Rede de apoio emocional e terapêutico é indispensável para vítimas de abuso

Psicólogas afirmam que terapia é eficaz para situações traumáticas. Foto: Marina Ranzani

A rede de apoio é essencial para o processo de cura psicológica após algum caso de violência sexual.  Em casos como esse, a vítima carrega consigo desafios emocionais que dificultam a sensação de acolhimento. A rede de apoio oferece para as vítimas um local onde possam compartilhar suas dores e deslocá-las para os verdadeiros culpados: os agressores.

Para a psicóloga Bianca Elisa Kubiak Martynychen, o suporte emocional em conjunto do ambiente aberto para a expor seus sentimentos, validando a dor das vítimas de forma respeitosa, são essenciais após um episódio de agressão. “Amigos e familiares podem ter um papel essencial. O mais importante é oferecer acolhimento, escutar sem julgamentos e nunca pressionar a vítima a falar ou ‘superar’ rápido. Frases como ‘eu acredito em você’, ‘você não tem culpa’ e ‘estou aqui para o que precisar’ fazem toda a diferença. Demonstrar apoio com atitudes simples, respeitar o tempo da pessoa e incentivar sem forçar a busca por ajuda profissional são formas poderosas de contribuir para a recuperação emocional e da confiança no mundo”, afirma a psicóloga.

Uma vitima de violência sexual, que o nome foi omitido para preservar sua identidade, se dispôs a dar uma entrevista para o Periodico da UEPG. Para ela, o apoio emocional de amigo, familiares e de uma profissional foram imprescindíveis para superar momentos difíceis . “Eu demorei muito tempo para conseguir expressar para minha psicóloga sobre como eu me sentia, fiquei com dificuldades de confiança após o trauma, fiz anos de tratamento, hoje em dia eu consegui voltar a confiar nas pessoas. Passei por momentos psicológicos muito difíceis, depois do caso achava que não conseguia mais seguir em frente com minha vida, mas o que me fez mudar essa percepção foi o suporte emocional de familiares, amigos e da minha psicóloga. É claro que a própria pessoa tem que estar disposta a tentar se ajudar mas o que faz ela querer é o apoio emocional. Hoje estou bem, é claro que existem momentos que são difíceis, pois um trauma não é esquecido, mas se aprende a lidar melhor com ele e faz com que ele não atrapalhe sua vida”, diz a vítima.

A psicóloga Lílian Yara de Oliveira Gomes conta relatos de pessoas  que sofreram abuso e violência sexual por pessoas que ocupam cargos de comando no trabalho, ambiente escolar e universitário. “Nós não podemos nos calar frente a essa realidade. Vejo como importante palestras de conscientização acerca desse tema, para que uma vez tomado conhecimento, as pessoas se encorajem a denunciar “, ressalta.

A psicóloga Bianca aconselha a procura de apoio dentro e fora do ambiente acadêmico e de trabalho quando a pessoa se depara com uma situação de violência sexual e de abuso nesses ambientes. “Muitas universidades têm serviços de apoio psicológico, ou ouvidorias, que podem proporcionar um espaço seguro para conversar e receber orientação. Além disso, é importante lembrar que a violência sexual não é culpa da vítima, e que nenhum espaço, como a universidade, justifica esse tipo de comportamento. comenta ela.

As psicólogas reforçam que as vítimas devem procurar ajuda, não apenas para lidar com o trauma, mas para conseguir retomar o controle da sua vida e seu bem-estar. A procura de um especialista,não significa que seja necessário compartilhar o relato imediatamente, mas sim que seja um espaço de acolhimento e segurança.

Esta reportagem faz parte de uma coletânea de livro-reportagem investigativo. Leia o capítulo anterior aqui. Acompanhe o site do Periódico para as próximas atualizações.

 

Ficha técnica

Produção: Giovana Guarneri

Edição e publicação: Sabrina Waselcoski

Supervisão de produção: Hendryo Anderson André

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado

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