O Museu Campos Gerais, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, tem novo diretor de Acervo e Pesquisa desde o último mês. O professor Robson Laverdi, docente do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História, assume a função. Com o novo reforço, o professor Rafael Schoenherr, do Departamento de Jornalismo, responde agora pela direção de Comunicação e Mídia. Complementam o colegiado Niltonci Chaves, na direção geral, e Ilton Cesar Martins, na direção de de Ação Educativa e Extensão – sendo ambos docentes do Dehis.
Laverdi é bacharel e licenciado em História pela Universidade Federal de Uberlândia (1995), mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1998) e doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense (2003). Realizou estágio de pós-doutorado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (2010). Foi professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (1997-2012), com experiência na gestão de arquivo histórico.
Em 2008, foi professor visitante na Universidad Nacional de San Juan Bosco (Patagônia/Argentina). No ano seguinte, esteve na Universidad de Buenos Aires (Argentina) e, em 2014, foi visitante na Univesidad de la República (Uruguai). Desde 2014, é pesquisador convidado da Cátedra Gênero, Diversidade Cultural e Fronteiras – UNESCO/UFGD.
O novo diretor coordena na UEPG o Núcleo de Pesquisa Memória, Cultura e Natureza. Desde 2017, atua como pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Educação dos Sistemas Tradicionais de Erva-mate – CEDErva.
O professor Robson Laverdi conversou na última semana com a reportagem do projeto de extensão Ações Culturais no MCG (ACMCG). Confira:
ACMCG: Como surgiu seu interesse pela área da História?
Robson: Meu interesse pela história foi sendo construído pelas condições e situações que foram se apresentando pela vida. Tive uma professora de história muito interessante que serviu de inspiração. Além disso, me atraiu a possibilidade de fazer o curso de história no turno noturno. Por outro lado, o ambiente rico de debates políticos no Brasil do final dos anos 1980 e começo de 1990 me estimulava. Era fascinante tentar entender o momento que vivíamos. Fiz o vestibular, passei, amei o curso desde o começo. Mas não foi algo que eu sempre quis, só aconteceu. Amei e nunca mais deixei a área.
ACMCG: Seu primeiro emprego na área também foi uma decisão repentina ou você já tinha uma ideia do que queria ao longo da formação?
Robson: O primeiro emprego na área não se apresentou facilmente. Comecei me oferecendo para substituir professores em licenças prêmio e saúde. Pegava aula de tudo, até de matemática dei aula. Ser professor passou a ser um desejo forte, insisti. Pegava o que sobrava. Até que me estabilizei numa escola estadual em Minas Gerais. Ingressei no mestrado, e no meio do curso passei num concurso público na Unioeste aqui no Paraná, ingressei em 1997 e fiquei lá até 2012. Depois me transferi pra UEPG, onde estou há quase 10 anos.
ACMCG: Nessa mudança lecionando entre universidades, o que pôde aprender e aplicar na carreira?
Robson: A migração do campo para a cidade e as migrações entre Paraná e Minas Gerais me forjaram um convívio com muitas diferenças culturais. Tudo isso foi crucial para eu lidar com os temas de pesquisa e experiência na docência. Fui forjado nas formas de alteridade, que me levou a pensar identidade e memória, algo que está presente na minha trajetória até hoje, especialmente a história oral.
ACMCG: Quais são suas pretensões atuais? O que espera realizar como novo diretor de acervos do MCG?
Robson: Eu atuei na Unioeste por quase uma década com acervos. Hoje retomo essa área na UEPG com alguma experiência, mas diante de novos desafios, pois houve uma revolução na área de preservação documental, sobretudo por conta das tecnologias e desafios de digitalização. Eu assumi essa função por várias razões, a primeira e mais importante é a de que o MCG se apresenta com uma experiência de muita profissionalização, sobretudo na gestão dos últimos 4 anos do professor Niltonci e seus colaboradores. Depois, vejo o MCG como um espaço social e educativo para a promoção de novas perspectivas de atuação profissional para meus alunos. Isso me encanta pela possibilidade de praticar história pública, uma área muito promissora na atualidade, e também por conta de contribuir com a preservação da memória social em mundo em transformações muito profundas. Eu tenho como propósito hoje contribuir com o MCG na profissionalização da salvaguarda documental de um rico acervo já existente e ajudar a equipe a ocupar a nova sede histórica para o edifício restaurado a partir de 2023. Meu desejo é construir esse processo como aprendizado para mim, para a equipe do museu, e principalmente para seus públicos.
(entrevista de Lívia Hasman/ACMCG)
(foto: Loren Eduarda Leuch /ACMCG)