Capoterapia quando o corpo movimenta o físico e o mental

Atividade chegou em Ponta Grossa em 2022 com Edenilson Aparecido, o “Mestre Dengue”

A capoterapia tem se mostrado alternativa eficiente para a saúde física e mental de quem a pratica. A melhora na coordenação motora, flexibilidade, equilíbrio, socialização, humor, disposição e memória são os principais benefícios relatados pelos participantes. A atividade é uma vertente da capoeira, adaptada para pessoas com limitações físicas, especialmente idosos ou Pessoas com Deficiência (PcDs). Ela se utiliza da percussão corporal e músicas de cantigas de roda, acompanhada de instrumentos como:  berimbau, agogô, atabaque, pandeiro, caxixi, entre outros. O objetivo é estimular o corpo e a mente de forma lúdica e inclusiva.

História

Edenilson Aparecido, mais conhecido como Mestre Dengue, é o único profissional habilitado para ministrar a Capoterapia em Ponta Grossa. Atualmente, ele atende mais de 300 idosos de diversos bairros da cidade.

 O interesse de Edenilson pela Capoterapia surgiu quando ele chegou à categoria mestre – último nível da capoeira. “Fiquei sem perspectiva de crescimento e a capoterapia chegou como um novo projeto”. Como proposta de estágio para o Curso de Capoterapia do Instituto Brasileiro de Capoterapia (IBC), Edenilson atendeu os funcionários da Casa do Artesão, em frente à Praça Barão do Rio Branco. “A ideia deu muito certo, porque as pessoas começaram a gravar vídeos das aulas e a compartilhar. Logo outros passaram a perceber na Capoterapia uma necessidade real no cuidado com os idosos”, explica. Após concluir o curso, Mestre Dengue se tornou o primeiro e, desde então, único capoterapeuta de Ponta Grossa.

Capoterapia é saúde

Maria do Carmo, carinhosamente chamada de “Carminha”, tem 85 anos e pratica capoterapia há cerca de dois meses na Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI), um programa de extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Para ela, a atividade é leve e envolvente. “A gente canta e se envolve com as músicas e quando repara, já fez vários movimentos”. Para Carminha, o principal benefício à saúde é a melhoria na mobilidade corporal. Ela entrou em 2017 na UATI e permaneceu nos projetos da Universidade Aberta mesmo após a formatura.

Rosilda Maria Formanquevski, 66 anos, também pratica capoterapia e revela que o principal auxílio da atividade veio na saúde mental, após passar por momentos difíceis na vida pessoal. “Estava com depressão desde a morte do meu marido e aqui eu me encontrei novamente”. Desde que começou a praticar, Rosilda ainda não perdeu uma aula. “Me sinto mais feliz, com amigos e isso tudo é muito bom para a socialização”, observa.

Um estudo produzido na Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), envolvendo 15 idosos praticantes da capoterapia, revela que a atividade física traz melhoria no bem-estar, diminuição das dores, equilíbrio físico e mental, flexibilidade corporal e convívio social, assim como revelaram as fontes entrevistadas.

Aulas

Após conhecer a Capoterapia, a coordenadora da UATI, Rita de Cássia, viu na prática uma oportunidade inovadora para os idosos da Instituição. Interessada, procurou o Mestre Dengue e decidiu incluir a modalidade como disciplina regular. “No início não conseguimos o número mínimo de alunos necessários [oito] para fechar uma turma, porque ninguém sabia o que era a Capoterapia”, relembra. “A percepção mudou após a aula inaugural: a procura aumentou tanto que novas matrículas precisaram ser suspensas. Está sendo muito interessante, devido à limitação do espaço físico”, explica. Hoje, duas turmas com cerca de 25 participantes estão ativas.

Além da UATI, o Mestre Dengue ministra aulas gratuitas de Capoterapia em mais quatro pontos da cidade. Na Vila Liane, 31 de Março, Pitangui e em Olarias. Além dos atendimentos coletivos e gratuitos em espaços públicos, ele também oferece aulas particulares.

 

 

Ficha técnica

Produção: João Vitor Bobato

Edição e publicação: Sabrina Waselcoski

Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado

Skip to content