Saúde mental de estudantes negros e indígenas encerra ciclo de debates

O último dia do Ciclo de Debates promovido pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) tratou do tema “Saúde mental e atenção psicossocial a estudantes negras(os) e indígenas na pandemia”. O professor Jefferson Olivatto da Silva foi convidado para participar da conversa, que foi mediada pela mestranda em Estudos da Linguagem na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Regina Kosi dos Santos.

O convidado iniciou sua fala explicando o lugar que ocupa: “Não é um lugar detentor de saber, e sim um lugar de partilha”, observa, enfatizando a importância de debates sobre o assunto no meio acadêmico. Olivatto explica que seu estudo procura entender de forma interdisciplinar e intercultural a questão da aprendizagem e do desenvolvimento acadêmico dos estudantes negros e indígenas nas universidades.

O professor menciona que, diante da Covid-19, há um outro aspecto a ser considerado: o fato desta pandemia não atingir todas as pessoas da mesma forma. Para entender as mudanças e agravos causados pela emergência da Covid-19, o docente avalia que é preciso recuperar a trajetória do Brasil. Olhando para o passado, percebe-se que o racismo é uma pandemia presente no país desde sempre, o que explica o complexo de desprezo na forma como a identidade brasileira cultua uma violência desenfreada contra outros.

Tendo este contexto em vista, chegamos à preocupação recente: como os estudantes indígenas podem se desenvolver academicamente? As universidades ainda apresentam obstáculos e é por isso que conversas como as oferecidas pelo Ciclo de Debates são importantes, de acordo com Olivatto. Além das dificuldades enfrentadas diariamente, elas se agravaram ainda mais com o ensino remoto: “a aprendizagem, mesmo no ensino presencial, não acontece unicamente na sala de aula; é todo o espaço e todas as pessoas que interagem. Isso engrandece a aprendizagem universitária”.

O professor cita ainda que a falta de equipamentos e problemas com conectividade também são fatores que interferem a aplicação do ensino remoto. “Temos que entender como isso afeta o pertencimento dos estudantes negros, negras e indígenas nas universidades, porque são esses estudantes que trazem riquezas que ao longo da nossa trajetória escolar nós nunca tivemos”, afirma, destacando a necessidade de criar ações e projetos para o auxílio neste quesito.

Alguns participantes da conversa relataram suas próprias experiências como estudantes na universidade. Soraia Lucia Marques da Luz, acadêmica do curso de Serviço Social na UEPG, contou sobre a importância do pertencimento neste meio. “A representatividade tem uma carga e uma potência tão grande para gente enquanto minoria que só quem passa na pele sabe como é”, observa.

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