Colônia Octávio e a presença dos alemães do Volga em Ponta Grossa
A partir do ano de 1878 começa a chegar nos arredores de Ponta Grossa um número expressivo de russo-alemães do Volga. Estes imigrantes habitavam, desde 1763, as regiões de Saratov e Sâmara, no Baixo Volga, próximo ao mar Cáspio, na Rússia. Com as perdas de autonomia e privilégios graças ao crescente nacionalismo do século XIX, muitos iniciaram o processo de emigração de tais regiões: retornaram para a Alemanha ou dirigiram-se aos Estados Unidos, Canadá, Argentina e Brasil, destinos mais procurados naquele contexto. Dom Pedro II, sabendo de tais acontecimentos e interessado no povoamento do interior do país, facilitou a vinda desse grupo étnico, sobretudo para a região Sul.
Mesmo com a presença de russos-alemães nos Campos Gerais desde 1870, foi apenas oito anos mais tarde que a instalação dos espaços coloniais organizou-se de maneira melhor estruturada, em três municípios: Ponta Grossa, Lapa e Palmeira. No primeiro, foi constituída a Colônia Octávio, afastada do centro urbano e subdividida em dezessete partes menores, onde foram estabelecidos um total de 2.381 imigrantes. A partir da Colônia Octávio, surgiram os núcleos coloniais de Uvaranas, Botuquara, Rio Verde, Floresta, Guaraúna, Taquari, Moema e Dona Adelaide.
Entretanto, por mais que os colonos estivessem voltados a agricultura no novo território, oportunidades de trabalhos na estrada de ferro, em franca expansão, provocaram o êxodo de vários colonos para as proximidades da cidade.
De fato, se muitos imigrantes permaneceram em núcleos coloniais, muitos também migraram para outras paragens da região. Notícia do jornal O Dezenove de Dezembro de 21 de julho de 1880 informava a necessidade de o diretor do núcleo Moema prestar contas sobre a construção de casa de moradia para pastor protestante na localidade. Entretanto, destacava também que a Tesouraria da Fazenda da província havia enviado ao coletor de impostos da cidade de Ponta Grossa cópias de lançamento de edital “para a venda, em hasta pública do material dos ranchos abandonados pelos colonos russos que se haviam estabelecido nesse município”( O DEZENOVE DE DEZEMBRO, 21/07/1880, p. 2)
Com o passar do tempo alguns núcleos estabelecidos a partir da Colônia Octávio tornaram-se bairros da cidade de Ponta Grossa, sobretudo a partir da segunda metade do século XX.
FONTES
O Dezenove de Dezembro, 21 de julho de 1880.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Cirlei Francisca Gomes; OLIVEIRA, Joselfredo Cercal de. Edificações escolares em Ponta Grossa a partir da gestão da “coisa pública” de Albary Guimarães. Ponta Grossa: Publicatio, jun. 2005, p. 97-110.
MIGRATION. Disponível em: <https://vgi.fairfield.edu/immigration/br/pr> Acesso em: 12 de set. de 2018.
PINTO, Elisabete Alves. A população de Ponta Grossa a partir do Registro Civil (1889-1920). Dissertação (Mestrado em História), Universidade Federal do Paraná, 1980.
Autor: Eduardo Leite Lisboa
Acadêmico do 4º ano do curso de Licenciatura em História UEPG
Ano: 2018
Revisão: 2019