Restrição dos celulares gera impacto no aprendizado e no bem-estar dos alunos dentro do ambiente escolar

Segundo levantamento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 90% dos jovens estão conectados à internet, e 95% utilizam o celular como principal dispositivo de acesso. Foto: Luiz Cruz

A proibição do uso de celulares em sala de aula pela Lei 15.100, sancionada no dia 13 de janeiro de 2025, gerou debates sobre os impactos dessa medida no ambiente educacional e nas relações sociais entre os alunos. O novo decreto tem como objetivo controlar o uso excessivo da tecnologia nas escolas para proteger a saúde mental, estimular a interação social e garantir a concentração e o aprendizado das crianças e adolescentes. No entanto, a implementação dessa regra causou reações diferentes entre educadores, psicólogos e profissionais da área.

A medida, apesar de ser vista como alternativa de melhorar o desempenho e a saúde dos alunos, está longe de ser unânime. Enquanto alguns professores acham que a restrição total é a melhor decisão, uma outra parcela de educadores acha que deve haver um equilíbrio entre a necessidade de foco na aprendizagem e o bem-estar digital dos estudantes.

Para a professora Priscila Mocelin, que leciona artes no Colégio Cívico Militar Frei Doroteu de Pádua, a proibição teve efeitos positivos no comportamento dos alunos. Ela relata que, antes da medida, os alunos frequentemente se distraíam com os celulares durante as aulas, o que dificultava a concentração nas atividades. “Eles sempre davam um jeito de ver o celular, o que comprometia o foco na matéria, mas agora estão aprendendo a não sentir tanta falta do aparelho”, contou a professora. Ainda segundo Priscila, certos docentes decidem liberar o uso de celulares em tarefas específicas. “Alguns professores liberam para uso pedagógico, mas a orientação geral é para que os aparelhos não sejam utilizados, educadores e funcionários devem ajudar na fiscalização”, acrescentou Priscila.

O psicólogo Kleiton Augusto, da clínica Alter Ego, especialista no acompanhamento com adolescentes, traz uma perspectiva voltada ao impacto dessa proibição no comportamento dos jovens. Para ele, a medida pode ser benéfica ao estimular uma maior interação social entre os estudantes. “Ao proibir o celular, cria-se um ambiente mais propenso à interação social verdadeira, o que é positivo para o desenvolvimento emocional dos adolescentes”, acrescentou o doutor. Além disso, ele ressaltou que o uso excessivo de tecnologia pode gerar sérios problemas psicológicos nos jovens, como estresse, ansiedade e até depressão. Segundo Kleiton, a dependência no celular pode levar a sintomas de abstinência quando o dispositivo não está disponível. O psicólogo, no entanto, acredita que a solução não é necessariamente a restrição total. “Reduzir o tempo de uso e oferecer atividades alternativas mais atraentes pode ajudar a desenvolver um uso mais equilibrado da tecnologia, sem a necessidade de uma proibição completa”, explicou.

Daniele Batista Mendes de Almeida, mãe da Juliana Mendes que está atualmente no 7° ano do Ensino Fundamental, acredita ser uma boa ideia ter um equilíbrio nas escolas entre a tecnologia e o aprendizado. “Com esse equilíbrio, a escola oferece melhores alternativas para os alunos interagirem e socializarem com outras pessoas, praticarem atividades físicas e momentos de leitura”, comentou a mãe. Ela ainda relatou que as crianças não têm plena consciência do impacto do uso excessivo dos celulares no dia a dia. “Eles não têm nenhuma noção que isso acarreta em  muitos problemas, não aproveitando as oportunidades e momentos de lazer com amigos e família”, acrescentou Daniele.

Esta matéria  integra uma coletânea de livro-reportagem investigativo. Este capítulo trata do impacto da restrição dos celulares nas escolas. Continue acompanhando as próximas publicações para os demais desdobramentos.

Ficha técnica

Produção: João Ricardo Fogaça

Edição e publicação: Gabriele Proença, Juliane Goltz e Luiz Cruz

Supervisão e produção: Hendryo Anderson André

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado

 

 

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