Cinemas em Ponta Grossa
Com o advento da Revolução Industrial, o mundo testemunha o surgimento de novas formas de comunicação, tanto no âmbito econômico quanto no cultural.. Com isso, também surgem avanços tecnológicos acerca da forma de consumo de conteúdos visuais, auditivos e em ambos os casos, audiovisuais. Nesse contexto, na segunda metade do século XIX surge um aparato que revoluciona as formas de sociabilidade cultural no mundo: o cinema. Enquanto patrimônio, o cinema se torna um espaço de relações sociais íntegras nos processos históricos que ocorrem no final do século XIX e no decorrer do século XX, portanto pensá-los historicamente como um aparato global é pensá-los também como uma forma regional de uma sociedade.
Ao examinarmos a evolução histórica do cinema, é essencial compreender sua cronologia para entender como essa forma de expressão alcança regiões como Ponta Grossa. No início o cinema representava cenas cotidianas, com temas curtos, porém após um avanço na forma de consumo dessas películas ele começa a levar para suas telas enredos, que contavam histórias representativas do contexto social que era apresentado naquele momento. Assim, o cinema começa a ganhar espaços próprios para seu palco, os grandes teatros cinematográficos vigoraram na primeira metade do século XX como um grande momento da indústria cultural, impactada anteriormente pela Revolução Industrial e nesse momento influenciando milhares de espectadores.
Nesse momento surge o nosso lugar de interesse, a cidade de Ponta Grossa, que no final do século XIX mostrava-se como um local propício para o desenvolvimento cultural como acontecia nos grandes centros urbanos. A cidade recebeu seu primeiro cinema em 1906, o antigo Cine Recreio que deu vida ao cinema na localidade. Em 1911, Jacob Holzmann – proprietário do Jornal O Progresso, atual Diário dos Campos – inaugura o Cine Renascença, que perdurou por mais de 50 anos, até seu fechamento em 1964, sendo um espaço importante para a projeção dos filmes hollywoodianos que Ponta Grossa receberia a partir de então. Também no mesmo período, a cidade recebe o Cine Éden, que divide as atenções com o Renascença, inclusive nas propagandas feitas por ambos nos jornais da época.
Nesse rol de espaços culturais que os cinemas representaram para Ponta Grossa, em frente ao antigo Ponto Azul localizou-se a partir de 1939, o Cine Império. É importante ressaltar a importância desse cinema para a composição das relações sociais na cidade pela sua localidade, além de seu caráter popular que possibilitava que mais pessoas fora da elite pontagrossense frequentassem esse espaço. Infelizmente em 2017 seu prédio, que carregava marcas históricas consigo, foi demolido. Além do Cine Império, Renascença e Éden encontramos um prédio que existe até hoje e ainda é o principal local de mostras culturais: o Cine-Teatro Ópera. Localizado na esquina da Rua XV de Novembro com a Augusto Ribas, o Cine Ópera trouxe consigo a modernidade de sua época e as telas do cinema mundial.
Os cinemas na cidade foram uma das formas em que o mundo globalizado chegava até os cidadãos pontagrossenses, e juntamente com a ferrovia e os clubes esportivos reuniram o progresso e a cultura num rol só. Para a Ponta Grossa do século XX, possuir espaços como os cinemas que foram explanados era ter em suas mãos uma possibilidade de chegar até o mundo contemporâneo, permeado de relações sociais e sobretudo sujeitos históricos.
REFERÊNCIAS:
PEREIRA, J. Câmera, Ação! A fascinante história do cinema. São Paulo: Edimax, SD.
SILVA. N. O FECHAMENTO DOS CINEMAS EM PONTA GROSSA: PARTICULARIDADES DE UM PROCESSO HISTÓRICO-CULTURAL. Ponta Grossa, 2008.
Autor: Samuel Galvão Ribeiro, acadêmico do 2° ano do curso de Licenciatura em História – UEPG
Ano: 2023