A fundadora da Casa de Apoio Solar, Neusa Nunes de Athaides, 56 anos, criou em 2014 a instituição que hospeda pacientes em tratamentos oncológicos e seus familiares. Mais do que uma casa de passagem, a entidade se propõe a ser um lar temporário que atende quem enfrenta a dura batalha contra o câncer. Sempre engajada em causas sociais, Neusa vê nesse trabalho a possibilidade de transformar vidas. Ao perceber as dificuldades enfrentadas por quem vem a Ponta Grossa para realizar tratamentos contra o câncer, decidiu investir na iniciativa e, há 11 anos, concilia a rotina familiar com o trabalho em uma clínica de estética.
A Solar tem capacidade para acolher, simultaneamente, 40 pessoas. Mas, segundo Neusa, manter o espaço em funcionamento exige esforço constante. A casa não recebe apoio financeiro de órgãos públicos e depende do voluntariado para manter as atividades. “Quando comecei, tinha uma poupança e investi tudo. Na pandemia, vendi o meu carro. Não me arrependo. Faria tudo de novo se fosse preciso”. Uma mulher de fé, encontra em Deus a certeza de que nunca faltará o essencial. “Ele nos ajuda de uma forma ou de outra”, diz.
Um episódio marcante na vida de Neusa, foi quando surgiu um imprevisto: uma paciente precisavar de um remédio do mesmo valor da conta de luz da entidade. Sem hesitar, decidiu priorizar a saúde da mulher e comprou o medicamento. No mesmo dia, uma visitante apareceu na instituição com o desejo de ajudar a Solar. Para a surpresa dela, a mulher doou o valor correspondente à tarifa de luz. Neusa conta que o episódio serviu como fortalecimento pessoal.
A rotina na Casa Solar é marcada pela constante rotatividade dos pacientes. Alguns se hospedam por meses, semanas, dias; enquanto outros permanecem por horas. Durante a estadia, recebem seis refeições diárias e o acompanhamento de psicólogo, auxiliar de enfermagem e de uma assistente social, a única funcionária efetiva da instituição. Atualmente, a instalação conta com 12 voluntários, entre profissionais da saúde, limpeza e cozinha, que contribuem para o funcionamento da casa. A entidade também soma com a parceria do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Monitoração Eletrônica (Nupem), os quais são responsáveis pela limpeza do quintal da instituição.
Relatos
Uma das histórias que mais emociona a fundadora é a de uma mulher de Boa Ventura de São Roque. Abandonada pelo cônjuge enquanto cuidava de um filho com deficiência, ela encontrou na Solar a motivação para enfrentar o tratamento contra o câncer. “Ela me disse que precisou ter câncer, vir para Ponta Grossa e me conhecer para deixar de ter vergonha de quem era. Isso a ajudou a ter autoestima e amor próprio”.
No entanto, nem todas as histórias são de superação. Neusa recorda-se de quatro mulheres jovens que, aos 24, 27, 34 e 42 anos, não resistiram ao tratamento contra o câncer. Todas haviam sido abandonadas pelos companheiros e, sem apoio familiar, perderam a motivação para lutar pela vida. “Elas não tinham forças para viver, porque não recebiam amor em casa. Só o amor faz a vida valer a pena”.
Entre as perdas e as dificuldades enfrentadas no dia a dia, a fundadora da entidade mantém convicção em oferecer o melhor possível a cada paciente que passa pela Solar. “Eu cuido da casa como se fosse minha. Não podemos mudar o mundo, mas uma pessoa a menos sofrendo, já faz a diferença”, finaliza.
Atendimento
Os atendimentos da Casa de Apoio Solar acontecem por meio de encaminhamentos das secretarias municipais de saúde, de segunda a sexta-feira. A instituição está localizada na rua Rio Grande do Sul, 400, Órfãs, em Ponta Grossa.

Créditos: João Bobato
Ficha Técnica
Produção: João Bobato
Edição e publicação: Amanda stafin
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão e publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado
