Passageiros reclamam de más condições do transporte público em Ponta Grossa

Passageiros reclamam de más condições do transporte público em Ponta Grossa

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Apesar disso, relatório aponta que os veículos estão totalmente limpos

O tempo máximo de uso do transporte coletivo da Viação Campos Gerais (VCG), sendo eles ônibus convencionais ou articulados em Ponta Grossa, é de oito anos. Para os micro-ônibus a vida útil se estende no máximo a oito anos. Essas diretrizes estão promulgadas pela Lei Municipal 7.018/2002.A discussão que visava aumentar o tempo de vida útil dos ônibus para 14 anos passou pela Câmara Municipal de Ponta Grossa pelo Projeto de Lei Ordinária 424/2023, entretanto a proposta foi vetada pelo Legislativo do município. Com isso, os transportes públicos mais antigos podem necessitar de mais manutenção, além de apresentarem estragos pelo tempo de uso e degradação dos usuários dos ônibus.

Na visão dos passageiros, o  aumento na vida útil dos transportes públicos acarretaria problemas de funcionamento, como paradas no meio da rota, entre outros. Na linha Terminal Central os passageiros que responderam a um formulário sobre transporte público relatam estes problemas. Alan Espíndola destaca que já esperou horas para que uma equipe de manutenção solucionasse um problema no motor do ônibus. “Fiquei extremamente frustrado pois perdi uma prova na universidade”, relata. Com o atraso ele não conseguiu abonar sua falta por não ser uma justificativa “plausível”. Loriane Carneiro reforça  a problemática com as paradas técnicas, entre a espera na chegada de outro ônibus ainda na linha Central.

Elizabeth Fernandes, usuária das linhas Jardim Giana e Terminal Central – Oficinas, relembra outros incômodos durante o percuros, como veículos barulhentos e mau cheiro. Ela relatou que quando o ônibus passa por lombadas ou travessias elevadas nota-se que o ônibus balança e “pula” muito, já que o impacto é sentido diretamente pelos passageiros. Alana Jamile Rodrigues relata os mesmos problemas, porém na linha Catarina Miró. De acordo com a usuária, essas situações em que os ônibus param no meio da rota geram atrasos e preocupação, especialmente se for um local afastado ou sem muitas opções de transporte.Nessas situações, a busca por alternativas, como aplicativos de transporte ou caronas, podem ajudar a minimizar o transtorno, afirma Rodrigues.

No mês de março, a aluna do curso de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Isabelli Piva, relatou um problema durante seu trajeto. A aluna estava na rota terminal Uvaranas – Nova Rússia quando o ônibus pegou fogo. Ocorreu um problema na plataforma para  cadeirante que sobrecarregou o ônibus, então a mecânica incendiou e os passageiros tiveram que descer do transporte. Piva nunca havia passado por situações como essa, já que em sua cidade natal, Borrazópolis, não possui transporte público.

Francisco Antonio Melo é mecânico há 40 anos e especializado em veículos grandes, como ônibus e caminhões. Conforme Melo, é comum que um transporte público circule de dez a quinze anos em média, variando de cada cidade, porém é possível verificar a falta de manutenção nos ônibus o veículo apresenta problemas nos freios ou pneus, como a má calibração, pneus carecas, ou até mesmo a instabilidade causada pela falta de uma suspensão revisada. “O motor, querendo ou não, é também uma das partes do ônibus que a gente enquanto usuária vê que tem algo errado. Por que isso acontece? Porque quando o ônibus para todo mundo sabe “, destaca. Francisco explica que a falha do motor se dá mais comumente pelo superaquecimento ou perda de potência. A falta de manutenção, segundo o mecânico, são falhas no sistema elétrico, que causam problemas na iluminação, sinalização, portas que funcionam corretamente, o que representa um risco de segurança para os passageiros; além disso, também são riscos aos passageiros quando o veículo apresenta vazamentos, seja de óleo, combustível ou fluído de freio, problemas na própria estrutura do ônibus e a falta de itens de segurança básica.

No quesito conservação dos ônibus e limpeza, de acordo com a Secretaria Municipal da Infraestrutura e Planejamento de Ponta Grossa, 111 veículos foram vistoriados em janeiro. Essa vistoria busca avaliar itens como: ausência de barro ou poeira nas partes internas e externas dos veículos, ausência de lixo no interior do ônibus,bem como a ausência de mau odor no ambiente. Segundo o relatório de limpeza, todos os veículos atenderam 100% aos critérios, ou seja, todos estavam limpos conforme os padrões avaliados dos dias 01 a 31 de janeiro de deste ano. Para quem usa o transporte público diariamente o cenário de limpeza é diferente.

Isabele de Melo conta que, voltando da faculdade na linha Terminal Uvaranas – Central, estava sentada no fundo do ônibus e viu que tinha várias baratas. Sobre a circulação do ar, a passageira aponta que as janelas pequenas muitas vezes não abrem. “Nunca vi um ônibus no qual funcionava o ar-condicionado ou que não fizesse um barulho estridente”, conta a aluna.

A maioria das pessoas que responderam ao formulário afirmaram que não chegaram a prestar reclamações formais para plataformas colaborativas, como o Reclame Aqui. Porém, outras pessoas fizeram as mesmas reclamações no site. Conforme relato de uma usuária do site, “A VCG está com ônibus desgastados velhos que quebram a todo momento e deixam seus usuários chegarem atrasados no serviço e em seus compromissos, e na maioria das vezes os ônibus estão em atraso em seus horários.” A cliente fez a reclamação no dia 19 de março, a Viação Campos Gerais (VCG), respondeu no dia 23 lamentando a má experiência. Conforme aponta Luana, que reclamou no site, nas considerações finais sobre a empresa, a empresa não se importa com os clientes realmente. A VCG apresenta uma taxa de não recomendação de 50% das pessoas que fizeram suas reclamações no Reclame Aqui. No último ano foram registradas 17 solicitações de contato falando sobre a conservação dos ônibus destas apenas 35.3% das reclamações recebidas foram respondidas e ainda aguardam uma resposta da empresa.

Um incêndio no elevador para cadeirantes causou atraso na rotina dos passageiros | Foto: Isabelli Piva

Reportagem: Eduarda Macedo

Fotos: Isabelli Piva

Edição e publicação:  Mel Pires e Laura Urbano Janiaki

Supervisão de produção: Manoel Moabis e Aline Rios

 


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