Produção Cultural em Ponta Grossa: A Contribuição de Faris Michaele na Cultura de Ponta Grossa
Faris Antonio Salomão Michaele nasceu em 1911 no estado de São Paulo, especificamente no município de Mococa, situado a cerca de 113 quilômetros de Ribeirão Preto e 260 da capital. Na infância mudou-se com a família para Ponta Grossa. Sua escolarização iniciou no Colégio São Luiz (Ensino Primário), continuou no Colégio Regente Feijó (Ensino Secundário) e foi concluída na Faculdade de Direito do Paraná, em Curitiba. Foi um estudante habilidoso e conhecedor de diversos assuntos, e posteriormente tornou-se um respeitado professor. A história cultural de Ponta Grossa deve muito a Faris Michaele, principalmente por ter contribuído na criação e sedimentação de instituições que contribuíram para a formação intelectual de diversos de seus moradores.
Sua trajetória está marcada por participar e dirigir a criação de diversos espaços culturais e educativos, entre os quais o Centro Cultural Euclides da Cunha (CCEC), em 1947, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ponta Grossa (1949), o Museu Campos Gerais (que iniciou como museu do CCEC em 1950), e a primeira biblioteca de Ponta Grossa. Também atuou no magistério de Ensino Secundário e Ensino Superior. Faris Michaele foi um poliglota, dominava pelo menos 33 línguas, além de ser poeta, filósofo, jornalista, cronista e antropólogo. Para além de atuar em Ponta Grossa, Faris Michaele também atuou em instituições culturais de outros municípios paranaenses. Ocupou a 12ª cadeira da Academia Paranaense de Letras, como sucessor do Professor Dr. José de Sá Nunes.
Faris Michaele também teve seu nome ligado a entidades e associações nacionais e estrangeiras. Ditzel (1998) elenca as 60 principais, dentre as quais destacamos as seguintes: Academia Universal de Humanidades, de Buenos Aires; Instituto Argentino de Críticos Literários; Instituto de Cultura Americana de La Plata; Asociación de Escritores de la Provincia de Buenos Aires; Instituto de Etnología, Historia y Folklore de Tucumán; Academia de Cultura de Asunción, Asociación Internacional de la Prensa de Montevideo; Asociación de Escritores y Artistas Americanos, de La Habana; American International Academy, de Nova York; Confraternité Balzacienne de Paris; Acadímie Ansaldi de Paris; Accademia Letteraria Araldica Scientifi ca, de Treviso, Itália; Accademia Letteraria Scientifi ca Internazionale, de Nápoles; Internatinal Council of Musems, de Londres.
Vale ressaltar que Faris Michaele foi aluno da primeira turma no Ginásio Regente Feijó, em 1927. Na sua passagem como estudante pela instituição revelou seu papel de liderança cultural, pois fundou o Grêmio Literário Visconde de Taunay e o jornal escolar denominado “O Fanal”.
Uma pauta importante da sua vida foi a militância a favor dos indígenas, que em sua época muitas vezes eram considerados indolentes, sem terem legado influência positiva em nossa cultura. Armas importantes para Faris Michaele foram os livros que escreveu e o jornal cultural TAPEJARA, que ele criou e dirigiu, este um espaço de debates culturais onde colaboraram intelectuais do Brasil, da América e da Europa.
Faris Michaele faleceu em 1977.
Referências:
DE CAMPOS, Névio; MARCHESE, Elisa. Faris Michaele: Trajetória de um intelectual moderno. Olhar de professor, v. 13, n. 1, p. 185-199, 2010.
Autor: Bruno Desplanches
Acadêmico do 4º ano do Curso de Licenciatura em História da UEPG.
Ano: 2023.