A paixão para além das telas e palcos
Entenda como funciona a vida de um fã e o impacto psicológico no dia a dia
Amor de fã é, para uns, considerado bobeira. Para outros, significa muito mais. Mas até onde essa paixão é algo saudável? De acordo com o dicionário Aurélio, fã designa uma pessoa que tem grande admiração por artistas ou figuras públicas – que fazem parte do mundo do entretenimento – ou demonstra interesse exagerado por algo ou por alguém. Na etimologia, a origem da palavra fã vem do inglês fan, forma reduzida de fanatic, do português fanático.
Nayaelly Wandoski, estudante de enfermagem, é fã do cantor, compositor e ator Harry Styles, ex-integrante da banda One Direction, há nove anos. Ela conheceu o artista através da plataforma de vídeos Youtube e relata que no início se tornou admiradora apenas pelas músicas, mas que com o tempo passou a admirá-lo também por sua personalidade. Ela relembra que quando era mais nova acompanhava diariamente a vida do cantor, e ter essa rotina era prejudicial, pois focava apenas na carreira dele, deixando de lado outros compromissos mais importantes. “Tudo que ele fala nas músicas tem um significado enorme pra mim. Já me ajudou a passar por diversas situações difíceis, quando ele fala que vai ficar tudo bem, faz com que eu acredite que realmente vai. Sentir que faço parte de um grupo que ama a mesma pessoa e acredita nas mesmas coisas faz com que eu sinta que tenho ‘um lugar no mundo”, conta.
De acordo com a psicóloga Sarah Renata, a mente de uma pessoa fanática não tolera pertencer a um mundo de divergências e necessita se sentir amparada por uma ideia absoluta, por isso elege uma crença ou ideologia. “A pessoa não consegue negociar com a diferença, não tem a capacidade empática de se colocar no lugar do outro, pois ela precisa criar uma identidade social, sentir que pertence a algo, estar em um grupo onde ela se sinta invencível, para ter a certeza de que apenas ela está certa”, destaca.
Ela afirma que o processo para uma pessoa se tornar fanática por algo se inicia pela identificação de ideias e encontra um grupo que tem as mesmas crenças e pensamentos. Com isso, se inicia um quadro de agressividade, dificuldade de escuta, expressões de ódio e preconceito, entre outros. “Quando se idolatra o ídolo acima de tudo, esquecendo de sua saúde física, mental, esquecendo da família, dos estudos, do trabalho, vivendo apenas nas redes sociais do ídolo, fazendo o que o mesmo faz, se anulando de tudo, para viver uma vida voltada apenas para a pessoa, mostra que essa vida está sendo prejudicial para sua saúde mental”, afirma.
Quer conhecer as atitudes de outras pessoas com seus fãs e os agravamentos dos casos? Leia na pŕóxima edição da revista Nuntiare.
Ficha Técnica
Reportagem: Ana Paula Almeida
Edição e Publicação: Muriel E.P. Amaral
Supervisão de produção: Muriel E.P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Carlos Alberto de Sousa