Millena Sartori: entre a adrenalina da notícia e a delicadeza das histórias

Foto: arquivo pessoal/Millena Sartori

Diante das mudanças que o jornalismo tem passado nos últimos anos, podemos observar cada vez mais profissionais terem suas rotinas transformadas para a adaptação ao novo modelo da profissão. Hoje, o novo normal são aqueles jornalistas multimídia, encarregados de diversas funções em uma redação que conta com cada vez menos contratados. Apesar do acúmulo de funções, a correria gerada pelo atual modelo também encanta os olhos de pessoas que não se veem em outra área e amam o que fazem, é o caso de Millena Sartori.

O gosto pela área surgiu desde cedo na jovem Millena por influência do avô que também era jornalista. A originária de Mafra, Santa Catarina, sempre acompanhou as produções jornalísticas locais, seja através do impresso ou do rádio. Apesar das pautas terem outro estilo, o sentimento de querer estar envolvida com a correria diária da profissão foi aflorado, e ela sabia que essa era a profissão que queria seguir. Assim, se mudou para Ponta Grossa com 17 anos e entrou no curso em 2013, com o otimismo de estar entrando de cabeça na realização de um sonho antigo.

Foto: arquivo pessoal/Millena Sartori

Para ela, a maior herança deixada pelo curso e que perpassa suas experiências atuais com a profissão é a visão de mundo. Ela conta que vivia em uma bolha por ter vindo de uma cidade pequena, e que com a UEPG, pôde vivenciar e entender diferentes realidades daquela em que estava inserida. “Eu entrei uma pessoa e saí outra”, afirma ao destacar a sensibilidade e humanização para com as pessoas, que adquiriu durante a graduação.

Ela lembra com carinho do Corresponde Local, uma iniciativa que sua turma, a T-28, teve e que perdura até os dias atuais do curso ao completar mais de dez anos de existência. Na época, o estúdio de telejornalismo ainda não estava pronto, e estudantes organizaram protestos para que a obra fosse concluída. A dedicação com o laboratório foi tanta que os alunos sentiam que precisavam aproveitar dele da melhor forma possível, e assim surgiu a ideia de montar e organizar um programa jornalístico. O telejornal era gravado, e não um semi-ao vivo como é atualmente, e foi construído por meio de experimentações e ideias que partiam dos próprios estudantes, resultado do suor de um coletivo.

Foto: arquivo pessoal/Millena Sartori

Apesar da dedicação e foco no meio acadêmico, Millena nunca deixou sua vida social de lado. Ela conta que a faculdade precisa ser lavada a sério, porém, também anda lado a lado com as vivências pessoais, e um fator não existe sem o outro. A ex-presidente da Associação Atlética de Jornalismo (AAJ) estava presente em todos os jogos universitários e em constante convívio com pessoas de diferentes cursos. “No jornalismo você pode ter o melhor texto e oratória do mundo, mas você também precisa de contatos, até para conseguir manter uma cartela de fontes”, destaca.

Curiosamente, a jornalista que hoje trabalha no G1 e na RPC Paraná, entrou no curso com outros planos em mente. Sua grande aspiração era com a política, e tinha o sonho de seguir nessa área do jornalismo. Porém, após experiências e desilusões com alguns trabalhos anteriores, logo percebeu que as ideias que tinha eram outras na prática. Foi por meio da contação de histórias além da notícia em si que ela verdadeiramente se encontrou. “Isso é o que eu mais gosto. A partir do momento que a gente dá voz para uma pessoa que normalmente não tem, isso já muda completamente a história da pessoa”, conta.

Um exemplo de reportagem marcante em sua vida foi durante o Foca Livre, produto que ela lembra com carinho pelo apreço pela escrita, ainda em sua graduação. Na época, ela havia descoberto a existência de dois bonecos de teste no curso de Medicina da UEPG que custavam mais de 100 mil reais e serviriam para substituir os animais usados nas aulas. Entretanto, ambos não eram utilizados, pois os professores não receberam treinamento para usá-los. Assim, ela escreveu o que chamou de “primeira matéria de repercussão”, devido aos comentários e ataques recebidos. Ali ela havia ficado satisfeita com o próprio trabalho por notar que havia conseguido incomodar e chamar atenção para a causa animal.

Foto: arquivo pessoal/Millena Sartori

Mesmo com toda a correria diária, Millena não trocaria por nada a vida que leva. O fato da profissão estar em constante evolução e adaptação é algo que a cativa por poder fugir da mesmice. Ela gosta de fazer um pouco de cada coisa, foi contratada sabendo disso e gosta da função que exerce na sociedade em buscar histórias além das notícias.

Ficha Técnica

Produção: Vinicius Orza 

Edição: Gabriele Proença 

Revisão: Julia Almeida e Sabrina Waselcoski 

Supervisão de produção: Aline Rosso

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado 

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