
A cidade possui dois acervos que marcam gerações e preservam a memória e a produção cultural local
Os sebos culturais são espaços de referência para as memórias da sociedade. A “casa” dos livros, CDs, discos de vinil, chaveiros, miniaturas e gibis é uma opção para as pessoas que gostam de adquirir artigos raros e nostálgicos. Segundo um artigo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), os primeiros sebos surgiram na Europa, no século XVI, quando os mercadores começaram a vender papiros e documentos da época aos pesquisadores. O termo vem do tempo em que não havia energia elétrica, em que a cera das velas, que servia para iluminar as casas, ensebava os livros.
A tradição do garimpo é antiga, mas os apreciadores de objetos usados também buscam estes locais para comprar produtos mais baratos e, com isso, os sebos também incentivam a leitura, a preços mais acessíveis, ao público consumidor.
Em Ponta Grossa existem dois sebos culturais, um localizado na praça Barão de Guaraúna e o outro na rua Quinze de Novembro. As duas lojas são heranças da mesma família. O responsável pelos sebos, Ademir Iglecias Garcia, diz que os locais estão presentes na cidade há mais de 20 anos, mas que a história teve início há 30, em Londrina (PR). Ele afirma que o público é diversificado e que há muita procura, principalmente pelos livros. Observa que é, ainda, um desafio resistir à digitalização dos meios. “Uma das principais concorrências são as vendas on-line por parte de grandes plataformas de literatura”. Garcia acrescenta, também, que foi necessário aderir ao formato digital de vendas para atrair mais o público local.
Ainda que o comércio on-line de produtos antigos tenha disparado nos últimos anos, em razão do crescimento de ofertas pela internet, há pessoas que preferem ir às lojas para comprar antiguidades e aos sebos, onde encontram quase tudo. O cliente fiel do sebo da rua XV, Caio Ries de Siqueira, frequenta o lugar desde 2009. Para ele, a experiência de garimpar surge do efeito de encontrar nas estantes os objetos que ele considera como verdadeiros tesouros. “Tenho uma preferência em sebos físicos, pois tenho um apreço em procurar os itens com minhas mãos e olhos”. Siqueira também diz que já fez algumas descobertas raras, como é o caso de uma revista em quadrinhos do Homem-Aranha de 1991, uma edição comemorativa do Peter Parker com Mary Jane.
Públicos de todas as idades podem encontrar artigos nos Sebos Culturais
Os sebos revelam parte da história e muitos dos valores culturais da sociedade, representados pelos itens que comercializam. O vendedor Leonardo Lopes afirma que há produtos que só são encontrados nos sebos e que, por isso, têm valores sentimentais para os clientes. “Tem muita coisa que vem de coleção ou são itens antigos e que não são encontrados em outros lugares”. Ele observa que os sebos não servem apenas para encontrar livros, mas também fitas cassete, toca discos e jogos.
Os sebos têm muitos atrativos. Além do baixo custo, existe a facilidade de encontrar itens colecionáveis como mangás e gibis. A estudante de Serviço Social Bianca do Rocio Cipriano começou a frequentar sebos antes da pandemia de COVID-19. Para ela, os preços baixos colaboram para que tenha acesso aos livros que são caros em sites de venda. “Me atrai muito os preços, além da nostalgia em garimpar na loja física”.
Nos sebos, é possível que as pessoas realizem venda direto de livros e demais produtos. Mas, também, podem fazer trocas. Os valores dos livros, por exemplo, são calculados pelo título, autor e estado de conservação.
Acervos dos espaços culturais tem livros com opções variadas de preços incentivando a leitura acessível e prática.
Ficha técnica
Produção: Fernanda Matos e Larissa Oliveira
Edição e publicação: Ester Roloff
Supervisão e produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado