Doação de sangue em PG mobiliza menos de 1% da população

Doação de sangue em PG mobiliza menos de 1% da população

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A doação de sangue é um ato de solidariedade que impacta diretamente milhares de pessoas todos os anos. Em Ponta Grossa e em todo o Paraná, iniciativas como o Junho Vermelho e campanhas ao longo do ano buscam mobilizar a população para garantir que os estoques estejam sempre em níveis seguros. Mas, para além das campanhas, especialistas, doadores e receptores reforçam que é preciso cultivar a doação como um hábito regular.
No Paraná, segundo dados da Secretaria de Saúde, foram registradas mais de 22 mil doações durante a campanha do Julho Vermelho. O estado se destaca tendo 2,4% de doadores regulares, índice acima da média nacional, que é de 1,8%. Porém em Ponta Grossa, de acordo com o Hemepar, apenas 0,21% da população doa sangue regularmente.
Em nota o Hemepar estima que se cada pessoa doasse sangue ao menos duas vezes por ano, não haveria necessidade de campanhas emergência. Apesar de a situação estar relativamente confortável, a estabilidade é frágil. Isso porque alguns hemocomponentes têm validade de apenas cinco dias, tornando essencial que o fluxo de doadores seja constante.
Para cada bolsa de sangue coletada, cerca de 450 ml, podem ser beneficiadas até quatro pessoas, seja em cirurgias, acidentes ou no tratamento de doenças como anemia. Nelson Camargo tem 62 anos e foi um dos beneficiados pela doação, passou por uma cirurgia de substituição de válvula cardíaca no ano de 2012 e precisou fazer uma transfusão de sangue durante o procedimento. “O médico me contou que eu perdi mais de um litro e meio de sangue. Naquele momento, uma pessoa que eu nem conheço salvou a minha vida e a partir daí que eu entendi que a doação é necessária, importante e essencial”, relata. A experiência transformou a rotina da família de Nelson: “hoje todos que podem doar participam desse gesto”.
Segundo o Hemepar, o perfil de doadores predominante em Ponta Grossa é formado por pessoas entre 29 e 50 anos, em sua maioria mulheres, e doadores de repetição, aqueles que já tornaram a prática um hábito, como José Roberto Costa de 50 anos que doa sangue desde de 2021. Ele conta que faz duas doações anuais, em períodos estratégicos: no inverno, quando há queda no número de doadores, e no final do ano, quando aumenta a demanda devido a acidentes. “A importância precisa estar sempre na preocupação de ajudar o próximo”, afirma Costa.
Nos bastidores da saúde, a importância do sangue disponível é cotidiana. Felipe Andrade da Fonseca, que trabalhou por dois anos na UPA e dois anos no Pronto Socorro, relata: “No Pronto Socorro já presenciei diversos casos que precisaram de transfusão, como vítimas de acidentes automobilísticos ou pessoas baleadas. Nesses casos, a rapidez em ter o sangue à disposição é decisiva”. Ele explica também que em situações emergenciais muitas vezes é utilizado o tipo O negativo, considerado universal. “É o que menos daria problema para qualquer pessoa. Depois, caso a pessoa precise de mais uma bolsa de sangue, aí é feito a tipagem sanguínea do paciente para continuar a transfusão”, descreve.
Segundo a Secretaria de Saúde do Paraná, o maior desafio para manter os estoques em níveis seguros é o fluxo regular de doadores. As campanhas têm efeito positivo, mas muitas vezes provocam picos seguidos de queda na procura. No inverno, doenças respiratórias afastam os doadores. Já no verão reduz a procura ao mesmo tempo que aumenta a demanda devido ao crescimento no número de acidentes. Para conter essas oscilações, o hemocentro de Ponta Grossa organiza campanhas em datas estratégicas, como o Dia Internacional do Doador de Sangue, no dia 14 de junho, e o Dia Nacional do Doador, no dia 25 de novembro. Nessas ocasiões, empresas parceiras oferecem brindes e lanches diferenciados como forma de incentivo. Além disso, coletas móveis são realizadas em municípios da região dos Campos Gerais, aproximando a oportunidade de doar daqueles que não vivem em Ponta Grossa.
O processo da doação é simples e seguro. Podem doar pessoas entre 16 e 69 anos, com peso mínimo de 51 kg e em boas condições de saúde. No dia, é importante estar bem alimentado, hidratado e descansado, evitando refeições gordurosas nas horas anteriores. O procedimento inclui cadastro, triagem clínica, exame rápido para a verificação de anemia e, por fim, a retirada de aproximadamente 450 ml de sangue. Os impedimentos variam de temporários a definitivos e a lista completa está disponível no site da Secretária de Saúde do Paraná. Homens podem doar a cada 60 dias, chegando a quatro vezes por ano, enquanto mulheres podem doar a cada 90 dias, até três vezes anuais.

Reportagem: Radmila Baranoski

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Edição e Publicação: Ana Beatriz Paiva e Joyce Clara

Supervisão de produção: Manoel Moabis e Aline Rios


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