Falta de segurança às mulheres repercute na UEPG

Estudantes de educação física ficam apreensivos com a falta de iluminação no bloco G. Foto: Giovana Guarneri

 

Alunas sentem insegurança após o caso de violência sexual que ocorreu dentro da universidade  

No dia 6 de maio de 2024, em uma sexta-feira à noite, por volta das 18h30, uma funcionária da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) sofreu um estupro dentro do Bloco G do campus Uvaranas. O caso estava sendo divulgado como tentativa de estupro, porém, depois de alguns dias do acontecimento, a delegada caracterizou o caso como estupro, pois a vitima teve lesões e uma parte de sua roupa foi tirada.
De acordo com uma reportagem do G1, na época, o homem estava armado com um canivete e atacou a funcionária três vezes com golpes de “mata-leão”. Ela conseguiu se salvar com a ajuda de universitários que chamaram a polícia. A Polícia Militar fez buscas no local, mas não encontrou o suspeito, porém, um inquérito foi aberto para a investigação do caso.
Segundo o boletim de ocorrência, ela estava no bloco do curso de Educação Física, nos fundos no bloco G, quando foi abordada por um rapaz que aparentava ter cerca de 20 anos.
A UEPG tem atualmente mais de 7 mil estudantes matriculados no ensino presencial e a distância. Mais de 1 mil professores e servidores. De acordo com dados oficiais, as instalações do campus Uvaranas têm, em média, mais de 1,1 milhão de metros quadrados. A instituição relata que trabalha com vigilantes efetivos e terceirizados.
É um local muito grande e que tem algumas áreas afastadas, com gramado e também algumas partes vazias. Tirando o fato que a iluminação não é o suficiente por conta dos espaços vazios. As estudantes falam que o grande medo é ficar esperando o ônibus dentro da universidade, pois, às vezes, demora e é um local que à noite fica vazio em alguns horários.
O Bloco G é um dos blocos mais distantes, como ele é do curso de Educação Física possui ginásios, campos e quadras então ele é grande e assim fica mais difícil ainda a iluminação e a segurança do local.

Iluminação da UEPG no período da noite é um assunto que preocupa os estudantes. Foto: Giovana Guarneri

No dia do ocorrido, o Bloco G tinha apenas uma câmera de segurança e assim acabou não registrando o acontecimento. Houve uma conferência no dia seguinte do caso e o vice-reitor da UEPG, Ivo Mottin Demiate, afirmou que iria ocorrer instalações de câmeras e melhorias na iluminação da universidade. Na conferência, o comandante do 1º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Alexandre Dias Lopes, falou que vai reforçar o policiamento dentro do campus de Uvaranas. Depois da conferência a UEPG fez seu pronunciamento.
A RPC fez algumas entrevistas em 2024 com alunas da universidade que falaram que se sentiam inseguras com a má iluminação.
Neste ano, uma reportagem do Periódico verificou que os relatos das estudantes continuam parecidos: “Percebi a instalação de novos postes de iluminação no entorno do bloco, apesar disso, não me trouxe uma sensação real de segurança, continuo me sentindo insegura da mesma forma. Algumas professoras conversaram com a turma e nos orientaram a evitar circular sozinhas entorno do bloco, principalmente à noite e teve uma professora que passou o contato da Guarda para emergências, isso foi o máximo que fizeram”, conta a acadêmica do curso de licenciatura em Educação Física Nicheli Fornazzari de Souza.
“Senti o impacto que o caso teve no bloco, por mim como mulher sempre chego no horário da aula e não saio de dentro das áreas e isso é uma ação que tomei depois do caso de estupro dentro da UEPG. Em torno da universidade também sinto receio em andar sozinha até mesmo de dia e evito o máximo”, relata a acadêmica de licenciatura em Educação Física Bianca Henneberg Reis.
A mídia durante o acontecimento trouxe uma grande visibilidade para o caso, porém não mostrou o desfecho dele, se o homem foi encontrado ou não e o que se deu do caso. Apenas mostraram o pronunciamento da UEPG e também não mostraram se as ações foram cumpridas.
Essa reportagem integra uma coletânea de livro-reportagem investigativo. Este capítulo investiga  a segurança da mulher dentro do meio universitário, Acompanhe no Periódico as próximas publicações.

 

Ficha técnica

Produção: Giovana Guarneri

Edição e publicação: Amanda Stafin, Isabele Machado, Larissa Oliveira e Maria Cecília Mascarenhas

Supervisão de produção: Hendryo  André

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado

Skip to content