Fibromialgia: tratamentos e opções para uma dor invisível

Fibromialgia: tratamentos e opções para uma dor invisível

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A doença é crônica, mas o tratamento pode restabelecer a qualidade de vida dos pacientes

A fibromialgia é uma doença que se manifesta por meio da dor no corpo, principalmente nos músculos. Além da dor, há sintomas de cansaço, sono não reparador (acordar cansado), depressão, ansiedade e alterações de memória,  atenção e intestinais. Uma grande característica da fibromialgia é a  sensibilidade ao toque físico.

 De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, alguns fatores contribuem com o desenvolvimento da fibromialgia. São eles: sono de má qualidade, entorses (ruptura ou estiramento doloroso de um dos ligamentos) repetidas ou uma lesão. Além disso, a forma como o paciente reage ao estresse pode interferir em como a dor se manifesta.

 Ainda de acordo com a Sociedade Brasileira de Fibromialgia, o diagnóstico da doença  é baseado nos sintomas e na avaliação clínica, não requerendo exames específicos para confirmar sua presença. Os critérios comumente usados para detectar a presença da fibromialgia são: a dor por mais de três meses em todo o corpo e presença de pontos dolorosos na musculatura.

 O tratamento da fibromialgia é realizado por meio de medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e antidepressivos que atuam no sistema nervoso e no psicológico do paciente. O tratamento também pode incluir terapias físicas, adaptação no estilo de vida, suporte emocional e terapias complementares como acupuntura e fisioterapia. 

A aposentada Fátima Dias relata que a combinação de medicamentos e massoterapia ajudam a lidar melhor com as dores que afetam várias áreas da sua vida. “Comecei a sentir dores na coluna. Demorou até eu descobrir que sofria de fibromialgia e dar início ao tratamento. Enquanto isso, passei muito tempo afastada do trabalho pelo INSS porque trabalhava como secretária e passava muitas horas na mesma posição, o que piorava as dores. Hoje vivo e lido melhor com a doença”, declara a aposentada.

 A massoterapia citada por Fátima é uma técnica de massagem com o intuito de promover o bem estar físico e emocional, conhecida pelo seu estímulo relaxante. O massoterapeuta Anderson Seixas destaca alguns benefícios que essa técnica pode oferecer a pacientes com fibromialgia, que vão desde a diminuição de estresse e remédios até o alívio de partes específicas do corpo. Para Anderson, voluntário do Grupo de Apoio Temos Fibromialgia, que atua em Ponta Grossa há cerca de cinco anos, a maior gratificação pelo trabalho voluntário é fazer a diferença na vida das pessoas. Ele destaca o caso de uma paciente que não conseguia mais abrir as mãos por conta da fibromialgia e que conseguiu se recuperar com a ajuda da massoterapia. 

 Outro tratamento não medicamentoso que auxilia no combate às dores e ajuda a restabelecer a qualidade de vida dos pacientes é a fisioterapia. Ela melhora o controle da dor e aumenta a capacidade funcional do paciente com fibromialgia. 

 A fisioterapia promove bem-estar por meio das atividades físicas e garante efeito analgésico devido à liberação de endorfinas e alivia a dor.  O fisioterapeuta Thiago Blakleitz conta que a motivação para trabalhar e ajudar pacientes com fibromialgia vem justamente da oportunidade de auxiliar no alívio das dores deles que acontece praticamente de forma imediata. “A motivação é ver a pessoa entrando no consultório, com cara de dor e reclamado e sair agradecendo o trabalho feito. Isso motiva porque alguns pacientes dizem que nem os remédios estavam fazendo efeito”.

  O fisioterapeuta utiliza a técnica da liberação com os seus pacientes, que consiste em  aplicar pressão em alguns pontos do corpo a fim de liberar a fáscia do músculo – tecido fibroso que recobre os músculos do corpo.

   Outro tratamento  alternativo , é a auriculoterapia. Segundo o site da especialista Lirane Suliano, a técnica é uma especialidade da acupuntura caracterizada pelo uso de pontos específicos nas orelhas para o tratamento de sintomas associados a diferentes doenças. No caso da fibromialgia, os pontos principais são o do Sistema Nervoso Central, Sistema Nervoso Autônomo e analgesia. A depender do caso, outros pontos também podem ser usados no tratamento. A vendedora autônoma Aline de Souza relata que, além do tratamento medicamentoso, a auriculoterapia a ajuda a ter uma boa qualidade de vida pelo alívio das dores. “A combinação entre remédios e a auriculoterapia tem sido importante para mim. São dores crônicas, porém, mais suportáveis após conciliar o tratamento medicamentoso com a auriculoterapia”, relata Aline.

Imagem: Gabriela Oliveira

Grupo de Apoio Temos Fibromialgia

 Convivendo com a fibromialgia há vinte e cinco anos, Adriane Scremin é coordenadora do Grupo de Apoio Temos Fibromialgia. De acordo com ela, o nome é “um grito a ser ouvido e ecoado”. Os encontros são quinzenais e ocorrem na rua Bituruna, número 766, no bairro de Uvaranas em Ponta Grossa. 

 O Grupo é aberto a comunidade devido a atenção primária à saúde. Segundo o Ministério da Saúde, “é algo caracterizado por ações que abrangem a promoção e proteção da saúde, além de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação com a finalidade de impactar a saúde das coletividades”.

 Atualmente, o Grupo de Apoio atende cerca de 400 pessoas e oferece serviços gratuitos de fisioterapia, auriculoterapia, roda de conversa, massoterapia, quiropraxia e atendimento psicológico. 

Para Adriana Scremin, é importante que o trabalho atenda toda a comunidade interessada. “A importância é muito grande porque, atualmente, o tratamento para a fibromialgia custa cerca de cinco mil reais. Infelizmente, não é todo mundo que tem condições financeiras para isso e vale lembrar que é um tratamento para vida toda”, explica.

 Segundo dados de 2022 da Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor (SBED), cerca de 3% da população brasileira sofre com dores físicas e incapacitantes causadas pela fibromialgia. Ainda de acordo com a pesquisa, a doença é mais recorrente em mulheres. Em 90% dos casos diagnosticados, a faixa etária das pacientes é de 25 aos 50 anos. 

 “A fibromialgia é ir ao médico e não se curar”. A frase dita pela paciente e frequentadora do Grupo de Apoio desde 2018, Márcia Guedes, reflete a angústia da maioria das pessoas que têm fibromialgia. Sofrendo com os inúmeros sintomas da doença desde cerca de 2018, ela conta que começou a sentir dores nas pernas e chegou a usar morfina para tentar aliviar. O quadro dela se agravou após ser demitida do trabalho. O estresse pela demissão e os cuidados com a casa a sobrecarregaram e potencializaram os sintomas. De acordo com ela, além do corpo, a doença afetou também o psicológico pela invisibilidade da fibromialgia porque muitas pessoas não entendem o que é e quais as dificuldades envolvidas.

 No caso de Márcia Guedes, os tratamentos alternativos como, por exemplo, a fisioterapia juntamente com as atividades físicas ajudam a manter a qualidade de vida e aliviam as dores causadas pela doença.

 A fibromialgia é uma condição médica que requer conscientização e compreensão. Ela é uma doença que desencadeia mais de 100 sintomas como, por exemplo, fadiga, alteração no sono, sensibilidade ao toque físico, problemas psicológicos, além da dor crônica e generalizada que causa sensação de queimação ou pontadas ou rigidez.

Reportagem e Foto: Gabriela Oliveria

Edição e publicação: João Fagundes e Heloisa Ribas Bida

Supervisão de produção: Ivan Bomfim e Gabriela Almeida


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