Por dentro das pesquisas do Fasca #1
Pesquisa em solos no Parque Estadual da Serra Dourada utilizando técnicas de FRX e processos de interação da radiação
A região do Cerrado é o 2° maior bioma do Brasil, perdendo apenas para a Amazônia. Ele abrange cerca de 11 estado brasileiros, ou então 23% do território brasileiro, é conhecido como “Berço das Águas” e é habitat natural de espécies ameaçadas de extinção, como o Lobo Guará.
O Parque Estadual da Serra Dourada foi criado pelo governo do estado de Goiás por meio do Decreto n° 5.768, de 5 de junho do 2003, ele abrange os municípios da cidade de Goiás, Buriti de Goiás e Mossâmedes.
Segundo levantamentos geomorfológicos, a região do Cerrado em que a Serra Dourada pertence está localizada na bacia sedimentar do Paraná, com alta atividade de placas tectônicas na região, formando assim, um conjunto de serras, associadas à Serra Dourada, como a Serra da Canastras (MG), da Bocaina e Geral do Paraná (GO-TO).
Sendo assim, essas serras são resíduos de antigas orogêneses (dobras) que são sustentadas com frequência por rochas metamórficas, com destaque para o quartzitos. Os solos que se desenvolveram na região são solos com elevado teor de minerais primários, com maior incidência do Cambissolo, que apresentam característica de um solo jovem, em fase de formação.
As áreas onde se encontram os Cambissolos possuem um relevo movimentado, sendo a relação entre substrato rochoso e os solos, bastante estreita, com locais propensos a erosão geológica e formação de voçorocas, mostrando o desgaste de superfícies mais antigas. São pouco profundos, portanto, e apresentam grande quantidade de minerais primários como quartzo e micas.
Os Cambissolos se caracterizam quase sempre pela baixa fertilidade e com fases pedregosas, podendo haver a ocorrência de calhaus. Estes ocorrem em áreas onde a declividade varia de 21 a 50%. São solos jovens e pouco evoluídos, geralmente cobertos por vegetação natural. Possuem perfis de solo subdesenvolvidos e são caracterizados pelo horizonte de solo B incipiente, adjacente aos horizontes mais superficiais, que carrega informações sobre a origem e a intemperização deste solo em formação.
Indo contra todo o apelo de conservação ambiental de uma região que se mostra sensível à ação humana, segundo o Jornal O Popular, em 2014 o Sindicato Rural da Cidade de Goiás propôs a redução de 42% da área do Parque Nacional da Serra Dourada, deixando exposta a região que abriga a Bacia do Rio Vermelho e que já teve 65% do território convertido em pastagens.
Com o intuito de enriquecer as pesquisas realizadas na área do Parque Estadual da Serra Dourada, o grupo de solos da UEPG, FASCA, juntamente com as Professoras Dra. Vládia Correchel e Dra.Renata Momoli, da Universidade Federal do Goiás, realizam diversos estudos com técnicas convencionais e não convencionais de perfis extraídos do Parque.
Resultados preliminares utilizando as técnicas de fluorescência de raios X e de difração de raios X, mostram que o solo é ainda jovem e em fase de formação de minerais secundários, porém rico em minerais primários de difícil intemperização, como o quartzo e as micas. Mostrando que o solo não se encontra suficientemente desenvolvido para receber cultivos de grãos ou mesmo pastagens. Entretanto, a região é rica em espécies endêmicas de flora e fauna, portanto, o apelo ambiental é necessário para manter a conservação ambiental destas espécies, mantendo um determinado nível de equilíbrio ambiental.
Texto de autoria de Lohane Tech (Doutoranda em Ciências)