Rodando no Rondon, as experiências de um paranaense no Amapá

Rodando no Rondon, as experiências de um paranaense no Amapá

Foi a primeira vez viajando de avião. A ansiedade era grande e o medo da altura maior ainda. A decolagem foi tranquila, pela janela do avião via o cerrado, as nuvens, as barragens nos rios, as cidades e comunidades. De Curitiba a Brasília, de Brasília a Macapá. Foram pouco mais de duas horas em cada uma das viagens. O Projeto Rondon já está aí, prestes a começar, são somente questões de horas. O piloto então nos prestigia, “Agradeço aos alunos, professores e todos os envolvidos aqui que estarão presente no Projeto Rondon. Desejo um bom trabalho e aplauso aos senhores”. A euforia começou ali, no ar, com gritos, risadas e muita conversa. A iniciativa do projeto Rondon, por incrível que pareça, nasceu no período da ditadura militar como forma de capacitar alunos e professores universitários quanto às questões de extensão e cidadania. E a minha empreitada estava relacionada nas oficinas de comunicação.

Vários rios começaram a surgir, até o piloto falar que era Rio Amazonas. Não tem como descrever a beleza dessa imensidão de água com tonalidade marrom. É tanta água que surgem ilhas enormes e nelas florestas intactas. Caiu minha ficha ali que realmente tudo estava acontecendo, estava em um avião tendo vista panorâmica do Rio Amazonas e ainda vendo comunidades que vivem dessa maior bacia hidrográfica do mundo.

O avião pousou. Chegamos em Macapá. Minha primeira impressão ao chegar na capital amapaense seria os desafios dos próximos dias: o calor de 30º C, o bafo quente e úmido presente na região. Conheci o grupo da Unitau (Universidade de Taubaté) que trabalhará em Calçoene junto a nossa da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), também são compostos por oito alunos e dois professores, todos ainda tímidos. O Sargento Costa, nosso anjo, assim chamado os militares que serão responsáveis por cada grupo que atuará no estado, logo nos chamou para entrar no ônibus e nos levar ao batalhão 34º BIS, onde passamos nossos primeiros e últimos dias do projeto.

Foram dois dias no quartel. Se eu queria privacidade em algum momento, ali descobri que durante as duas semanas em que estaria ocorrendo o Rondon não teria. A primeira coisa que todos geralmente estranham é a alimentação, mas digo de passagem que foi a melhor coisa, tão temperado que é impossível esquecer o gosto forte. Logo peguei intimidade com o Matheus, um dos integrantes do nosso grupo da UEPG. Estávamos tão expostos a sentimentos aflorados que logo se tornou meu melhor amigo naquele momento.

Pela manhã, os militares nos instruíram sobre a realidade dos municípios. “O calor pode estressar vocês que não estão acostumados. A exaustão também será difícil de aguentar. Nas cidades vocês irão ver pobreza, pessoas oferecendo ouro para comprar, não aceitem!”. O melhor momento foi a nossa coroação. Colocar o distintivo, o chapéu do rondonista é incrível; e nos tornamos oficialmente rondonistas. E a interação também foi feita com outros estudantes de outros estados, um caldeirão de culturas, sotaques e experiências. Fizemos jogos para nos conhecer melhor, de um grupo de quase quarenta pessoas, nem os professores eram heteros.

Militarmente, às cinco da manhã, tiros e música da banda do exército. “Bom dia rapazes, acordem para esta manhã maravilhosa. Hoje teremos um dia longo. Arrumem suas coisas e não esqueçam de nada” gritou o general responsável pela Operação Rondon no alojamento masculino, e assim começou nosso dia para o deslocamento até as cidades que serão acolhidas pelas equipes. Logo entramos na condução que não coube nem as malas de viagem. Foram seis horas e vinte minutos percorrendo 364 km de estrada até Calçoene, a cidade mais longe de toda a Operação. Quando chegamos ao município, era pouco mais de uma da tarde. Fomos recebidos por secretários da cidade e também por nossa cozinheira, Dona Eliane. Almoçamos e começamos a arrumar nosso alojamento numa escola de educação infantil. Nos acomodamos e tiramos um tempinho para descansar.

Fico interessado em saber o final da saga? Leia a matéria na próxima edição da revista Nuntiare.

 

Ficha técnica:

Reportagem: Leonardo Duarte

Fotos: Leonardo Duarte

Edição e Publicação: Leonardo Duarte

Supervisão de produção: Marcos Zibordi

Supervisão de publicação: Candida de Oliveira e Muriel E. P. Amaral[Best_Wordpress_Gallery id=”11″ gal_title=”All images”]

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