A instituição pública foi tombada pelo Estado do Paraná em três de novembro de 1990
O Colégio Estadual Regente Feijó, criado em 1927, é uma das primeiras unidades de ensino de Ponta Grossa e está prestes à completar 100 anos de existência. A instituição oferece aos cidadãos ensino médio completo e cursos técnicos integrados como, por exemplo, Administração, Agronegócio, Desenvolvimento de Sistemas, Marketing, Planejamento e Controle da Produção.
Ele se caracteriza por ser um dos principais colégios estaduais da cidade, onde estudaram muitas personalidades marcantes. O atual diretor, Ilário Valmor, conta que uma dessas pessoas foi Elizabeth Silveira Schmidt, atual prefeita do município. Recentemente, ela fez uma visita ao colégio e realizou o sonho de andar pela antiga escadaria.
Na década de 1930, início da era Vargas (período em que governou o Brasil, por 15 anos e quando foi instituído o Estado Novo 1937-1945), matricular-se na instituição existia etapas rigorosas. Era necessário preencher um requerimento ao diretor do colégio e anexar documentos como certidão de idade, atestados de conduta e médico. Não era como se matricular nos dias de hoje. Os documentos solicitados serviam para verificar a ficha dos candidatos que, na sequência, precisavam realizar um processo seletivo bastante rigoroso. De certa forma, esse período demonstrava o lado conservador e alinhamento do Regente Feijó ao sistema e as regras da Ditadura, refletindo o conservadorismo da escola naquela época.

Fachada do Colégio Regente Feijó mantém viva as tradicionais pinturas em rosa e branco. Foto: Larissa Oliveira
Rememorar a trajetória do Regente
Alunos e professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), após um ano de muitos trabalhos, inauguraram, no Colégio, o Museu Regente Feijó que dispõe de objetos e relíquias adquiridas ao longo da história da unidade educacional, com o intuito de preservar o patrimônio histórico e cultural que já existia no local. O projeto nasceu em 2017 , além da participação de acadêmicos e docentes de Licenciatura em História, envolveu também alunos do Regente, por meio do Programa Institucional de Iniciação Científica Júnior, Bolsistas e Voluntários (Pibic-Jr).
“Fizemos a primeira catalogação, utilizando-se das fotografias que já tínhamos de todos eles e criamos uma planilha no computador, Descobrimos que existiam aproximadamente 200 peças importantes no colégio”, explica João Vitor Maciel, acadêmico de Licenciatura em História e supervisor dos alunos (Pibic-Jr). Os objetos que fazem parte do acervo foram em grande parte utilizados no modelo de escola e ensino antigo, trazidos de uma empresa da França. Entre itens estão: documentos, uniformes, fotografias de eventos e peças doadas por ex-alunos. Especialmente as de um corpo humano (artificial) e de um gavião.

Foto: Larissa Oliveira
A bolsista do Pibic-Jr Larissa Teixeira e aluna do curso técnico em Administração, conta como surgiu o interesse em participar do projeto. “Eu visitei o local com uma amiga que já fazia parte do museu, quando ele ainda estava em processo de montagem. Conhecendo, acabei me interessando pelo trabalho e com esse amor pelo projeto permaneci aqui até hoje”, relata a estudante.
O Museu está localizado no térreo do Colégio Regente Feijó, situado à Rua do Rosário, 194, em frente a Praça Barão do Rio Branco. Ele está aberto para a visitação para os alunos e à comunidade, via instagram. Ao clicar aqui você acessa o link do formulário para agendamento de visitas externas. É necessário verificar os dias disponíveis. A visita é guiada e dura cerca de 30 minutos.
BOX: A fundação do prédio histórico:

Imagem: Ponta Grossa histórica
De acordo o acervo Ponta Grossa Histórica e a Fundação Municipal de Cultura, na década de 1920, durante a regência do interventor federal do Paraná, Caetano Munhoz da Rocha, o estado deveria reformar o sistema educacional. O projeto do governo era pela valorização da chamada “Escola Normal” , ou seja, formação para professores. Com esse intuito, o inspetor geral de ensino do Paraná da época, César Prietro Martinez, oficializou em 1921 projetos de construção de duas novas escolas no Estado, uma aqui na cidade e a outra em Paranaguá.
Em 1922, começou a ocupação na região central de Ponta Grossa, em um terreno localizado na Rua do Rosário, em frente à Praça Barão do Rio Branco. As obras foram concluídas em fevereiro de 1924, marcando o início das atividades. Três anos depois, em 1927, a prefeitura adquiriu um prédio na Rua Dr. Colares, esquina com a Rua Augusto Ribas, onde foi instalado o Ginásio Regente Feijó. Em 1938, as duas instituições foram unificadas, mas continuaram em prédios distintos até 1939, quando passaram a funcionar juntas, no endereço original.
A partir de então, a instituição recebeu o nome Colégio Estadual Regente Feijó. O edifício foi tombado como Patrimônio Histórico do Estado em 1990, tanto por sua relevância arquitetônica, quanto pelo papel desempenhado na educação local. No fim da década de 1990, o prédio passou por completa revitalização, preservando suas características originais. Em 2002, o estabelecimento foi reinaugurado e segue ativo até os dias de hoje.
Ficha Técnica
Produção: Larissa Vitoria de Oliveira da Silva
Edição e publicação: Diego Santana, Luiz Cruz, Giovana Guarneri e Gabrieli Mendes
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão e publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado
