Lei amplia pena para crimes de violência psicológica contra mulheres com uso de IA

Mulheres vítimas de violência digital têm suas imagens agredidas pela Inteligência Artificial

 

Nos últimos anos, condutas praticadas no ambiente virtual passaram a ser tuteladas pelo Direito Penal, como registros de nudez ou de intimidade sexual criada por inteligência artificial, através de  imagens não autorizadas dos rostos de mulheres. 

Em abril, foi sancionada a Lei 15.123/2025, que estabelece o aumento da pena no crime de violência psicológica contra a mulher quando praticado com o uso de inteligência artificial ou de outro recurso tecnológico que altere imagem ou som da vítima.

Uma mulher, vítima de violência virtual, relata que teve o rosto utilizado em uma montagem feita com IA.  “Eu recebi notificação de um número desconhecido encaminhando uma imagem minha de nudez e me ameaçando a pagar um valor para ela não ser publicada. Eu me assustei porque nunca tinha tirado aquela foto. Eu denunciei na delegacia e a pessoa foi identificada e sofreu consequências judiciais”, compartilha.

A vítima  destacou que seu psicológico ficou abalado e teve que fazer terapia para controlar os ataques de pânico, consequência do trauma.  “Eu tinha medo da imagem ser exposta, perder meu emprego e ser perseguida pela  pessoa que estava me ameaçando. Por um momento achei que era culpada só por postar fotos comuns nas minhas redes sociais,  mas durante a terapia aprendi que aquilo não era culpa minha”, desabafa.

Segundo a Agência do Senado, o crime pode ocorrer por meio de ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação da mulher.

“A lei é apenas uma parte da solução, pois para enfrentar a violência digital de modo eficaz são necessárias ações de regulamentação das plataformas online e principalmente suporte psicológico e jurídico às vítimas” relata a vítima.  

O OlimpIA é um chat automatizado do WhatsApp que fornece assessoria jurídica e apoio emocional para vítimas de violência digital. Ele foi criado no México, atende em 50 idiomas e coleta informações de diversos países. O OlimpIA  já atendeu mais de 8.000 casos no México, Espanha, Colômbia, Honduras, Equador, Panamá, Guatemala e Peru.

Este texto integra uma coletânea de livro-reportagem investigativo, sobre violência sexual contra mulheres. Leia o capítulo anterior aqui. E acompanhe no Periódico as próximas publicações.

 

Ficha técnica

Produção: Giovana Guarneri 

Edição e publicação: João Bobato, Daniel Klemba e Maria Cecília Mascarenhas

Supervisão de produção: Hendryo André

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado

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