Michelle de Geus queria cursar Publicidade e Propaganda, mas encontrou no Jornalismo sua verdadeira paixão. Paralelamente à graduação na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), cursava Administração com ênfase em Marketing em uma faculdade particular, o que tornava sua rotina extremamente puxada. “Teve um período em que eu dormia um dia sim e um não para dar conta das duas faculdades e do TCC”, relembra. Inclusive, escreveu dois trabalhos de conclusão de curso ao mesmo tempo.
Sua turma foi uma das últimas do curso de Jornalismo a estudar no período matutino. Michelle relembra que a instituição tem um ensino diferenciado: “A UEPG nos ensina a pensar, não apenas te dá as ferramentas”. Ao longo da graduação, participou ativamente da Semana de Comunicação, aproveitando as atividades também para conseguir horas complementares. Destaca com carinho a produção de um curta-metragem durante uma oficina voltada ao cinema, um dos momentos mais divertidos da graduação, que realizou com colegas com quem mantém contato até hoje. Também fez atividades com rádio, mas se identificava mais com o cinema.

Nos últimos dois anos do curso, a turma só teve férias no período do Natal e Ano Novo para compensar o período sem professores. Foto disponibilizada por Michelle Geus.
Michelle conta que não conseguiu participar de projetos de extensão por conta da outra faculdade. Ainda assim, esteve engajada nas ações do curso, especialmente na Semana de Integração e Resistência, em que lutavam contra o desmonte da UEPG. A turma enfrentou sérios problemas com a falta de professores concursados. Um dos docentes estava emprestado à assessoria do estado e outra professora realizava tratamento contra câncer. O departamento havia informado que priorizaria os alunos do terceiro e quarto ano, mas com medo de que a situação se arrastasse, os estudantes iniciaram um acampamento em frente à universidade, protestando contra a má administração do governo do Paraná.
Michelle lembra que, entre os dois últimos anos, a turma só teve férias no período do Natal e Ano Novo, tudo para que conseguissem se formar no tempo previsto. Apesar das dificuldades, ela guarda com carinho os professores que marcaram sua trajetória, como Silvio Demétrio, responsável pelas disciplinas de Teorias da Comunicação e Psicologia da Comunicação, as quais ela mais gostava, por ser um conteúdo mais teórico. Também criou laços com os professores de Rádio e Fotografia. A professora Vanessa Zappia, que na época coordenava a revista Nuntiare, também foi uma figura importante durante o curso para Michelle

“O jornalismo não é só escrever ou falar. É, antes de tudo, ouvir”. Foto disponibilizada por Michelle Geus.
Ela recorda com humor as aulas da professora Hebe, especialmente quando, ao entregar um texto para leitura, deixou do lado de fora quem não havia lido. “Ficamos dois ou três alunos na sala. A partir dali, aprendi a ler os textos da Hebe”, conta rindo. Entre os trabalhos marcantes do curso, destaca a produção de uma radionovela, experiência que considera muito divertida.
Ao mesmo tempo, Michelle também se sentia motivada pelas disciplinas práticas, onde podia “colocar a mão na massa” e vivenciar o jornalismo de forma mais concreta. Foi nesse equilíbrio entre teoria e prática que ela encontrou sua verdadeira paixão pela profissão. “O jornalismo não é só escrever ou falar. É, antes de tudo, ouvir. Ouvir com atenção, com empatia, entender as histórias das pessoas, suas dores, suas lutas. É se colocar no lugar do outro”, reflete.

Foto disponibilizada por Michelle Geus.
Hoje, mais de 20 anos após sua entrada na UEPG, Michelle reflete sobre o que ficou da graduação. “Depois de tanto tempo, o que marca mesmo são as risadas, o companheirismo com os colegas e professores. São essas memórias que permanecem”, afirma. Para ela, o jornalismo vai além de escrever ou falar: “a UEPG te ensina a pensar o mundo”, completa.
Michelle se formou no curso de Jornalismo da UEPG em 2005 e se especializou em produção de livros e revistas. Atualmente trabalha na revista D’Ponta em Ponta Grossa, além de prestar serviços para uma agência de comunicação de São Paulo.
Ficha técnica
Produção: Rafaela Conrado
Edição: Mariana Krankel e Rafaela Tzaskos
Revisão: Juliane Goltz
Supervisão de produção: Aline Rosso
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar
