Cibersegurança: Brasil sofre cerca de 3 mil ataques por semana em 2024

Número de ciberataques no Brasil quase dobrou nos últimos anos, segundo Check Point Research. Foto: Rafaela Tzaskos

Levantamento realizado pela Check Point Research revela crescimento no volume de ciberataques direcionados a organizações brasileiras em 2024. No segundo trimestre, foi registrada uma média de 2.754 ataques semanais por organização, o que representa aumento de 67% em relação ao mesmo período de 2023, quando a média era de 1.645 ataques por semana.

No terceiro trimestre de 2024, o cenário se mostrou ainda mais crítico: a média semanal subiu para 2.766 ataques e configura um aumento de 95% em comparação ao terceiro trimestre de 2023, que teve média de 747 ataques semanais. Os dados  indicam aumento na frequência e sofisticação das ameaças cibernéticas no país, além de destacar a vulnerabilidade das infraestruturas digitais e a crescente pressão sobre organizações públicas e privadas para o fortalecimento de suas políticas de segurança da informação.

Para o analista de segurança da informação, José Ricardo Baptista, o Brasil se tornou um dos países mais visados por cibercriminosos devido à sua relevância no cenário internacional e à baixa conscientização sobre segurança digital. “O Brasil vem se preocupando com a cibersegurança nos últimos anos, mas anteriormente era um assunto negligenciado. Isso criou brechas significativas na proteção digital, o que acaba atraindo ainda mais os atacantes”, explica.

Brasil é o terceiro país com mais profissionais de cibersegurança no mercado de trabalho. Foto: Rafaela Tzaskos

Profissionais

O Brasil alcançou o terceiro lugar no ranking de profissionais de cibersegurança no mercado de trabalho entre maio de 2023 e maio de 2024, segundo relatório do Linkedin Economic Graph. O país teve uma crescente de 4,5% e perde apenas para a Espanha, líder do ranking, com 5,5%, e Alemanha, segunda colocada, com 4,7%. “Ao longo dos últimos anos, a preocupação das organizações com a cibersegurança aumentou significativamente, devido à crescente de ataques realizados por cibercriminosos. Dessa forma, a contratação de profissionais qualificados tornou-se necessária”, argumenta Baptista.

Pandemia

A rápida adoção do trabalho remoto, impulsionada pela pandemia de Covid-19, expôs fragilidades nas infraestruturas das empresas. Muitas  corporações passaram a permitir o acesso a dados sensíveis por meio de dispositivos pessoais sem as devidas proteções, o que aumentou significativamente os ataques. Segundo uma pesquisa da empresa Marsh, encomendada pela Microsoft, houve um aumento de 148% nos ataques de ransomware – quando um tipo de software malicioso bloqueia o acesso a dados e sistemas, em que os criminosos exigem o pagamento de um resgate para que eles sejam liberados – em março de 2020. Em contraste, apenas 16% das empresas brasileiras haviam ampliado seus investimentos na área de cibersegurança. Diante desse cenário de crise, a cibersegurança tornou-se uma das principais preocupações no mundo corporativo, o que refletiu no crescimento da área no Brasil nos anos seguintes.

LGPD

Além da crescente preocupação das empresas com a proteção de seus dados e sistemas, o governo brasileiro também passou a atuar de forma mais incisiva no fortalecimento da cibersegurança, especialmente por meio de legislações específicas. Um dos marcos mais importantes nesse cenário é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sancionada em 2018 e em vigor desde 2020.

Inspirada no Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia, a LGPD estabelece diretrizes para a coleta, armazenamento, tratamento e compartilhamento de dados pessoais, tanto por empresas quanto por órgãos públicos. A legislação visa garantir maior transparência e controle para os cidadãos sobre o uso de  informações pessoais, além de impor às organizações a responsabilidade de adotar medidas técnicas e administrativas eficazes para prevenir vazamentos e acessos indevidos. Com isso, a LGPD eleva o padrão de segurança digital no país e reforça a confiança dos consumidores nas empresas.

Futuro na cibersegurança

A evolução da área de cibersegurança no Brasil é notável e a previsão é que se torne um assunto mais consolidado no país. “Embora ainda existam diversos pontos a serem melhorados, acredito que o Brasil tem avançado significativamente nos últimos anos nesse campo. A expectativa é de que o Brasil ainda se torne um dos países considerados como referência no cenário global de cibersegurança”, avalia o especialista.

Esta reportagem integra uma coletânea de livro-reportagem investigativo. Este capítulo trata do aumento dos ataques cibernéticos. Acompanhe no Periódico as próximas publicações.

Ficha técnica

Produção: Rafaela Tzaskos

Edição e publicação: Eduarda Gomes, Yasmin Taques e Gabriele Proença

Supervisão de produção: Hendryo André

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado

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