Ronir de Fátima Gonçalves Rodrigues e Nicolas Floriani
REDE CASLA-CEPIAL, FAXINAL E PREFEITURAS REUNEM-SE PARA DEFINIR ESTRATÉGIAS PARA A SAUDE DAS COMUNIDADES RURAIS DE FRONTEIRA
Ocorreu na quarta-feira dia 20 de junho de 2018, às 14 horas na Prefeitura Municipal de Ponta Grossa a reunião com os Secretários Municipais de Saúde de Ponta Grossa e do município de Campo Largo, sendo representados concomitantemente pelo Secretário Adjunto de Gestão em Saúde Robson Xavier da Silva e Sandra Neves, enfermeira responsável pela região rural do município de Ponta Grossa, do outro lado estavam a Secretária Municipal de Saúde Chrystiane Barbosa Pianaro Chemin, além da secretária adjunta de saúde, secretaria da vigilância sanitária e ainda a enfermeira responsável pelas unidades de saúde da zona rural de Campo Largo.
Mulheres faxinalenses de Sete Saltos de Baixo e da comunidade de Sete Saltos de Cima (antigo faxinal) estavam presentes na reunião juntamente com os acadêmicos do Grupo de Pesquisa Interconexões da UEPG – Prof. Dr. Nicolas Floriani (coordenador da equipe de extensão Interconexão da Universidade Estadual de Ponta Grossa/UEPG) e Pedagoga Ms. Ronir de Fátima Gonçalves Rodrigues/UEPG – integrantes da Rede CASLA-CEPIAL.
A solicitação para a referida reunião advém pela dificuldade enfrentada pelos faxinalense do Sete Saltos de Cima, representados pelos membros da Associação do faxinal Marilei Ferreira, Marli Chagas, Sônia de Carvalho. As mesmas já haviam realizado uma reunião na secretaria de saúde de Campo Largo, e para tal solução de seus problemas desencadeou este momento com o secretario de Ponta Grossa.
Os problemas relativos ao esgotamento da assistência à população local do Faxinal Sete Saltos de Baixo e o antigo Faxinal Sete Saltos de Cima têm como uma das causas o fechamento da unidade de saúde em 2012. Para consulta médica os moradores precisam percorrer um percurso de 8 e 18 quilômetros respectivamente até a unidade mais próxima, cujo atendimento ocorre apenas às quinta-feiras. De tal modo que para coleta de exames laboratoriais e demais necessidades os mesmos estão á 30 quilômetros do Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária – CRUTAC/UEPG, também é apenas uma vez na semana e para isso existe um ônibus particular que sai ás 6 da manhã da comunidade e retorna às 17 horas, em casos de urgência e emergência os mesmos estão à 60 quilômetros da sede urbana do município.
Perante todas essas dificuldades e devido à proximidade territorial do município de Campo Largo, os mesmos procuram atendimento nas unidades de saúde mais próxima que é na Santa Cruz, Quilombo Palmital dos Pretos e Unidade de Saúde Três Córregos todos subsidiados pelo referido município, sendo assistidos, ademais, com transporte, medicamento, exames, além de consultas diárias.
No entanto, devido à grande procura pelos moradores da fronteira municipal de Ponta Grossa, as unidades de saúde do município de Campo Largo declaram estar sobrecarregando o atendimento, incluindo ainda não poder dar um completo tratamento aos seus pacientes devido a um impeditivo de ordem jurídico, exigindo deste modo um posicionamento da prefeitura municipal de Ponta Grossa. Porém, angustiados os moradores de Sete Saltos alegam ser insuficiente e inviável a utilização do sistema de saúde de Ponta Grossa, dada a perda do espaço físico sofrida no ano de 2012. Vislumbra-se com isso, as as amarras jurídico-territoriais sofridas pelas populações habitantes das fronteiras municipais de um mesmo estado or não poderem usufruírem de acesso a serviços básicos.
Devido às más condições físicas da unidade de saúde da família ficou impossibilitado de se prestar atendimento aos 367 moradores do faxinal Sete Saltos Baixo e Sete Saltos de Cima, cujo problema segundo o Secretário Robson Xavier “não existe previsão de reforma para o local, contudo a prefeitura de Ponta Grossa possuí equipe de profissionais para atendê-los”. A secretária de saúde de Campo Largo sempre deu atendimento as comunidades, no entanto, segundo ela “enfrenta dificuldades para acompanhamento de saúde dos moradores do outro município, e em alguns casos precisa dar prioridade para seus assistidos”. Com isso, declarou que poderia “formar parceria com o município de Ponta Grossa, cedendo o espaço físico da unidade de saúde do Quilombo de Palmital dos Pretos para que a equipe de profissionais possa usufruir do espaço há cada 15 dias”.
Por isso, para viabilizar a reunião todos os presentes tiveram a oportunidade de diálogo, sendo solicitado pelo secretário adjunto de saúde Robson Xavier a Prefeitura Municipal de Campo Largo que “continue prestando atendimento aos moradores ponta-grossense por mais um mês, tempo que o mesmo se responsabiliza em encontrar uma solução ao perene problema”.
Desta forma, nós enquanto integrantes do projeto de extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa sensibilizamos com os problemas enfrentados pelas comunidades assistidas e por intermédio de nossas pesquisas, visitas a campo e demais ações anteriores somos consideradas parceiros para eventuais ações em prol das melhorias de vida das/nas comunidades.
Ademais deste relatado esforço entre poder público municipal, comunidade e academia para se buscar resolver as demandas de saúde da população local, a reunião trouxe também boas expectativas no que tange à concessão do antigo espaço da escola rural (hoje em desuso e que serviu até pouco tempo ao atendimento médico) para a comunidade.
Cabe destacar que a decisão de se resgatar o espaço da antiga escola vem ao encontro dos princípios da REDE CASLA-CEPIAL que é o de viabilizar projetos de desenvolvimento local, tal como o projeto Selo Socioambiental de Produtos da Agrofloresta Faxinalense (aprovado no Âmbito do Programa Universidade Sem Fronteiras da SETI-PR, coordenado pelo prof. Nicolas Floriani da UEPG) e executado entre várias instituições parceiras (UEPG, Ministério Público do Paraná, Instituto Ambiental do Paraná, Juizado do Trabalho do Paraná, IFPR) em comunidades faxinasses do Paraná. Com dita reunião, a prefeitura municipal de Ponta Grossa sinalizou possibilidades concretas de se firmar um termo de comodato da edificação, bem como a cessão de instrumentos clínicos para o atendimento da população local.