
Nova regulamentação gerou debates entre os estudantes e coordenadores do colégio
O Colégio Estadual Regente Feijó, localizado no centro de Ponta Grossa, é um dos muitos espaços que vivenciam, na prática, os efeitos da proibição do uso de celulares em sala de aula. A medida exige adaptações no cotidiano escolar e provoca mudanças na dinâmica entre alunos, professores e equipe pedagógica.
Entre corredores, salas e reuniões pedagógicas, a discussão sobre o uso do celular ganhou espaço. A primeira iniciativa da escola após a implementação da lei n° 15.100/2025 foi colocar um armário com chave em cada sala de aula do colégio, no qual os alunos devem colocar seus celulares desligados. Após isso, o representante de cada turma deve trancar o armário e levar a chave até a coordenação. Os armários só podem ser destrancados após o fim da última aula do dia. Segundo o coordenador do Regente, Cassio Ajus da Silveira, nas primeiras semanas os estudantes apresentaram uma boa reação à nova regra e houve maior interação social entre eles.
Essa mudança de comportamento no ambiente escolar foi notada também pelos professores e funcionários. Muitos relataram que os corredores passaram a ficar mais movimentados nos intervalos, com grupos de alunos conversando, o que antes era menos comum. Entretanto, Silveira comentou que semanas depois, alguns estudantes começaram a alegar que eles não poderiam usar, mas portar o celular, seja no bolso ou na mochila. Na visão do coordenador, isso foi um truque para os alunos mexerem escondido no telefone.
“Se o professor notar que o discente está usando o celular durante a aula, primeiro é feito uma advertência, recolhido o celular e só entregue no final da tarde”, relata. Silveira ressalta que em caso de segunda advertência, a entrega do aparelho celular será feita apenas para os pais e responsáveis do aluno.
O cumprimento da norma é monitorado diariamente pelos professores, que têm a responsabilidade de observar possíveis tentativas de burlar a regra. A escola também conta com o apoio da equipe pedagógica para aplicar as medidas disciplinares previstas e manter os responsáveis informados sobre o comportamento dos alunos.
Como forma de não cortar o contato dos estudantes com a tecnologia dentro do ambiente escolar, a escola faz o uso frequente dos dois laboratórios informáticos. O coordenador não vê a tecnologia como um mal para os discentes, se for usada da forma certa. “Para fazer trabalhos que necessitem de internet em sala de aula, aconselhamos que os professores usem os tablets da escola, pois é um aparelho que pode ser controlado melhor na mão do estudante, diferente do celular”, ressalta.
A aluna Julia Cristina, de 15 anos, conta que a proibição atrapalhou as atividades em sala, pois o celular ajudava quando os professores passavam trabalhos durante a aula. A estudante comenta que, embora quisesse ter contato com o aparelho no recreio e durante as aulas vagas, a proibição ajudou na aprendizagem.
“Sem os celulares o estudo melhorou bastante. Eu mesma notei claramente o quanto consigo ter mais foco durante as aulas. Além da interação entre os colegas ter aumentado muito, principalmente entre os intervalos”, acrescenta.
Julia conta que, antes da implementação da lei, os estudantes guardavam o celular embaixo da carteira, mas agora devem colocar no armário, que fica trancado até o fim da aula, ou deixar desligado na mochila. “A orientação é para pegar somente quando o professor permitir. Caso contrário, o celular é recolhido”, complementa.
Esta reportagem integra uma coletânea de livro-reportagem investigativo. Este capítulo trata dos desafios da restrição dos celulares no Colégio Estadual Regente Feijó. Leia o capítulo anterior aqui. Acompanhe no Periódico as próximas publicações.
Ficha técnica
Produção: João Fogaça
Edição e publicação: Isabele Machado e Mariana Krankel
Supervisão de produção: Hendryo Anderson André
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado