Imigrantes em Castro, primeiros grupos

Imigrantes em Castro, primeiros grupos

Segundo Giralda Seyferth (1990, p.59) “entre os imigrantes europeus que se dirigiam para o Sul do Brasil havia muitos artesãos, refugiados políticos, professores, profissionais liberais, jornalistas e até cientistas”. Para a historiadora, “todos entraram no país na condição de colonos, mas poucos permaneceram como agricultores ou sequer chegaram às áreas coloniais” (Idem).

Tal processo pode ser igualmente identificado em Castro. Apesar de pouco estudada, a presença dos primeiros grupos de imigrantes europeus na cidade – poloneses, ucranianos, italianos e principalmente alemães – contribuiu para modificações na cidade, desde que ali chegaram a partir das últimas décadas do século XIX (LEANDRO, 1995, p. 19).

Oney Borba (1986, p. 171) informa que em meados da década de 1880 “puseram-se a caminho de Castro os primeiros alemães e aí se estabeleceram como artífices”. Estes primeiros grupos receberam reforço em 1890, quando vinte e cinco famílias da Volínia estabeleceram-se na Colônia Santa Clara. Em outro momento, o escritor afirma que os primeiros grupos estrangeiros (sem indicar a procedência) chegaram a Castro em 1885 e compunham-se de dezessete familias, para as quais foram entregues dezessete lotes nas Colônias Santa Leopoldina e Santa Clara (BORBA, 1986, p. 101).

Talvez os alemães que primeiro “puseram-se a caminho” tenham chegado em 1885 estabelecendo-se na Colônia Santa Leopoldina e o “reforço” de 1890, de ucranianos, tenha originado a Colônia Santa Clara. Problemas de origem à parte, as primeiras levas de estrangeiros, de 1885 ou 1890, não vieram com muitos recursos, e “enquanto permaneciam na cidade à espera de construção de casas nos lotes, eram os imigrantes contratados para reparos nas ruas da cidade” (Idem).

É bem provável que muitos desses imigrantes tenham permanecido no centro urbano, engrossando a fileira dos que ingressaram no país como colonos/agricultores e que sequer foram encaminhados aos lotes coloniais como observou Giralda Seyferth. Em Castro, na década de 1890, a presença de marcos e referências culturais urbanas, sobretudo de alemães, já era bastante visível. Exemplo disso foi a fundação, em abril de 1890, da Sociedade União Alemã. Além de criar um clube recreativo, tal sociedade passou a administrar, em 1896, a sua própria escola para crianças, a qual duraria quarenta e quatro anos (WEISS, 1990, p.17).

REFERÊNCIAS

BORBA, Oney B. Os iapoenses. Curitiba : Litero-Técnica, 1986.

LEANDRO, José Augusto. Palco e tela na modernização de Castro. Dissertação (Mestrado em História Social). Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1995.

SEYFERTH, Giralda. Imigração e cultura na Brasil.Brasília: UNB, 1990.

WEISS, José Luiz. Sociedade Educacional 1890: 100 Anos. Castro: Kugler Artes Gráficas, 1990.

Autor: José Augusto Leandro

Professor Associado do Departamento de História UEPG

Ano: 2019

Revisão: 2020

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