Rio Iapó e Rio Tibagi na narrativa de Saint-Hilaire

Rio Iapó e Rio Tibagi na narrativa de Saint-Hilaire

Muitos viajantes estrangeiros que visitaram o Brasil no século XIX perpassaram por trechos de diversos rios. Foi o caso de Auguste de Saint-Hilaire, que cruzou a região dos Campos Gerais do Paraná em 1820. O botânico francês adentrou os Campos Gerais afirmando que eles começavam “na margem esquerda do [rio] Itararé” (Saint-Hilaire, 1995, p. 12), e não se furtou em descrever outros cursos de águas nos seus relatos sobre as riquezas naturais da região.

Na narrativa de Saint-Hilaire fica evidenciado que os rios não apenas tornavam a paisagem mais bela, mas possuíam uma notável variedade: alguns rochosos, turbulentos e volumosos, outros mais límpidos, planos e navegáveis; outros, ainda, com maior ou menor sortimento de plantas em suas margens. Dos rios descritos da região dos Campos Gerais, Saint-Hilaire deteve-se mais demoradamente sobre o Iapó e o Tibagi.

Sobre o Rio Iapó destacou especialmente a paisagem de suas margens, enfatizando o aspecto obscuro das águas em virtude da grande quantidade de araucárias ao longo do curso percorrido. Quando passou na vila de Castro, descreveu:  “O rio Iapó serpenteia aos pés desta, por entre arbustos de cujos ramos pendem líquens esbranquiçados, semelhantes às barbas de um velho e que balançam à mais ligeira brisa” (Idem, p. 74).  Por contas das chuvas que enfrentou nos Campos Gerais, Saint-Hilaire precisou acampar três dias em um local do rio chamado Barra do Iapó, próximo do ponto de deságua no Rio Tabagi.

Com relação ao Rio Tibagi, o botânico também relatou adversidades decorrentes das chuvas quando por ele cruzou. Classificou o Tibagi (após receber as águas do Iapó) como tendo “mais ou menos a mesma largura” dos rios franceses “de quarta ordem” ( Ibidem, p. 64) . Porém, sua narrativa enfatizou a riqueza de diamantes e ouro em seu leito. À época houve, inclusive, um intenso fluxo de aventureiros para exploração destes recursos minerais do rio até que um dos hospedeiros do viajante francês, o coronel José Felix da Silva, comunicou ao governo este fato. O governantes, então, se incumbiram de perseguir e expulsar os garimpeiros do território.

Saint-Hilaire não deixou de mencionar que outros viajantes anotaram que as origens dos nomes dos cursos de água na região procediam quase sempre da língua tupi-guarani. Iapó significava “rio do vale ou do pântano” (Ibidem, p. 63) e Tibagi provinha da união de duas palavras, “tyba, posto de comércio, e gy, machado” ( Ibidem, p. 65).

REFERÊNCIAS

SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem à Comarca de Curitiba. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1995.

Autores: André Angelo da Costa; Thiago Maceno dos Santos

Acadêmicos do 4º ano do curso de Bacharelado em História UEPG

Ano: 2019

Revisão: 2020

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