Adriano Rattmann entrou no curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa em 1992, mas já tinha em mente o sonho de se formar e trabalhar com esportes, especialmente futebol. Mais de três décadas depois, essa escolha continua sendo a linha condutora de sua trajetória. Movimentos estudantis na universidade o levaram à produções internacionais e à direção de uma agência de comunicação consolidada em Curitiba.
Durante os anos de graduação, Adriano foi um estudante inquieto. Não se limitava às salas de aula, presidiu o Centro Acadêmico, conhecido pelo apelido irreverente de “Os Barbudões”, participou do Comitê Nacional de Estudantes de Comunicação e atuou em mobilizações que mudaram a rotina do curso. Junto à seus colegas, realizou o movimento de transferências das aulas do período da tarde para a manhã, além da articulação pela liberação dos estágios que eram proibidos.
Seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) já revelava o olhar criativo e a vontade de explorar novas possibilidades. Ele criou o “Caminhos de Tibagi”, um projeto de divulgação do turismo ecológico da região, inspirado nos finais de semana no Guartelá, entre fogueiras, violão e céu estrelado com amigos. Com apoio da prefeitura, Adriano filmou a natureza local e fez registros de cachoeiras, fazendas e trilhas. Por pouco não seguiu carreira em turismo, mas, ao mudar-se para Curitiba, o futebol falou mais alto.

Adriano autografa seu livro bibliográfico sobre a trajetória de Caio Júnior, na Biblioteca Pública do Paraná. Crédito: Arquivo Adriano Rattmann
Sem conhecer ninguém da área, após a formação, decidiu empreender. Criou um jornal sobre jogos de futebol em formato de campo, com escalações e curiosidades históricas sobre os times. Ele saiu à procura de patrocinadores de porta em porta, até que o dono de uma escolinha de futebol decidiu ajudar. Por um tempo, Adriano vendeu o conteúdo em um estádio de futebol para torcedores. Depois, passou em um teste para trabalhar na Gazeta do Povo no jornal ‘Nosso Bairro’, e logo conquistou espaço na editoria de esportes. O passo seguinte foi decisivo, Adriano recebeu convite para ser assessor de imprensa do Coritiba Foot Ball Club, tornando-se um dos pioneiros da função em clubes brasileiros.
A experiência no esporte cresceu. Trabalhou por seis anos na Secretaria de Esportes e, paralelamente, fundou sua própria agência. Criada em 2003 a empresa chamada Habilidade Estratégia de Comunicação, se tornou a Ace Comunicação em 2005 e, desde então é referência em assessoria, conteúdo e comunicação institucional. Hoje, ao lado da esposa, Simone Bello, também jornalista e sócia, Adriano coordena a agência em um modelo flexível, com equipe home office e escritório em casa. “Ganhamos tempo, não ficamos no trânsito e conseguimos trabalhar de qualquer lugar”, comenta.
Apesar de trabalhar com assessoria,projetos ligados ao futebol ainda marcavam sua carreira. Em 2004, foi por conta própria às Olimpíadas de Atenas, registrou o drama e a superação de Vanderlei Cordeiro de Lima, o atleta brasileiro que liderava a maratona quando foi interrompido por um trapaceiro, e transformou as imagens em um documentário vendido à Secretaria de Educação. Em 2016, produziu outro documentário, desta vez sobre atletas paranaenses nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro.
Seu trabalho de maior projeção internacional veio com o filme Alex Câmera 10, produção que acompanhou por dois anos a trajetória do ex-jogador da Seleção Brasileira Alexsandro de Souza, atual treinador do Operário. A produção, que chegou aos cinemas em 2020, teve pré-lançamento em Curitiba, em 2017, em um evento que reuniu grandes nomes do futebol brasileiro. Hoje, está disponível em plataformas de streaming em 55 países. “Tenho muito orgulho desta produção, porque me possibilitou viver experiências únicas e conhecer muitas pessoas através do trabalho”, resume Adriano.
Ainda falando de projetos importantes, Adriano destacaa biografia do treinador Caio Júnior, vítima do acidente aéreo com a Chapecoense em 2016 e amigo pessoal. O livro foi escrito durante a pandemia, com cerca de 200 entrevistas coletadas em diferentes estados e lançado em 2024. Para Adriano, além de uma homenagem, a obra abriu novas portas profissionais: “As pessoas passaram a me procurar para escrever suas biografias”. Para ele, resgatar histórias do esporte é algo que lhe gera gratificação.
Com quase 30 anos de carreira, Adriano Rattmann se mantém fiel à paixão que o guiou desde a juventude. Em reflexção sobre o jornalismo e os dias atuais, Adriano pontua,“Quando me formei, era preciso uma equipe inteira para produzir conteúdo para TV. Hoje, realizamos tudo com o celular”, reflete sobre os novos tempos. Para ele, hoje todo mundo pode produzir conteúdos, mas o grande diferencial do jornalista é a responsabilidade com a informação. “O desafio das universidades é formar profissionais atentos em meio às redes sociais e à desinformação”, avalia Adriano.
Entre viagens, gastronomia, esportes e o trabalho diário na Ace Comunicação, Adriano segue acumulando histórias próprias e de tantos outros personagens do esporte brasileiro. Desde os tempos de estudante sabe que a boa comunicação não se faz apenas atrás de uma mesa, mas no movimento de quem transforma curiosidade em narrativa.
Ficha técnica
Produção: Emanuely Almeida
Edição: Ester Roloff, Eduarda Gomes de Paula
Revisão: Amanda Stafin
Publicação: Sabrina Waselcoski
Supervisão de produção: Aline Rosso
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar
