Urbanização na cidade de Ponta Grossa
A história do povoamento de Ponta Grossa está fortemente atrelada à sua inclusão no Caminho das Tropas. Esse fator deu origem às primeiras instalações da região, que atendiam às necessidades das tropas e de seus animais. Ainda no começo do século XIX, Ponta Grossa era apenas um bairro dependente de Castro. Mas conforme a população e a estrutura da cidade crescia, nascia o desejo por mais autonomia. Por isso, em 1823, Ponta Grossa foi elevada à freguesia. E neste mesmo ano foi construída a Igreja de Sant’Ana, ponto central entre as fazendas da região. Logo, outras edificações começaram a se agrupar ao redor da igreja, dando os primeiros ares de urbanização.
Em 1857 houve uma crise alimentícia atribuída ao pouco trabalho nas lavouras. A partir disso, uma política imigratória enviou à região rural mais de 2 mil russos-alemães. Muitos deles se estabeleceram na região do Contorno. Porém, insatisfeitos com a baixa fertilidade da terra, a maioria acaba se deslocando para as áreas centrais e urbanas de Ponta Grossa.
Em 1894 a Estrada de Ferro do Paraná foi ampliada e passava agora por Ponta Grossa, atraindo operários e viajantes. Foi necessária a disponibilização de diversos serviços de hospedagem e alimentação, além da infraestrutura destinada à manutenção da ferrovia, serviços concentrados na região de Oficinas.
Já no século XX, a mobilização para que Ponta Grossa se assemelhasse às cidades brasileiras mais modernas também incluía a criação de clubes, cinemas e teatros. Além disso, na moda das políticas higienistas, foi iniciado a regulamentação de manutenção dos lotes ocupados e padrões arquitetônicos. Aqueles que não conseguiam se manter financeiramente e regulamentados nos espaços urbanos acabavam se retirando para locais mais afastados. Essa dinâmica acabou por elitizar a área central da cidade, mandando as populações mais pobres para as margens.
Conforme a população vai crescendo, os moradores precisam ocupar novas áreas e se lançam cada vez mais às periferias expandindo a malha urbana da cidade. Na década de 1930 e 1940, os bairros residenciais ganham forma. Crescem e passam a contar com novos serviços e estabelecimentos. Como os comércios ao longo da Avenida Carlos Cavalcanti e até fábricas na região do bairro Nova Rússia. Além disso, a cidade começava a receber eletricidade e saneamento básico.
A segunda metade do século XX, representa o momento mais intenso de crescimento de bairros residenciais. Surgem novos núcleos habitacionais por toda a periferia da cidade. Núcleos regulares que emergem a partir de políticas de infraestrutura do município, bem como ocupações irregulares que originam espécies de favelas. Conforme a cidade cresce, é necessário estabelecimentos mais acessíveis. O que acaba tornando bairros como o Nova Rússia e Contorno sub-centros na década de 1970 e anos 2000, respectivamente.
Referências:
KUS, Juliana Pegoraro. Legislação urbana no início do século XX em Ponta Grossa – PR: normatização e reclamações no processo de construção da cidade (1914 – 1925). Dissertação de Mestrado em História. Ponta Grossa, UEPG, 2015.
DITZEL; LOWEN SAHR. Espaço e cultura: Ponta Grossa e os Campos Gerais. Editora UEPG: Ponta Grossa, 2001.
Autora: Sabrina da Silva Rocha
Acadêmica do 3º ano de Licenciatura em História, UEPG.
Ano: 2023