Programas públicos e privados buscam suprir a alta demanda por fraldas geriátricas em Ponta Grossa

Custo elevado do produto é um problema para os usuários

O uso de fraldas geriátricas está ligado à higiene íntima, ao direito dos cidadãos à saúde de qualidade e à dignidade humana. Elas são utilizadas em sua maioria por idosos, enfermos e pessoas com alguma deficiência. No caso da mãe de Maria Edmara Vaz, que sofreu um AVC há seis anos, desde então necessita do uso de fraldas geriátricas.

A dificuldade para a compra desse material está no seu alto preço de custo. Em março deste ano a reportagem realizou uma pesquisa de preço em seis farmácias da cidade de Ponta Grossa. O item procurado foi o pacote de fraldas geriátricas com 18 unidades de uma marca específica. A média de preço deste produto está em torno de 60 reais. Considerando que o uso é contínuo, e os usuários consomem mais de uma unidade por dia, o resultado seria de no mínimo dois pacotes no mês, um valor que pesa no orçamento de muitas famílias brasileiras.

Em razão disso, torna-se cada vez mais necessária a existência de programas públicos e privados que objetivam a produção e distribuição de fraldas geriátricas. Em Ponta Grossa, existem projetos que realizam esse trabalho, como é o caso da Comunidade Servos dos Pobres e ações do Município em conformidade com a Lei Ordinária 12.978.

Para atender as necessidades da mãe, Maria Edmara Vaz buscou as duas iniciativas. “No começo foi muito difícil. Fui à prefeitura fazer o cadastro para ela, mas não deu certo. Então eu conheci o projeto da Comunidade Servos dos Pobres e assim nós fomos nos virando”. Ela relata que atualmente além do projeto da comunidade, está inscrita no programa de distribuição de fraldas da Prefeitura para auxiliá-la com mais pacotes. Porém, revela que está há mais de dois meses sem receber nada.

O Programa Municipal de Distribuição de Fraldas

Esse programa da Prefeitura é regulado pela Lei Ordinária 12.978, que foi criada em 2017. A distribuição é feita por meio das Unidades Básicas de Saúde e atualmente atende 785 pessoas. Os interessados devem se inscrever atendendo aos requisitos mínimos exigidos pelo município.

A comerciante Ariane de Azevedo comenta que há 14 anos auxilia o pai com a compra de fraldas geriátricas e que com o agravamento da situação de saúde dele, o uso do material passou a ser cada vez mais necessário. No início deste ano, Ariane entrou em contato com a Prefeitura e realizou o processo de inscrição no sistema de distribuição. Porém, assim como Maria Edmara Vaz, até o momento, não foi beneficiada. “Eu fiz em janeiro a inscrição para pegar as fraldas no postinho no final do mês, só que até agora não chegou. Então eu não sei dizer se as fraldas são boas ou não “, relata.

O órgão municipal responsável pela distribuição de fraldas geriátricas é o Centro Municipal de Ostomia e Programas Especiais (CEMOPE). A coordenadora do CEMOPE, Luciana Setim Criminacio, justifica o problema da escassez. “Na verdade, o que aconteceu é que houve um atraso no processo de licitação e, juntamente com o atraso, o estoque que nós tínhamos acabou. Assim, continuamos no aguardo da entrega de uma das empresas responsáveis pelas fraldas”. A coordenadora esclarece, ainda, que o objetivo é regularizar a situação até o final do mês de março.

 

Voluntários realizam o corte e a divisão das fraldas por tamanho. Foto: Maria Cecília Mascarenhas

Projeto social da Comunidade Servos dos Pobres

A iniciativa da Comunidade Servos dos Pobres também teve  início em 2017 e realiza a produção e distribuição das fraldas geriátricas para pessoas em situação de pobreza. O projeto reúne voluntários dispostos a ajudar na confecção, todas as terças-feiras, na Rua José Kalinoski, no bairro Contorno. A cozinheira Juliana de Arruda é voluntária há um ano e comenta sobre uma das muitas histórias que a emocionaram no projeto. “No último relato que recebemos sobre a entrega de fraldas, a esposa estava fazendo fraldas de roupa, e dói muito escutar isso”, diz.

Atualmente, o custo de produção das fraldas está em R$1,50 cada, mas o alto custo para compra da matéria prima é o grande empecilho na produção. Assim, o projeto se viu obrigado a encontrar uma maneira de arrecadar mais dinheiro, e em 2019 se uniu ao programa Tampinhas do Bem, programa que tem por objetivo a arrecadação de tampas de garrafas para a reciclagem e preservação do meio ambiente. Por meio das doações e do dinheiro das tampinhas, a comunidade Servos dos Pobres consegue comprar o material para a produção das fraldas.

Pedro Roberto Ferreira, coordenador da produção, comenta que apenas a arrecadação das tampinhas não supre as demandas do projeto. “Hoje a arrecadação das tampinhas atende apenas 40% do valor das fraldas, o restante temos que nos virar com bingos, doações e assim por diante. Porque infelizmente, as tampinhas ajudam bastante, mas não é suficiente”.

Programa Federal Farmácia Popular

Além desses dois projetos existentes em Ponta Grossa, o programa federal Farmácia Popular iniciou em fevereiro de 2025 a distribuição de fraldas geriátricas para todos os estados do Brasil. A cidade de Ponta Grossa foi contemplada pela iniciativa, e para pegá-las é necessário a apresentação de um documento oficial com foto, levar a receita médica válida pelo SUS ou uma unidade médica particular, ter mais de 60 anos, ou ser  pessoa com deficiência e ter prescrição médica que indique a necessidade do uso de fraldas.

 

Ficha técnica

Produção: Maria Cecília Mascarenhas

Edição e publicação: Sabrina Waselcoski e Larissa Oliveira

Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado

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