Patrimônio Sonoro: a preservação e acessibilidade do Fundo Alceu Schwab no CDPH – DEHIS/UEPG

Patrimônio Sonoro: a preservação e acessibilidade do Fundo Alceu Schwab no CDPH – DEHIS/UEPG

Um dos quadros de Alceu Schwab

Alceu Schwab (1924-2004) era um crítico musical apaixonado pela MPB (Música Popular Brasileira). Ao longo de sua vida, montou uma coleção fonográfica respeitável, começando a colecionar discos ainda na década de 1950. Essa coleção abrange boa parte de cinco décadas do que foi produzido relacionado à música popular brasileira, estendendo-se a gêneros como a música clássica e o jazz americano, estilo fundamental na inspiração para a MPB.

Apesar de ser formado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) em Engenharia Química e ter atuado na área, inclusive como docente da universidade federal, nunca deixou de atuar no mundo cultural, publicando artigos, livros e críticas musicais, além de produzir programas de rádio dentro da rádio Educativa FM voltados para a música popular brasileira.

Fundo Alceu Schwab, a direita: Coleção de LP’s e CDs, a esquerda: Estante com sua biblioteca pessoal.

O Fundo Alceu Schwab, doado ao CDPH em 2007 por sua família, é composto por um acervo fonográfico que conta com uma coleção de discos de vinil em formato LP (Long Playing) e discos em formato de CD, além de uma biblioteca de livros e outros documentos, como documentos pessoais, recortes de jornais e revistas, entre outros tipos documentais. 

Ao todo, a coleção de LP’s é composta por 3.480 discos e o acervo de CDs por 789 unidades, todos numerados e organizados por caixas, utilizando-se da própria mobília de Alceu Schwab para isso, também doada pela família. Já passaram pela coleção fonográfica três gerações de estagiários realizando o trabalho minucioso de catalogação: Thalia Edvirgens Almeida, Gabrielle Mello Maynardes e, agora, Gabriel Sirineu Gouvea — todos responsáveis por catalogar os discos, seus avulsos e anotações. 

Buscando trazer o máximo de informações possíveis para os pesquisadores com interesse na coleção, a catalogação é feita de maneira abrangente e minuciosa, buscando levar o máximo de detalhes sobre os documentos. A maneira em que a catalogação está sendo feita é por planilhas, ou seja, cada planilha abrange uma coleção dentro do fundo, assim o pesquisador que tiver interesse nos LP’s poderá encontrar no CDPH uma planilha contendo todos os LP’s catalogados, contendo o nome do disco, os artistas que nele aparecem, gravadora, data de lançamento e até um campo de observações adicionais, em que se encontram informações como as dedicatórias feitas a Alceu Schwab, além de suas próprias assinaturas nos discos. A partir dessas planilhas, o pesquisador pode encontrar muito mais facilmente o que procura fazendo com que sua pesquisa seja mais rápida, eficaz e acessível, tendo até a possibilidade de dialogar as diferentes coleções conforme sua problemática.

Coleção Fonográfica Alceu Schwab

Dentro da coleção fonográfica, é possível encontrar muitas raridades, ou seja, discos marcantes da história da MPB, um exemplo é o disco “Chega de Saudade” de João Gilberto, de 1959, que é um dos grandes marcos da bossa nova com a música “chega de saudade”, escrita por Tom Jobim e Vinícius de Moraes. O artista mais presente na coleção de LP’s, é Chico Buarque, com 24 discos, incluindo o clássico “Construção” de 1971, até um disco promocional exclusivo para rádios intitulado “Chico Fala, Volume 2”. Além de Chico Buarque, outros artistas que aparecem em maior quantidade são: Radamés Gnatalli com 17 discos, Tom Jobim com 16, Paulinho da Viola com 14 e Villa-Lobos com 12. Esses são apenas alguns exemplos da variedade e abrangência do fundo fonográfico.

Capa do disco “Chega de Saudade” de João Gilberto

Parte de trás do disco contendo assinatura de Alceu Schwab com o ano “1958”

Vinil “Chega de Saudade”

 

 

 

 

 

Encarte do disco “Chega de Saudade”

 

 

 

Parte de trás da capa do disco: “Bossa Sempre Nova – LP Comemorativo dos 30 anos da Bossa Nova”

Destaque para a anotação a caneta: “gentileza de Malucelli da TV Globo 4/89”

 

 

 

O mundo documental presente no fundo vai muito além do conteúdo dos discos. Alceu Schwab era conhecido por ser uma pessoa extremamente organizada e empenhada. Com isso, é possível encontrar em diversos discos a sua assinatura ou rubrica, muitas vezes acompanhada da data de aquisição, além de menções a discos presenteados como gentilezas que poderiam ser de amigos ou de divulgadores e representantes das gravadoras, que buscavam a análise e divulgação por parte do especialista.

A organização de Alceu Schwab também estava presente na forma de recortes de jornais, revistas, críticas feitas pelo próprio e até mesmo enredos para os programas de rádio. A maioria desses recortes tem anotado a data e referência colocadas dentro das capas dos discos referentes ao texto publicado. Por exemplo, é comum encontrar reportagens do Jornal do Brasil sobre a morte de artistas, essas reportagens foram recortadas e colocadas junto aos discos dos artistas falecidos, fazendo a ligação entre o material escrito e o fonográfico. Isso se estende também a críticas musicais produzidas nos jornais e revistas, assim como entrevistas e divulgações.

Recortes de jornais sobre Milton Nascimento encontrados dentro do encarte do disco “Geraes”

Recorte sobre Cartola com anotação a caneta “JB 7-11-87”, referenciando a data da publicação no Jornal do Brasil

Recorte de jornal sobre a morte de Nelson Cavaquinho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O trabalho de preservação desse acervo vai além de sua catalogação, iniciando com a higienização e organização. Todo esse trabalho tem como objetivo a preservação, o acondicionamento dos documentos e a acessibilidade dos mesmos, para que eles durem por muitas gerações e para que essa rica história — tanto da música quanto de Alceu Schwab — permaneça viva, como objeto de pesquisa, exposições e descobertas desse legado cultural.

A exposição busca mostrar uma pequena parcela desse trabalho de preservação e acessibilidade feito no CDPH e como sua importância, tanto histórica quanto cultural, precisa ser conhecida, divulgada e trabalhada por futuras gerações de pesquisadores.

Abaixo uma pequena coleção de fotos do fundo:

Referências:

BERGOLD, Rogério de Brito. Os fonogramas no Acervo Alceu Schwab: um arquivo pessoal. In: ANPPOM, Anais do XXIV Congresso da ANPPOM. São Paulo, SP. 2014. Disponível em: https://anppom.org.br/anais/anaiscongresso_anppom_2014/2746/public/2746-10076-1-PB.pdf. Acesso em: 13 maio 2025.

 

Curadoria:

Gabriel Sirineu Gouvea

Luciana Cristina Pinto

Sara Bomfim Cinque

Thaysa Raquel Albini Ferreira 

Prof.ª Dr. Elizabeth Johansen

 

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