto sensu, participando efetivamente da implantação dos cursos de Mestrado em Saúde Coletiva e em Ciências Sociais Aplicadas, representando um avanço e o compromisso com a qualificação dos egressos da Universidade e do próprio corpo docente.

Na busca do ensino qualitativo, o Curso de Serviço Social “… vem avançando em projetos de extensão/pesquisa e ensino, tornando visível uma política interna de qualificação docente, definição de estratégias e de ações de planejamento administrativo, que vêm oportunizando convites e espaços acadêmicos em outras instituições para debater nosso pensar”. (UEPG/DESER).

Essas considerações indicam a importância de uma política de prática acadêmica, em que o princípio da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão, consiste em meta efetivamente perseguida dentro do projeto de formação profissional do Curso de Serviço Social da UEPG.

O Departamento de Serviço Social é reconhecido na UEPG pelas várias atividades desenvolvidas, entre elas a extensão universitária, com a participação dos docentes na coordenação e no desenvolvimento de projetos na área rural, de organização comunitária, jurídico-social, organizações não-governamentais, família, criança e adolescente.

A pesquisa também tem lugar de destaque, procurando abordar temáticas relevantes à realidade social. Em 1999, o Curso promoveu a 1ª Jornada Científica de Pesquisa Social, contando no evento, com a participação de pesquisadores de todo o país, evento que teve sua segunda edição no ano de 2002. Atualmente, o professor pesquisador tem procurado abrir espaço para a iniciação científica, propiciando o acesso dos acadêmicos bolsistas à produção de conhecimentos e ao intercâmbio científico.

Devemos citar ainda, entre as atividades desenvolvidas, os Núcleos de Estudo, constituindo-se em instâncias pedagógicas que integram professores do Curso, supervisores de estágio (de campo e pedagógico), pesquisadores, acadêmicos e comunidade interessada. Consistem num espaço de construção coletiva de conhecimentos, de troca de informações, de estudos comparados e de desenvolvimento de atividades que interessem as pessoas envolvidas na temática.

Ao nos voltarmos à experiência específica do Curso de Serviço Social da UEPG, identificamos, desde sua implantação, como traço marcante na história, o compromisso e a preocupação, com a qualidade e com a seriedade do processo de formação profissional.

A constante busca da atualização, a crescente qualificação do corpo docente, a ampliação das atividades desenvolvidas consolidaram-lhe a representatividade na Região, tornando-se um canal aberto à categoria profissional.

Ao longo da trajetória histórica, o Curso construiu o seu projeto de trabalho, que expressa o compromisso social e político, relacionado à formação profissional e à sociedade. Assim, a formação profissional extrapola a formação acadêmica, constituindo-se na totalidade das ações e das intenções, que consolidam uma proposta comprometida com a realidade social e, nesse sentido, resultado da interferência dos sujeitos (profissionais da prática, docentes e acadêmicos) construtores da formação profissional do Curso de Serviço Social da UEPG.

A nova proposta das Diretrizes Curriculares em discussão no Curso deve ser amplamente divulgada e construída coletivamente por todos os segmentos envolvidos.

Somos testemunhas e sujeitos desse processo de construção, ora vencendo as fragilidades teórico-metodológicas, a visão fragmentada sobre a profissão, os ranços adquiridos na caminhada teórica; ora avançando em propostas e em ações direcionadas à formação e à qualificação de profissionais críticos e competentes, comprometidos com o processo de cidadania. (Texto baseado no o artigo: KRAINSKI, Luiza B.

O curso de Serviço Social na UEPG em sua trajetória histórica. Revista Emancipação Ponta Grossa, Editora UEPG, 2001, 1(1) p. 89-107.

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