Revista Muitas Vozes lança novo número com dossiê comemorativo do centenário de Clarice Lispector

Revista Muitas Vozes lança novo número com dossiê comemorativo do centenário de Clarice Lispector

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A Revista Muitas Vozes se junta às comemorações dos 100 anos de nascimento de Clarice Lispector com o lançamento deste Dossiê exclusivamente voltado para a produção da autora. Nesta oportunidade, é importante destacar o caráter monumental da produção de Clarice Lispector: trata-se de uma dicção única em língua portuguesa, com a invenção de um universo próprio, construído no âmbito de um projeto literário consciente e desafiador.
Clarice Lispector foi capaz de pensar a literatura brasileira e o seu lugar nela desde seus primeiros livros, quando se diferencia do que vinha sendo produzido no Brasil por meio da singularidade de um discurso a um só tempo introspectivo e especulativo. O questionamento existencial de base presente na obra de Clarice se anuncia como singularidade no conjunto da produção brasileira na medida em que traz a figura feminina para o centro da enunciação literária, tanto na dinâmica da autoria como na apresentação de uma galeria de múltiplas personagens femininas, todas problematizadas pelas profundas indagações existenciais que movem
o discurso clariceano: quem sou eu? eu sou um bicho? o que é Deus? onde está Deus? o que é isso que eu digo?
Paralelamente ao tom filosófico e especulativo, Clarice revela a consciência do fazer literário como discurso engendrado em um meio de pré-determinações sociais e culturais, o que a autoriza, em livros fundamentais como A Maça no escuro ou A Hora da Estrela a desafiar o modo de funcionamento da literatura e a propor-se como movimento capaz de juntar vida e palavra, com a honestidade desconcertante de quem diz “Eu acho que quando não escrevo estou morta”, em sua última entrevista.
Confiram!

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