Dados indicam crescimento de 17,07% no saldo de empresas no Paraná
Cada vez mais pessoas procuram alternativas para escapar do trabalho com carteira assinada e conseguir liberdade financeira, tão desejada por aqueles que enfrentam jornadas trabalhistas cansativas. Atualmente, existe um setor expressivo do mercado que vai contra a escala 6×1, e que encontram no trabalho autônomo uma alternativa de sustento mensal. A opção, entretanto, embora possa parecer uma solução, também passa pela informalidade. A pauta ganhou notoriedade quando, em 2024, Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que propõem o fim da escala de trabalho 6×1 e a redução da jornada de trabalho semanal foram debatidas no Congresso Nacional.
No primeiro semestre do ano, o Paraná registrou um crescimento de 17,07% no saldo de empresas em relação a 2024. O número representa a diferença entre o total de empresas abertas (189.808) e o de empresas baixadas (109.650). Assim, o saldo destes seis primeiros meses ficou em 80.158, contra as 68.473 do ano passado. Os dados foram divulgados pelo painel mensal da Junta Comercial do Paraná (Jucepar), e indicam que 11.685 Cadastros Nacionais de Pessoa Jurídica (CNPJs) prosperaram.
Os dados podem estar relacionados a uma iniciativa que acelera a abertura de empresas no Paraná sem a autorização prévia de órgãos públicos. No dia 31 de janeiro de 2024, o Selo de Baixo Risco foi implementado. Por meio do programa Descomplica Paraná, o Decreto de Baixo Risco 3434/23 foi publicado, que regulamenta a Lei Estadual 20436/20, também conhecida como Lei de Liberdade Econômica. O Selo é uma iniciativa que visa dispensar empresas de atividades econômicas consideradas com “baixo potencial de impacto” da necessidade de apresentar alvarás de funcionamento.
Trabalho autônomo
Fabiana Ferreira é um exemplo de trabalhadora autônoma com CNPJ. A confeiteira se encontrou desamparada há cerca de 11 anos com uma casa e três filhos para sustentar, mas sem um emprego estável. Mal ela sabia que uma oportunidade, a princípio quase como um favor, mudaria o futuro dos seus próximos anos. Um vizinho, na época, pediu um bolo com cobertura de chantili e morango para Fabiana. O resultado agradou tanto que uma série de recomendações do seu trabalho foram feitas, e aos poucos, cada vez mais pedidos surgiam por meio de indicações do boca a boca. “O negócio foi crescendo a partir dali. Quando eu vi não tinha mais espaço na minha antiga casa para todos os produtos”, conta.

A microempreendedora Fabiana produz seus bolos em casa sob encomenda. Foto: Arquivo pessoal
Atualmente, Fabiana se autodeclara como uma designer de bolos autodidata, que teve toda a experiência e conhecimento construído por conta própria, sem nenhum tipo de curso específico. Ela defende que a confeitaria ajuda os trabalhadores autônomos pela facilidade de iniciar na área. “Você nem precisa de tantos ingredientes. É possível fazer um bolo lindo e delicioso apenas tendo uma batedeira, um forno e muita vontade”, diz.
Mesmo tendo começado praticamente do zero na confeitaria, hoje, Fabiana é uma Microempreendedora Individual (MEI) com CNPJ registrado e que ministra cursos e oficinas para confeiteiros iniciantes na carreira. “Não troco a minha profissão e autonomia por nada. Já até recebi algumas propostas de trabalho nessa mesma área, mas não compensa pelo quanto eu ganho trabalhando no meu próprio lar”, relata. Mesmo com a independência, ela tem uma escala de trabalho que exige esforço durante a semana inteira, normalmente de seis a sete dias.
Fabiana ainda destaca que o fator principal para qualquer pessoa que queira iniciar na confeitaria é o respeito pelo cliente, sem enganar e com um preço que seja justo. “Os produtos precisam ser feitos sempre com muito amor, carinho e higiene, afinal, só assim você vai conseguir manter um padrão de qualidade e manter fidelidade com o consumidor”, defende.
Assim como Fabiana, Eduardo Augusto também é um trabalhador autônomo, porém, ainda sem um CNPJ registrado. O doceiro encontrou uma oportunidade no Terminal Central de Ponta Grossa para vender diariamente suas trufas artesanais. O sustento vem completamente por parte das vendas dos doces. “Em um mês bom, se somar tudo varia entre R$ 1,8 mil e R$ 2,3 mil, o suficiente para eu conseguir me manter e viver bem”, conta. Ele também destaca que o amor é um dos principais ingredientes de suas receitas. Apesar da autonomia, Eduardo trabalha seis dias por semana, às vezes, inclusive, até às 22h para conseguir bater as metas estabelecidas.

Eduardo vende bombons no Terminal Central de Ponta Grossa. Foto: Vinícius Orza
Eduardo tem o mesmo sonho de muitos trabalhadores autônomos: expandir o negócio e viver somente com a venda dos seus próprios produtos. Ele espera com otimismo que o empreendimento vire algo maior e que em breve consiga abrir uma loja de confeitaria franquiada com doces gourmet. Com o CNPJ registrado, Eduardo tem a possibilidade de formalização do trabalho e um primeiro passo para realizar a meta que tanto luta para realizar.
Serviço
O MEI pode ser criado de duas formas: pessoalmente na Sala do Empreendedor na Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, por meio da entrega dos documentos pessoais e comprovante de residência, ou online, pelo site do gov.br, com os dados pessoais e do negócio.
O MEI precisa ter mais de 18 anos ou ser emancipado; Não ser titular, sócio ou administrador de outra empresa; Ter faturamento anual de até R$ 81.000 e a atividade exercida deve ser permitida.
Ficha técnica:
Produção: Vinícius Orza
Edição e publicação: Rafaela Tzaskos e Yasmin Taques
Supervisão de produção: Hendryo André
Supervisão e publicação: Aline Rosso e Kevin Kossar Furtado
