
Após quatro décadas de história, a Feira do Produtor passa a ser considerada Patrimônio Cultural Imaterial da cidade | Foto: Maria Cecília Mascarenhas
Frutas, verduras e hortaliças fresquinhas; pães, biscoitos e bolos com gostinho da casa da vó; pastel, caldo de cana e pamonha, são alguns dos produtos da Feira do Produtor de Ponta Grossa. O público adulto costuma ir ao local para garantir a compra da semana com preços acessíveis. A criançada aproveita o espaço para brincar no parquinho e curtir momentos ao ar livre. O lugar serve, ainda, para colocar a conversa em dia ou para levar os cachorros ao passeio matinal. Há 42 anos, esse é o ambiente que a Feira do Produtor oferece aos moradores de Ponta Grossa As feiras são parte da cultura brasileira e funcionam desde o período colonial. É comum encontrar feiras em todos os cantos do país. Elas são ótimas difusoras da cultura local, além de essenciais para impulsionar a economia, com a venda de produtos como artesanatos, frutas, verduras, pães e outros alimentos. São espaços tradicionais que ajudam a promover as histórias de um lugar.
Dona Vera Lúcia Wiecheteck trabalha na Feira do Produtor de Ponta Grossa há 33 anos, vendendo pães, biscoitos e bolachas.“Criei dois filhos à base da feira. Trazia eles quando eram pequeninos e agora já são homens.“No começo, tudo era bem difícil. Até as pessoas adquirirem confiança é demorado. Eu sempre brincava que eu vinha com dez pães e ia com vinte embora. Hoje eu tenho uma freguesia muito boa, uma clientela enorme”, relembra a vendedora.
Em 2025, a Feira do Produtor conquistou o título de Patrimônio Cultural Imaterial de Ponta Grossa, concedido pela câmara de vereadores por meio da Lei N° 15.378. Vera Lúcia expressa o contentamento com essa conquista: “nos sentimos orgulhosos, porque nós batalhamos muito. O feirante na cidade era muito discriminado.Hoje em dia, somos valorizados pela prefeitura, pelas pessoas e pela sociedade” relata Vera.

Dentre os produtos vendidos na Feira do Produtor estão o milho, pamonha, crepes, churros, pastel, frutas, verduras e muitos outros. Foto: Maria Cecília Mascarenhas
A rotina do feirante
Priscila Silva de Oliveira Romao, feirante há quinze anos, tem um negócio familiar no local. Ela, o marido e a filha trabalham com produtos derivados do milho, como: pamonha, bolos e curau. Nós produzimos todos os dias de feira, para manter os produtos fresquinhos. É uma rotina bem puxada, porque trabalham só nós três. Então, é cansativo. Mas compensa, vale a pena”, comenta Priscila sobre sua rotina de produção
Priscila Romao e Vera Lucia Wiecheteck, relatam que a rotina na feira é trabalhosa e cansativa. O dia inicia de madrugada, a partir das quatro horas, quando os feirantes iniciam a produção dos alimentos. Com o amanhecer, se dirigem ao local, para montar a estrutura das barracas. Um momento que demanda muito esforço para que tudo corra bem na chegada dos primeiros clientes do dia.

“Eu gosto muito porque são coisas boas, mais naturais e baratas” diz a consumidora Lúcia Copas sobre fazer compras na Feira do Produtor. Foto: Maria Cecília Mascarenhas
Apesar de trabalhoso, Priscila tem um sentimento de gratidão por seu trabalho. “Nossa! Eu sou apaixonada pela feira, eu adoro trabalhar aqui, é meu lugar preferido. Então, me encontrei aqui. Estou trabalhando com o que eu amo”. Priscila ressalta, ainda, que parte dessa gratidão está na boa relação com os clientes.
A importância da Feira do Produtor para os habitantes
Evanise Sovinski Scheier frequenta a Feira do Produtor há mais de dez anos. De acordo com ela, os produtos possuem qualidade e variedade, o que compensa ao fazer compras. Ela é frequentadora assídua.“Eu acho ótimo, é um espaço amplo, limpo e muito bom para vir com a família”.
As feiras desempenham um papel crucial na produção e divulgação da cultura local. Elas proporcionam espaços de encontro entre produtores, artesãos e consumidores, contribuindo para a valorização da diversidade cultural e o desenvolvimento da economia local. A Feira do produtor de Ponta Grossa é uma grande divulgadora da produção artística e dos costumes da cidade. Por manter a tradição há mais de quarenta anos, a cultura da feira tem passado de pais para filhos, permitindo que essa forma de economia mantenha-se viva na cidade.
A tradição passada de geração em geração
Silvana Jaimes, trabalha há dezenove anos na Feira do Produtor. Ela conta que praticamente nasceu nesse ambiente, pois aprendeu a arte de ser feirante com a família. “Meus pais sempre foram feirantes e eu vinha quando criança. Quando me tornei adulta fui trabalhar em outros empregos. Mas assim que minha filha nasceu, para conciliar o trabalho e o cuidado dela, escolhi voltar para a feira e trabalhar com isso”, destaca.

O ambiente agradável da feira atrai a comunidade. Foto: Maria Cecília Mascarenhas
A Feira do Produtor de Ponta Grossa acontece em três dias da semana e em dois locais diferentes. Na terça-feira é na Praça Dom Antônio Mazarotto, localizada no bairro Jardim Carvalho. Já nas quartas e sábados, a feira se instala no Anexo ao Restaurante Popular, no bairro de Olarias.
Ficha Técnica
Produção: Maria Cecília Mascarenhas
Edição e publicação: Amanda Stafin
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado