A identidade polifônica de Clarice Professores e alunos debateram as contribuições de Clarice Lispector para o Jornalismo e Literatura.

Na noite dessa quarta-feira, dia 17, o Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em Jornalismo da UEPG realizou mais uma edição do Diálogo, evento este que possui a intenção de debater as contribuições de personagem a partir das óticas da História, Jornalismo e Literatura. A homenageada deste semestre foi a jornalista e escritora Clarice Lispector e contou com a presença dos professores Silvana Oliveira (UEPG), Paula Melani Rocha (UEPG), Fernando Zan Vieira (Faculdade Sant’Ana). O Diálogos foi mediado pelo mestrando em Jornalismo, Felipe Adam.

A Prof Silvana Oliveira iniciou o evento ao analisar as obras estratégicas de Clarice. Citou “Perto do Coração Selvagem”, romance de estreia de Clarice, publicado em 1943; “A Paixão Segundo G.H.”, romance de 1964 que discute a religião e as demais reflexões nela inseridas e “A Hora da Estrela”, de 1977, cujo livro será o primeiro romance de Clarice que terá um narrador masculino. Durante a fala, a Prof Silvana alertou que os textos de Clarice necessitam ser experimentados, já que ela se inseria na sociedade patriarcal através de múltiplas vozes, representadas por seus pseudônimos. “Vivemos num mundo que não há tempo para a reflexão. É preciso ler com calma”, apontou a docente.

Em seguida, a Prof Paula Melani Rocha avaliou a trajetória de Clarice no jornalismo. Antes, resgatou um processo histórico da imprensa feminista e feminina. Sobre a autora em si, embora tenha cursado Direito na UFRJ, em 1940 começa a trabalhar como tradutora da Agência Nacional, onde cobre os eventos do Governo Federal e da primeira-dama, Sra Darcy Vargas. Depois, viria ainda a atuar como redatora e colunista de jornais. Em 1968, por exemplo, se destacaria pela seção Diálogo Possíveis na revista Manchete. Lá, faria entrevistas em primeira pessoa, onde apresentava um perfil introdutório do entrevistado, com exposição do cenário e gestos, ou seja, daria ênfase na observação e humanização advindos do jornalismo. Nesse periódico, realizaria 83 entrevistas. Na década de 1970, Alberto Dines a convidou pra escrever uma coluna o Jornal do Brasil. Diante dessa experiência, a professora Paula Melani Rocha destacou que a participação atuante de Clarice nos 40 anos que ela dialogou com o jornalismo, ajudou também a construir a história da profissão.

Por fim, o professor Fernando Zan Vieira abordou a representação da mulher na literatura. Antes, aborda como o teatro transforma a mulher em objeto. Ao longo de inúmeras obras, há uma crítica social feminina, com questões sociológicas onde as mulheres são tratadas coo um grupo oprimido, marginalizado, perseguido. “Onde está o protagonismo feminino? É inexistente. Se tiver, é objeto do masculino e isso é perturbador”, reflete Vieira.

O evento Diálogos foi a atividade inaugural do Encontro Paranaense de Pesquisa em Jornalismo que continua nos dias 18 e 19 de outubro à tarde, com lançamentos de livros e apresentação de trabalhos. Na quinta, o professor Sérgio Gadini apresenta a sua mais nova obra, “Ombudsman no Jornalismo Brasileiro” e na sexta, Guilherme de Paula Pires debate sobre seu livro, “Jornalismo Científico na Revista Piauí”. A entrada é franca.

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