
Mesmo com investimento de R$ 3 milhões para entrega de 34 mil kits, roupas infantis chegam com atraso e tamanhos errados. Crédito: Larissa Viero
A distribuição de uniformes escolares para a rede de educação infantil municipal de Ponta Grossa gera críticas de pais e responsáveis, não apenas pelo atraso na entrega, mas principalmente pela inadequação dos tamanhos. Mesmo após a chegada dos kits em 2025, dois meses após o início do ano letivo que ocorreu em fevereiro, muitos estudantes receberam peças incompatíveis com suas medidas, o que compromete o uso no dia a dia escolar.
O kit distribuído neste ano inclui camisetas de manga curta e longa, bermuda ou short-saia, blusa de lã, japona de inverno, conjunto de calça e jaqueta escolar, meias e tênis. Diversos pais relatam que as peças não servem corretamente nos filhos.
Crédito: Eduarda Gomes
Depoimento dos familiares
Loriane Moraes, mãe de uma aluna do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Maria da Conceição Diniz da Cunha, conta que os tamanhos recebidos foram totalmente desproporcionais. “Minha filha recebeu os uniformes, mas vieram muito maiores do que ela usa”, comenta. Segundo Loriane, embora a prefeitura tenha dito publicamente que os pais poderiam procurar as escolas para fazer as trocas, a direção da unidade onde a sua filha estuda afirmou que não há possibilidade de substituição.
Paloma Pankevicz, mãe de uma aluna do CMEI Ana Neri, também passou pela mesma situação. Ela participa de um grupo de WhatsApp criado por outros pais para tentar realizar trocas. Porém, a mãe não encontrou alguém com peças do tamanho que a filha precisa. “A calça, camiseta, jaqueta e a saia ficaram muito grandes. Para que ela possa usar, vou ter que mandar na costureira para ajustar”, afirma.
Keuller Vieira, pai de uma aluna do CMEI Professora Vanda Taques de Almeida, reforça que o problema se repete por dois anos seguidos. Em 2024, embora os uniformes tivessem vindo com o tamanho requerido, o atraso fez com que já não servissem, pois as crianças cresceram. A solução tomada pelo responsável foi solicitar um tamanho maior, contando com a possível da demora na entrega. “Esse ano pedi tamanho 3 e a maioria das peças serviu”, explica. Para ele, a gestão falhou também na comunicação. “A prefeitura não deu nenhuma explicação ou solução. Pelo contrário, a prefeita afirmou em campanha que todos os alunos já haviam recebido os uniformes corretamente, o que não condiz com a realidade”..
Outro ponto levantado por Keuller é a impossibilidade de troca direta com a Secretaria Municipal de Educação (SME). “Os uniformes são contados. A escola orientou a pedir um número maior, mas não há possibilidade de troca”, ressalta. Ela também afirma que o erro se estendeu a todos os alunos da escola de sua filha. A situação levanta questionamentos sobre a logística adotada pela gestão municipal e a efetividade dos mecanismos de controle e conferência dos tamanhos, especialmente diante do impacto direto no conforto e na rotina dos estudantes.
Posicionamento da prefeitura
Em nota, a SME afirmou que a coleta de tamanhos foi realizada junto aos próprios pais e responsáveis e que as informações foram repassadas à empresa responsável pela confecção. Segundo a prefeitura, amostras foram enviadas antes da produção para verificação de qualidade e referência de tamanho. “Diferente do que foi colocado pela reportagem, não houve qualquer falha na entrega dos uniformes, pois o material foi distribuído de acordo com a numeração pedida pelos pais”, afirma.
Ainda de acordo com a nota, como forma de ajudar as famílias, estão sendo oferecidos espaços nas escolas e CMEIs para que os responsáveis troquem os uniformes entre si. A secretaria também informou que irá promover uma ação centralizada de troca em local único para os próximos dias, porém não forneceu informações como data, horário e/ou lugar.
As entregas dos 34 mil kits começaram no dia 24 de março e se estenderam até o dia 29 do mesmo mês para os CMEIs. Na sequência, foram entregues as peças para as escolas municipais. O valor investido pela prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Educação, foi de R$ 3 milhões.
Nos bastidores de Ponta Grossa
Esta reportagem integra uma coletânea de livro-reportagem investigativo. Este capítulo trata sobre a distribuição dos uniformes para os estudantes do município. Leia o capítulo anterior aqui. Acompanhe no Periódico as próximas publicações.
Ficha técnica
Produção: Eduarda Gomes e Larissa Viero
Edição e publicação: Eloise da Silva, Fernanda Matos, Gabrieli Mendes e Gabriele Proença
Supervisão de produção: Hendryo Anderson André
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado