Aida Franco de Lima: entre palavras, animais e lutas, a jornalista que fez da escrita um ato de resistência

Egressa em atividade de cinegrafia durante o curso

Crédito: Arquivo pessoal

Nascida em Cianorte, mas registrada em Terra Boa, no interior do Paraná, Aida Franco de Lima, hoje com 51 anos, sempre teve a vida guiada pela escrita e pelo desejo de defender a natureza e os animais. Ainda jovem, descobriu que o caminho para unir sensibilidade e engajamento, seria o jornalismo. Em 1993, ingressou na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), formando-se na turma de 1996. Atualmente, é professora colaboradora da Unicentro, em Guarapuava, e colunista do portal H2Foz, onde segue unindo o texto às suas convicções.

Antes mesmo da universidade, o jornalismo já a havia encontrado. Em Cianorte, onde cresceu, começou a escrever para a Tribuna local, e sentiu na prática o impacto de suas matérias no cotidiano das pessoas. Ali, ainda adolescente, aprendeu que a profissão não se fazia apenas de palavras, mas também de enfrentamentos. Sua demissão após tentar denunciar a matança cruel de cães mostrou-lhe os limites da censura, mas também a potência da persistência: levou a denúncia à RPC e à Folha de Londrina, interrompendo as práticas da carrocinha na cidade.

A escolha pela UEPG foi quase um encontro marcado. Encantada com a ideia do curso desde que via colegas com o moletom escrito “jornalismo”, decidiu prestar vestibular em Ponta Grossa. Aqui, mergulhou de corpo e alma na vida universitária: participou do Centro Acadêmico, esteve à frente da mobilização que mudou o curso do período vespertino para o matutino e viveu intensamente a república estudantil, entre truco nos corredores, festas e amizades que atravessaram décadas. “Foi minha cartilha, meu beabá. Foram anos intensos, impossíveis de comparar a qualquer outra experiência”, resume.

O período na UEPG foi também um divisor de águas para sua visão do jornalismo. Estagiando no jornal João de Barro, envolveu-se com pautas ambientais quando o tema ainda era considerado de nicho. Paralelamente, atuava no Grupo Ecológico dos Campos Gerais, experiência que lhe trouxe não só amizades duradouras, mas a convicção de que o jornalismo é, acima de tudo, uma ferramenta de transformação social.

Concluído o curso, a transição para o mercado aconteceu de maneira natural. Escreveu artigos de opinião que movimentaram debates públicos, assumiu a direção de uma ONG em Cianorte, atuou como assessora parlamentar em Ponta Grossa e, pouco depois, deu início à sua carreira como professora universitária. Mudou-se para Minas Gerais, onde lecionou por cinco anos na PUC Minas, conciliando docência, mercado e vida familiar. De volta ao Paraná, fixou-se na carreira acadêmica e hoje ocupa a cadeira que já foi de um de seus mestres, o professor Edgar Melech, do curso de Jornalismo da Unicentro.

Ao longo da trajetória, histórias marcantes tiveram destaque por conta  da sua escrita. Uma delas foi  de uma mulher em situação de rua, que só aceitava ajuda se pudesse ficar com seus cães. O relato sensibilizou a comunidade, mobilizou doações e transformou a vida daquela senhora, que conquistou casa própria e trabalho. Episódios como esse confirmaram para Aida que o jornalismo que escolheu fazer é aquele que dá voz a quem não tem espaço e transforma vidas pela narrativa.

Hoje, além de lecionar e escrever colunas semanais, Aida se dedica à literatura. Criou a série Guardador de Palavras da Gabi, inspirada nos diálogos com sua filha, baseada em princípios de Comunicação Não-Violenta e Escuta Ativa. Também mantém trabalhos na área de documentários e segue firme como ativista ambiental, como a  jovem que, nos corredores da UEPG, já sonhava em usar o texto para  lutar por um mundo melhor.

Convicta de que os jornalistas formados terão papel decisivo na era das notícias falsas, Aida acredita que a escrita permanece como a identidade essencial do profissional. Para os jovens estudantes que iniciam a caminhada no jornalismo, deixa um conselho: “Não espere o melhor momento nem o melhor equipamento. Antes o feito era perfeito. Escreva, aproveite ao máximo os professores e colegas e crie sua própria voz. O jornalismo ainda é, sim, uma ferramenta para mudar o mundo.”

Ficha técnica

Produção: Sabrina Waselcoski

Edição: Rafaela Tzaskos

Publicação: Juliana Emelly

Supervisão de produção: Aline Rosso

Supervisão de Publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar

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