Confira na íntegra o vídeo da conferência:
O tema principal da 14ª Primavera dos Museus pautou diagnóstico da realidade do setor no Paraná, na palestra de ontem (23), em conferência online do Museu Campos Gerais com o coordenador de museus universitários da Superintendência de Tecnologia e Ensino Superior do Estado (Seti), Renê Wagner Ramos. “Todo museu deve estar em transformação completa e permanente para poder atender a comunidade, que é dinâmica”, defendeu o historiador, que até ano passado respondia pela Coordenação do Sistema Estadual de Museus do Paraná (Cosem). “Mas como transformar a realidade se o grande agente humano de transformação não é capacitado para isso?”, questiona.
De acordo com Ramos, a falta de recursos humanos e de capacitação são problemas urgentes do segmento. Ele assinala a previsão de reposição de profissionais pelo Governo do Estado e aponta para estratégias de qualificação de pessoal e do serviço prestado pelas instituições. “Às vezes uma exposição grandiosa cai por terra por falta de um trabalho educativo melhor pensado”, diz, sugerindo o Museu do Holocausto, em Curitiba, como modelo de ação educativa para a solidariedade e a tolerância dos povos.
Na visão do coordenador, é preciso com urgência aproximar os museus dos programas de pós-graduação, transformando os espaços em extensão natural da pesquisa. “Os museus universitários aqui têm uma responsabilidade, possuem o melhor corpo técnico, é onde estão doutores e pesquisadores”, lembra. Renê Ramos destaca, ainda, a necessidade de uma ‘costura’ com prefeituras e casas da memória, dado o potencial de vetor cultural das universidades e pró-reitorias de extensão em pequenos e médios municípios do interior.
Impacto econômico e de turismo
A palestra “Museus Paranaenses em Transformação” também apresentou indicadores de visitação de museus pelo estado e repercussão em sites de turismo. O Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba, aparece como o mais referenciado. A lista contempla ainda como espaços lembrados e bem avaliados pelos turistas o Museu do Expedicionário – único a abrigar um museólogo em seus quadros, conforme Ramos – e o Museu Histórico da Universidade Estadual de Londrina. Na relação, dois dos espaços mencionados fazem parte da Associação de Museus, Acervos e Casas da Memória da Região dos Campos Gerais (AMRCG): o Centro Cultural Castrolanda e o Parque Histórico de Carambeí.
Para Ramos, gestores devem considerar que o museu é também um produtor econômico e de turismo, faz parte de uma cadeia cultural e por isso precisa “falar a linguagem do grande público”. Um exemplo citado nesse sentido foi o Museu Regional do Iguaçu. No debate com os participantes, foi abordada a necessidade de cooperação entre distintas áreas do conhecimento na transformação e divulgação dos museus, como as artes, o design, o jornalismo, a história, a museologia, entre outras.
Presença
Participaram da conferência estudantes, docentes e profissionais inscritos no evento, além de convidados. O Museu Campos Gerais destaca e agradece a participação da assessora técnica em produção científica da Cosem, Rita de Cássia Teixeira Gusso, do diretor do Museu de Ciências Naturais da UEPG, Antonio Liccardo, de Sergio Sakakibara, do Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina, do Centro Cultural Castrolanda, de docentes e discentes da UEPG dos cursos de graduação e pós-graduação de História, Letras, Geografia, Artes e Jornalismo. Registra-se, por fim, a presença no evento de estudantes da Unicentro, da UFPR, do curso de Museologia da Unirio, além de direção, agentes técnicos e estagiários do MCG.