A Literatura em Ponta Grossa: A contribuição de Anita Philipovsky

A Literatura em Ponta Grossa: A contribuição de Anita Philipovsky

Anita Branco Philipovsky, também chamada de Anita Philipowski, Annita Philipowski ou Annita Philipowsky (Ponta Grossa, 2 de agosto de 1886 – Ponta Grossa, 30 de março de 1967) foi uma contista, poetisa e novelista brasileira. Seu pai, o engenheiro Carlos Leopoldo Philipovsky, nasceu em 1846 na cidade de Kokošovce, pequeno vilarejo então pertencente ao Império Austríaco, mas que hoje corresponde à Eslováquia no distrito de Prešov.

Quer como contista, poetisa ou novelista, desenvolveu extraordinária atividade intelectual, notadamente no período de 1910 a 1930, colaborando assiduamente em numerosos jornais e revistas da época. Fez parte do grupo das primeiras animadoras das letras femininas do Paraná, ladeada por Mariana Coelho, Mercedes Seiler, Maria da Luz Seiler, Zaida Zardo, Annette Macedo e Myrian Catta Preta. Em 1934, tentou publicar um livro de contos, o qual foi inutilizado pelo editor.

Os pontes da minha terra é seu poema mais divulgado, publicado pela primeira vez em Curitiba, em edição individual e integral, pela “Prata de Casa”, em 1936. Mais de duas décadas depois, em 1959, o mesmo texto saiu impresso, com pequenas modificações, em antologia realizada pelo Centro Paranaense Feminino de Cultura, e deve, muito provavelmente, ter recebido aprovação definitiva da escritora. Consta, em Rodrigo Jr. (1938), encontrar-se em fase de editoração sua novela “Eco”, além de duas outras obras do mesmo gênero, edições que não se efetivaram. Anita Philipovsky foi membro do Centro Cultural Euclides da Cunha, em Ponta Grossa.

Com a morte de seu pai, caiu sobre a poetisa, uma sombra de profunda tristeza e melancolia, seu semblante deixou de irradiar alegria e felicidade. Perdera seu grande admirador e incentivador, parecia que a vida já não tinha mais sentido. A partir de então, sua produção literária começou a declinar até cessar definitivamente. Grande sonhadora, tornou-se misantropa. No fim da vida, recolheu-se entre os velhos muros de sua residência, cuidando de seu jardim, suas rosas, enquadrados por aquele muro tão vivamente descrito em seus versos. Morreu em 1967 em Ponta Grossa e no que se tem registro, nunca se casou e não deixou filhos.

Em 1999 foi homenageada pela Academia de Letras dos Campos Gerais sendo a patrona da cadeira número 5. Anita Philipovsky foi se isolando cada vez mais, e, num ímpeto, destruiu voluntariamente boa parte de sua produção literária, entre as quais existiam várias novelas inéditas. Pode-se, com relativa facilidade, vislumbrar em sua produção suas mais prováveis leituras, o legado cultural herdado de Gonçalves Dias, Olavo Bilac, Baudelaire, Raimundo Correia, Rimbaud, Cruz e Sousa, Castro Alves, entre outros. Tal proliferação acaba revelando como a autora se posiciona em face da tradição literária.

À semelhança de seu pai, Anita era muito nacionalista, característica pontual em sua textualidade, além, é claro, conforme tendência da escrita feminina da época, de portar uma poética de caráter intimista. Ela investiga simultaneamente o mundo real através de subtextos paralelos, abrindo janelas para nós, não para dentro de mundos visionários, mas para dentro de textos que exploram sua própria vida, de sua família, a história, formação social, configuração geográfica, mapeando com esmero seu tempo.

A tendência, que se nota na produção feminina, de trilhar o caminho da autobiografia, em Anita, confirma-se apenas parcialmente. Tal projeção é facilmente comprovada em sua produção em prosa. Aí sim, a mulher fala de si própria. A obra de Anita Philipovsky não foge ao pacto fantasmático, no qual, segundo Lejeune, o leitor é convidado a ler os romances não só como “ficções” que remetem a uma verdade da “natureza humana” mas também como “fantasmas” reveladores de um indivíduo. Cria-se um espaço autobiográfico, no qual ficção e autobiografia dialogam, tão verdadeiras quanto elaboradas uma e outra.

A obra de Anita Philipovsky não foge deste pacto já que muitos de seus textos evocam sua cidade natal ou lugares por que passou, mas “personagens” quase sempre são familiares. Os próprios títulos de seus trabalhos apontam para o sentido do conjunto de sua produção, toda construída de intermitências entre momentos de encantamento e momentos de profunda tristeza.

 

Referências:

DE CAMPOS, Névio; MARCHESE, Elisa. Faris Michaele: Trajetória de um intelectual moderno. Olhar de professor, v. 13, n. 1, p. 185-199, 2010.

DE OLIVEIRA, Loraine Lopes; MARTINIAK, Vera Lucia. A escritora Anita Philipovsky: contribuições da literatura para a educação feminina nos Campos Gerais, PR. Quaestio-Revista de Estudos em Educação, v. 21, n. 3, 2019.

 

Autor: Bruno Desplanches

Acadêmico do 4º ano do Curso de Licenciatura em História da UEPG.

Ano: 2023.

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