Do interior do Paraná ao Canadá: Sandra Nodari compartilha carreira profissional

Com apenas 18 anos, uma jovem deixava a cidade natal de Rio Branco do Sul, região metropolitana de Curitiba, para dar o primeiro passo na realização de um sonho. Em 1993, Sandra Nodari dá início ao curso de Jornalismo na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Nascida em uma família financeiramente humilde, a universitária conviveu com os desafios de morar sozinha e com poucas condições monetárias em um outro município. Para ela, os quatro anos como acadêmica de Jornalismo na UEPG foram cruciais para a construção do caráter crítico e progressista que ela possui. Hoje, quase trinta anos depois, a jornalista e pesquisadora vive no distrito de Québec, no Canadá, enquanto conclui o pós-doutorado na Université du Québec à Montréal (UQÀM).

Sandra foi a primeira da família a ingressar em uma faculdade. Escolheu a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) por não ter condições financeiras de arcar com a mensalidade da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), onde também foi aprovada. Cursou Jornalismo na UEPG entre 1993 e 1996.

Durante a graduação, afirma ter enfrentado dificuldades na produção textual devido à dislexia, transtorno diagnosticado anos depois. Sandra presenciou o afastamento de professores para a conclusão do mestrado e acompanhou a transição do curso do período vespertino para o matutino. Apesar dos desafios, considera a graduação como o período mais importante de sua vida para o amadurecimento pessoal, cívico e profissional. “Entrei uma menina que não sabia quase nada sobre o mundo e saí uma pessoa cheia de experiências”, conta.

Desde criança, os familiares brincavam que ela seria a ‘nova Sandra Passarinho’. Apaixonada por televisão e cinema, encontrou inspiração profissional em um momento inusitado da graduação. Durante o terceiro ano, com a falta de professores, o jornalista Elson Faxina assumiu as aulas de telejornalismo aos sábados. “Ele ensinava com tanta paixão que me fez amar ainda mais a área audiovisual. Eu me inspirei nele quando virei professora”, relembra.

Após concluir a graduação em 1996, Sandra ingressou no mercado de trabalho e atuou como repórter, apresentadora, editora e produtora em veículos de rádio e TV de Curitiba. Passou por emissoras como a TV Iguaçu, RICTV e Rádio Educativa do Paraná. Em 2006, finalizou o mestrado em Comunicação e Linguagens pela Universidade do Tuiuti do Paraná e em 2021 conquistou o título de doutora em Ciências da Informação pela Universidade Fernando Pessoa, em Portugal, e em Comunicação pela Universidade Federal do Paraná. A jornalista também trabalhou como professora universitária nas áreas de audiovisual, cinema, gênero e feminismo na  Universidade Tuiuti do Paraná, entre 2003 e 2012, e na Universidade Positivo entre 2011 e 2022.

Em 2023, já com familiares vivendo no Canadá, Sandra decidiu buscar uma vaga de pós-doutorado perto da família. Ela conseguiu entrar na Universidade do Québec, em Montreal, orientada por um professor que fala a língua portuguesa. “Migrar é difícil, mas tenho o privilégio de estar com quem amo. Se tivesse vindo sozinha, teria sofrido mais. Não teria desistido, porque isso nunca foi uma opção para mim”.

Atualmente, a jornalista atua como repórter na revista “About Magazine, representante internacional do Festival EducAção e apresentadora do Clit Cast. “Para ser jornalista é preciso gostar muito, mas quando a gente ama, a gente continua. E eu continuo”, finaliza.

Sandra se formou em 1996. Foto: Acervo pessoal Sandra Nodari

 

 

Ficha técnica

Produção: João Bobato

Edição: João Fogaça

Revisão: Rafaela Conrado

Supervisão de produção: Aline Rosso

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar

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