Além do campos e da quadra

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Como as franquias esportivas se desenvolveram na cidade e enfrentam desafios na representação esportiva local

Ao longo dos últimos anos, Ponta Grossa teve equipes de diversos esportes que não conseguiram se estabelecer nacionalmente, como times de futsal e vôlei. Na atualidade, o basquete feminino busca mudar esse panorama. Com uma equipe competindo na liga nacional e recebendo apoio direto da prefeitura, a modalidade trilha um caminho promissor e se torna uma esperança para a região dos Campos Gerais. 

O histórico da cidade é marcado por iniciativas que, apesar de promissoras, não se consolidaram. Seria uma questão de investimento insuficiente, falta de estratégia ou simplesmente conjunturas desfavoráveis?

Caramuru Vôlei 

Jogos da Associação Campos Gerais Futsal (ACGF).

Em 2004, o município de Castro recebeu o projeto inicialmente intitulado “Vôlei Castro”, dedicado ao desenvolvimento das categorias infanto-juvenil e adulto. Ao longo dos anos, o time ganhou destaque e conquistou bons resultados em competições estaduais. Com uma reestruturação interna, o projeto passou por uma mudança de nome, sendo conhecido como “Caramuru Vôlei”. 

Em competições nacionais de 2016, a equipe conquistou o título da Superliga B, o que lhe garantiu acesso à série A. Em 2017, houve a transferência para Ponta Grossa. Na temporada de 2016/2017, o time ficou em último lugar. No mesmo ano, passou a integrar um projeto em colaboração com a Associação de Voleibol Vilha Velha (AVVV), estabelecendo convênio entre as duas agremiações, com apoio técnico, logístico e esportivo mútuo. Em 2019, o Caramuru conquistou novamente vaga na Superliga A, devido a desistência de outro time. Apesar de obter três vitórias ao longo da competição, terminou na última posição. Por conta de problemas financeiros agravados pela pandemia de Covid-19, a equipe encerrou as atividades. 

O diretor presidente da Liga de Voleibol de Ponta Grossa, João Aplewicz, ressalta que a Liga já está estabelecida há 14 anos e foi marcada por escassos investimentos do setor privado. Hoje, o funcionamento do grupo é sustentado, em grande parte, pelo apoio da Secretaria de Esportes. O principal objetivo é ampliar o desenvolvimento do vôlei na cidade, por meio da realização de eventos esportivos. Quanto ao antigo time do Caramuru, Aplewicz explica que a equipe não agregou nenhuma visibilidade significativa à modalidade para Ponta Grossa e que, no momento, a participação na Superliga não consta nos planos. “Creio que isto não seria uma realidade para nenhuma entidade da cidade, até porque só participou de uma Superliga anos atrás por meio de uma equipe de Castro”, afirma. 

Para participar da Superliga há uma estrutura de taxas e valores. O custo de inscrição é fixado em 20 mil reais. No entanto, há incentivos para equipes que mantêm uma presença contínua no campeonato: a cada série de três participações consecutivas ou não, recebe-se um desconto de 10% no valor da taxa, com limite mínimo de dois mil reais. Para os times que planejam participar de torneios internacionais, exceto os campeonatos da CBV e FIVB, o valor é de oito mil reais. Em relação à logística das equipes, qualquer alteração de sede, seja de município ou estado, implica em um custo de 300 mil reais, dividido entre a CBV, a Federação Sede e a Federação de destino. 

“A Secretaria tem transportado as atletas aos aeroportos de PG e Curitiba”.

– Rubia Aguiar

NBPG 

Em 2013, surge o projeto Novo Basquete Ponta Grossa (NBPG), sob gestão da Liga Desportiva Ponta Grossa (LDPG). O time ponta-grossense conquistou quatro títulos estaduais consecutivos, de 2015 a 2018, além de, em nível nacional, a Supercopa 2018 e o Campeonato Brasileiro de Clubes de 2019. 

No entanto, desde 2022, a LDPG enfrenta a ausência de um time profissional na cidade. A extinção da equipe se deve principalmente a questões financeiras, incluindo a falta de patrocínio do Grupo CCR, que afetou diretamente a viabilidade financeira do projeto. Vale lembrar que no início de 2024, foi anunciado que a cidade voltaria à principal liga do basquete feminino com o Ponta Grossa Basquete/LDPG, com patrocínio da Prefeitura de Ponta Grossa e de algumas empresas, além do apoio do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC). 

Atletas questionam o incentivo ao esporte da Prefeitura de Ponta Grossa. Foto: Emelli Schneider.

Segundo o secretário de esportes da prefeitura, Ben Hur Chiconato, a secretaria é uma das grandes aliadas do basquete da cidade, das categorias de base até o time adulto. No caso da atual equipe, o auxílio é focado no transporte. “A Secretaria tem transportado as atletas da LDPG e adversárias nas locomoções locais e aos aeroportos de Ponta Grossa e Curitiba”, explica. 

De acordo com a vice-presidente da LDPG, Rubia Aguiar, o time que atualmente disputa a Liga surgiu da Confederação Brasileira de Basquete, por meio de um convite da associação. Segundo ela, o plano é manter a equipe na LBF. “A gente já tem muitas conversas para manter a liga, visto a movimentação que ocasionou na cidade, buscando parceiros e patrocinadores para manter o time na LBF”, afirma. 

Basquete Liga Desportiva de Ponta Grossa (LDPG).

Futsal 

PG tem uma forte tradição no futsal, com o surgimento e ascensão de times como o Santa Paula e o Keima. O Keima Futsal, patrocinado pelo empresário Tércio Miranda, abandonou a participação na Chave Ouro do campeonato paranaense por dificuldades financeiras e encerrou as atividades ainda no ano de 2015. A situação citada realça os principais desafios enfrentados pelas equipes desportivas e a importância do apoio financeiro para a sustentabilidade e o sucesso dos projetos de Ponta Grossa.

A Associação Campos Gerais de Futsal (ACGF) foi fundada em 2015, com o objetivo de inscrever-se na Liga Paranaense de Futsal. A longo prazo, pretende retornar à Liga Paranaense adulta e almeja participar da Série Bronze em 2025. A pretensão é investir em novos talentos, tanto masculinos quanto femininos, aumentando a representatividade de Ponta Grossa no cenário da modalidade. 

A falta de investimentos públicos e privados é um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento desses esportes e impede que as equipes locais participem ativamente de campeonatos e competições. 

Na participação em competições de futsal, o regulamento da competição estabelece uma estrutura de remuneração para os jogos disputados ao longo das fases da competição. Na 1ª fase da Série Ouro, o valor por jogo é fixado em dois mil e duzentos reais. À medida que a competição avança, as taxas são ajustadas: nas 2ª e 3ª fases, o montante é elevado para dois mil e oitocentos reais por partida e inclui a remuneração do representante da FPFS. 

A Secretaria de Esportes diz que voltar a jogar os campeonatos das modalidades tratadas na reportagem será resultado de uma série de fatores. Segundo Chiconato, “a secretaria oferece uma parte da estrutura para a formação e fortalecimento das categorias de base, que é uma das maiores sustentações de futuros times adultos”. Porém, ele diz que nada disso é possível se não houver iniciativa de clubes da cidade, que precisam do suporte da Secretaria e do apoio do poder privado.

Reportagem e Fotos: Emelli Schneider e Vanessa Galvão

Edição e publicação: Maria Eduarda, Gabriela Oliveira e Juliana Lacerda

Supervisão de produção: Ivan Bomfim e Gabriela Almeida


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