
CENSE promove projetos de ressocialização de jovens infratores
Projetos desenvolvidos objetivam a reeducação e o cuidado com a saúde dos adolescentes
| Por Gabriel Ribeiro
Quando pensamos no sistema penitenciário de Ponta Grossa, a primeira referência é a Cadeia Pública Hildebrando de Souza, voltada para Pessoas Privadas de Liberdade (PPLs). Porém o Centro de Socioeducação de Ponta Grossa (CENSE) segue um modelo diferente, focando na ressocialização de menores infratores, especialmente por meio da educação. O órgão atua para reinserir jovens de 12 a 21 anos na educação e garantir seus direitos humanos e fundamentais, reafirmando esses princípios como bases da cidadania no município.
O diretor assistente do Centro de Socioeducação Regional de Ponta Grossa, Everton Ribas de França, destaca que o maior desafio é combater os estereótipos. A sociedade culpa os adolescentes pela violência e exige medidas repressivas, ao invés de investir em políticas sociais transformadoras. “Na verdade, quando o indivíduo chegou aqui, o estado já falhou com aquele adolescente em diversas outras áreas da sociedade”. O problema é muito mais social. Existe uma trajetória até ele chegar aqui”, explica França. Na instituição os adolescentes são separados em oito casas, com dez alojamentos que comportam em média 12 internos. Atualmente o CENSE tem 32 internos.
Everton reforça que os jovens em regime de internação são incentivados a participar em atividades, com objetivo de romper com ciclos de violência e oferecer perspectivas de futuro. “A gente faz esse trabalho até mesmo em conjunto com a família, para que esses adolescentes não voltem a cometer essas infrações após a sua saída daqui”. Dentro do Centro de Socioeducação de Ponta Grossa são feitos projetos, entre eles a complementação da escolarização individual, cursos de formação profissional, atendimento médico e odontológico completo, entre outros serviços.
Projeto Sociointegrativa
Um dos projetos que se destaca dentro do CENSE é o Sociointegrativa, que surgiu em 2023 e é desenvolvido por servidores voluntários. O objetivo do projeto é promover a melhoria da qualidade de vida de adolescentes e trabalhadores por meio da expansão do acesso ao cuidado em saúde proporcionado pelas Práticas Integrativas e Complementares.
Responsável pelo atendimento odontológico no CENSE e parte da equipe de saúde que desenvolveu o projeto, Alessandra Martins, relata que a proposta surgiu através da observação dos internos pela equipe de saúde. Alessandra comenta que seria possível dar conta de algumas demandas de saúde utilizando recursos terapêuticos mais integrativos e complementares propostos pelo projeto. Com isso foi possível implementar métodos não convencionais de tratamento, como auriculoterapia, meditação e fitoterapia. Segundo ela, um dos grandes problemas que surgem é o enfrentamento da insônia e ansiedade, tanto dos adolescentes internos quanto dos servidores do CENSE. “[Com uma ação fruto do projeto, conseguimos dar uma driblada nesses problemas antes de encaminhar esse adolescente para um nível psiquiátrico e fazer o uso de medicamentos mais fortes”, afirma Alessandra.
Todo o trabalho realizado e que se desenvolve pelo órgão é feito com o suporte de parcerias externas, como entidades municipais voltados à saúde, assistência social e proteção da criança e do adolescente. Além da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Conselhos Tutelares, e Varas da Infância e Juventude. E os órgãos que acompanham os internos judicialmente, como Ministério Público, Polícias Civil e Militar.
Reportagem: Gabriel Ribeiro
Foto: Gabriel Ribeiro
Edição e Publicação: Gabriel Aparecido, Mariana Borba, Ana Beatriz, Eduarda Macedo.
Supervisão de produção: Manoel Moabis e Aline Rios