Relatório de Campo 01 – Comunidade Quilombola Palmital dos Pretos

Nos dias 14 e 15 de abril de 2018, realizamos duas imersões pontuais na comunidade quilombola Palmital dos Pretos, em Campo Largo-PR.

No primeiro dia com uma equipe de cinco integrantes da UEPG (Coordenador: Prof. Dr. Nicolas Floriani, Estagiária Pós-Doutoramento: Tanize Tomasi Alves, Pesquisadora: Lorena Dantas Abrami, Graduandas de Biologia: Brenda Olinke e Juliana Gomes) e no segundo com uma integrante a menos, nos reunimos na Cozinha Comunitária da Associação de moradores juntamente com um grupo de nove sujeitos locais (quilombolas), dentre elas a atual liderança Arildo Portela de Moraes e a antiga liderança Elenita Aparecida Machado e Lima.
A dinâmica estruturou-se em um bate-papo para exposição dos objetivos dos projetos coordenados pelo Prof. Dr. Nicolas Floriani da UEPG – “Das Territorialidades Tradicionais às Territorializações da Agroecologia: Saberes, Práticas e Políticas de Natureza em Comunidades Rurais Tradicionais do Paraná”, e, “Sistema Participativo de Certificação Socioambiental da Agrofloresta Faxinalense: Da Diferenciação à Qualificação dos Produtos de Comunidades Rurais Tradicionais do Paraná”. Arguindo sobre as questões agroecológicas, agroflorestais, a implementação do selo quilombola, e, destacando experiências desenvolvidas em outras comunidades da região. Neste momento, os participantes puderam levantar seus questionamentos e ainda, relatar experiências anteriores, como a construção de duas hortas comunitárias, que a princípio tiveram adesão, mas que não se sustentaram na lógica interna.
No segundo dia aprofundamos a questão da agrofloresta, já identificando e realizando o reconhecimento de uma área em que um sujeito quilombola deseja implementar o sistema. De forma, a construir uma horta, árvores nativas frutíferas, manejo de abelhas nativas e galinhas. Neste mesmo espaço, o referido quilombola já iniciou a construção de um monjolo para ser agregado ao arroio que corta a propriedade e futuramente ser utilizado para a confecção da quirera e farinha dos grãos cultivados. Também, fez a estrutura de madeira e palha de uma casa ecológica, que receberá paredes de barro e chão batido (FOTO 01). Já observou-se a plantação de mudas de bananeira e abóbora na área.
Foto 01 – Propriedade de Arildo, casa ecológica
Fonte: Grupo Interconexões/UEPG
Todavia, também identificamos uma segunda área que já tem um sistema que se aproxima da agrofloresta, mas que estaria disposta a implementação e complementação de uma maior diversidade de cultivos e plantas.
Com o restante do grupo aplicamos uma atividade de aproximação, com a projeção de uma teia de laços que reflete ao mesmo tempo as demandas de cada sujeito e do coletivo para a implementação dos projetos (FOTO 02). Realizamos a primeira sondagem dos produtos in natura ou manipulados que já podem ser ofertados pelos quilombolas. Nesta, tivemos quatro atores-chave para dar um panorama das atividades e práticas agrícolas desenvolvidas na comunidade. E ainda, destacou-se as potencialidades de cada propriedade em ampliar e diversificar suas atividades, e quais, capacitações seriam necessárias para dar suporte ao que já vem sendo realizado e ao que ainda será integrado.
Foto 02 – Sede da cozinha comunitária, Reunião e prática de aproximação com os sujeitos locais
Fonte: Grupo Interconexões/UEPG
Detalhes de uma incipiente comercialização também foram evidenciados, com a procura de pessoas externas vindo até a comunidade e da comunidade escoando estes produtos até zonas urbanas próximas, como Ponta Grossa e Campo Largo – PR, ou ainda, para áreas da vizinhança. As dificuldades de tornar esta prática estável abarca deste a falta de um selo, que divulgaria e certificaria a procedência do produto, até o transporte de mercadorias, e a própria seleção e reconhecimento de produtos para o público-alvo disponível.
As iniciativas para a adesão de um selo quilombola, partem da própria comunidade, que já tem material informativo sobre a existência desta possibilidade, assim como, já estão desenvolvendo o primeiro esboço do logotipo do selo, com símbolos que representam a identidade dos quilombolas de Palmital dos Pretos.
O estabelecimento de um banco de sementes, além da participação em feiras de troca de sementes é uma aquisição bem quista pelos moradores, inclusive, com a intenção de futura participação na feira de sementes que será organizada pela equipe Interconexões – UEPG e rede Casla em Curitiba, em novembro do presente ano. Internamente eles já praticam este sistema de trocas.
Uma nova imersão pontual foi marcada para o mês de maio para dar seguimento ao levantamento de dados e a projeção e explanação de um plano de atividades para a implementação das primeiras práticas agroecológicas.
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