Formação militar de Ponta Grossa e o contexto nacional

Formação militar de Ponta Grossa e o contexto nacional

Ponta Grossa atualmente é conhecida por ter um poder militar relativamente alto, tendo como principais bases: o Quartel General, localizado no entorno da Praça da Catedral; o 25° Pelotão de Polícia do Exército Mecanizado; o 13º Batalhão de Infantaria Blindada; o Esquadrão da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada; e o 3º Regimento de Carros de Combate.

A primeira base militar de Ponta Grossa foi inaugurada no dia 21 de junho de 1923, quando o Capitão França Gomes, mais seus comandados e material vieram a formar o Destacamento militar aqui na cidade, oriundos do 15º Batalhão de Caçadores, de Curitiba. A partir de então, o Capitão, primeiro Comandante do 13º RI, conduziu os seus homens a escreverem as primeiras linhas e páginas da história do Regimento, inicialmente organizado a dois Batalhões, Companhia Extranumerária, Companhia de Metralhadoras Pesadas e uma Banda de Música. Pouco mais a frente, essa nova Unidade receberia a alcunha de Sentinela dos Campos Gerais. No ano de 1924, o 13° Regimento de Infantaria travou seu primeiro combate durante a Revolução de 1924, na cidade de Salto Grande, São Paulo. Este foi um dos movimentos armados que marcou a história política do Brasil durante o período da Primeira República. Na oportunidade, o Coronel Américo de Abreu Lima comandou o Regimento, empregando o mesmo, incorporando-se à Coluna Sul, sendo designado, por todo o tempo, como sua Vanguarda em operações de manutenção da ordem pública pelo país. 

À medida que os conflitos se intensificaram, um contingente crescente de militares passava por ou chegava à cidade. O número de tropas estacionadas em Ponta Grossa aumentou, resultando em consequências lamentáveis, pois, em setembro de 1924, ocorreu um confronto de rua na Avenida Fernandes Pinheiro, envolvendo ferroviários e membros do Batalhão sob o comando do Capitão Paes Leme. Este incidente resultou em um grande número de feridos e exigiu a intervenção da polícia. 

Posteriormente, a cidade retomou sua rotina, que só foi novamente interrompida quando os militares de Ponta Grossa se uniram à Revolução de 1930. Nesse momento, o 13º Regimento de Infantaria aderiu ao movimento, ao lado de Getúlio Vargas, e dois contingentes partiram de nossa cidade em direção a divisa entre os estados do Paraná e São Paulo e combateu nas localidades de Sengés e Itararé, em especial nos morros da Fazenda Morungava. O Capitão Ayrton Playsant comandava as tropas estacionadas em Itararé. 

Durante sua viagem até o Rio de Janeiro, em sua primeira passagem por Ponta Grossa, Vargas escolheu estrategicamente a base militar da cidade como seu quartel-general e centro de operações devido à sua localização, como um importante entroncamento ferroviário na época, que se mostrou vital para a condução da batalha de Itararé. Localizada nas proximidades da fronteira com o Paraná, essa batalha foi um dos principais eventos militares dessa revolução. Em 1941, assumiu o comando do Regimento, o Coronel Tristão de Alencar Araripe – posteriormente, no ano de 1998, a unidade recebeu a denominação Tristão de Alencar Araripe em sua homenagem – ilustre comandante, que demonstrou extrema preparação da tropa em seu Comando, e que dentre outros feitos, inaugurou a Praça Duque de Caxias.

Após episódios violentos, no ano de 1944, o 13° Regimento de Infantaria recebeu a segunda visita do Presidente Getúlio Vargas. Em preparação para a Segunda Guerra Mundial, em 26 de janeiro de 1944, o 13º RI realizou um desfile na Avenida General Carlos Cavalcanti, prestando continência ao Presidente Getúlio Vargas. Em 3 de outubro do mesmo ano, um contingente de 336 homens do 13º RI partiu para o Rio de Janeiro, com o objetivo de se juntar às Forças Aliadas na Segunda Guerra Mundial. Destes, 178 homens desembarcaram na Itália, reforçando as fileiras da Força Expedicionária Brasileira, chegando ao território italiano em 7 de dezembro. Nesse contexto se dá a participação de mulheres nas organizações militares brasileiras, pela primeira vez de maneira legal, por meio do serviço voluntário em enfermarias e hospitais em instalações militares na Europa durante os conflitos da Segunda Guerra Mundial. 

Sabemos que o preconceito e o machismo em relação às mulheres em contextos militares têm sido uma questão importante e, muitas vezes, persistente em muitas partes do mundo. No entanto, é importante observar que, nas últimas décadas, houve um esforço significativo para promover a igualdade de gênero nas forças armadas. Muitas nações têm implementado políticas para eliminar a discriminação e assédio, bem como para permitir que as mulheres participem de todas as funções militares. Mulheres em todo o mundo têm se destacado em funções militares e demonstrado seu valor e habilidades. Em resposta a essa luta, no mês de fevereiro de 2008, o 13° Batalhão, passa a ter em seus quadros a sua primeira integrante do segmento feminino, a Aspirante Magda Kawakami, sendo a precursora de tantas outras militares que vieram posteriormente integrar a Unidade.

O exército pontagrossense também teve ação durante a Ditadura Civil Militar (1964-1985). Durante uma passagem pela cidade, Paulo Coelho teve algumas interações com o governo autoritário. Foi preso e torturado e as razões exatas para a prisão de Coelho não estão claras, mas ele escreveu em suas memórias que as autoridades alegaram que ele estava envolvido com atividades contrárias ao regime. No entanto, é importante notar que, na época, o regime militar frequentemente detinha pessoas por motivos políticos vagos e sem provas substanciais.

No ano de 1965, um decreto nacional transformou o 13° Regimento de Infantaria em 13° Batalhão de Infantaria. Posteriormente, em 15 de agosto de 1975, o primeiro batalhão do 13º Regimento de Infantaria começou a se chamar 13° Batalhão de Infantaria Blindada (BIB). Em virtude disso, próximo aos 200 anos de Ponta Grossa, o 13° BIB comemora o seu centenário.

 O 13º Batalhão de Infantaria Blindado esteve presente durante a missão de Paz do Haiti, enviando contingentes em 2010, 2012 e 2013, na qual buscou a manutenção de um ambiente seguro e estável naquele país. Ponta Grossa foi escolhida para a realização do treinamento para essas missões de paz por ser uma cidade estratégica, com vantagens operacionais para reunir as tropas do Sul do Brasil que foram então para o Haiti. Segundo o coronel Pessoa: “Ponta Grossa, além de ser estratégica, é uma sede com uma boa estrutura militar, o que contribui muito para o treinamento”, disse o Coronel. De Ponta Grossa saíram mais de 100 homens para a missão de paz.

Concluindo, o 13º Batalhão de Infantaria Blindada teve ações significativas em alguns momentos históricos, tanto no Brasil quanto fora dele, participações essas que nos auxiliam a incluir a cidade no contexto nacional e mundial.

 

Referências:

CHAVES, Niltonci Batista (org.). Visões de Ponta Grossa. Cidade e instituições. Vol. III. Ponta Grossa: UEPG, 2004.

BUSNARDO, Érica. Contingente para Missão de Paz no Haiti será treinado em PG. Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, 2010. Disponível em: <https://pontagrossa.pr.gov.br/node/7992>. Acesso em: 24 de agosto de 2023.

GUIMARÃES, Fernanda; SANTANA, Elis; PALMEIRA, Matheus; SOUTO, Marina; ROCHA, Bruna. A Participação Feminina nas Forças Armadas Brasileiras e seus Desafios Contemporâneos. In: CONGRESSO ACADÊMICO SOBRE DEFESA NACIONAL, 16, 2019, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: SEPESD, 2019.

MONDOLIVRO. A Ditadura prendeu Paulo Coelho antes, em 1969, no Paraná. Disponível em : <https://mondolivro.com.br/a-ditadura-prendeu-paulo-coelho-antes-em-1969-no-parana/>. Acesso em: 24 de agosto de 2023.

MENEZES, Cynara. Paulo Coelho: “Por que Lula insiste tanto? Está escrito que não vão deixá-lo sair”. Socialista Morena, 14 de agosto de 2018. Disponível em: <https://www.socialistamorena.com.br/paulo-coelho-por-que-lula-insiste-tanto-esta-escrito-que-os-caras-nao-vao-deixa-lo-sair/>. Acesso em: 24 de agosto de 2023.

13° BATALHÃO de Infantaria Blindado. Histórico. S/d. Disponível em: <https://13bib.eb.mil.br/index.php/historico>. Acesso em: 25 de outubro de 2023.

 

Autora: Simone Hoinatski Filipak

Acadêmica do 2º ano de Licenciatura em História, UEPG

Ano: 2023

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