por Luciane Pereira da Silva Navarro
O Museu Campos Gerais da Universidade Estadual de Ponta Grossa reabre hoje às 19h com exposição da obra do fotógrafo português radicado no Brasil, Orlando Azevedo. Amanhã (13), o público pode apreciar a Mostra Paraná com 40 fotografias que retratam pessoas e lugares desde o litoral ao norte pioneiro do Estado. A visitação é gratuita e estará aberta das 9h às 11h45 e, no domingo, das 13h30 às 17h. O MCG fica na Engenheiro Schamber esquina com Rua XV.
Renomado no país e fora dele, o fotógrafo lusitano Orlando Azevedo adotou Curitiba para viver desde fins dos anos 1960. Participou do clima de ebulição cultural nas artes no período, envolvendo-se com música, poesia e fotografia. “Essa unificação das artes trouxe poesia e sonoridade aos olhos de quem observa a fotografia da freira tomando banho ou da menina sorrindo na balança improvisada do assentamento em Rio Bonito do Iguaçu”, afirma Patricia Camera.
Sobre a vinda da exposição Paraná para o MCG, o reitor, Miguel Sanches Neto destaca a importância do trabalho do artista. “Cada foto é um ponto de ligação imaginário que, unido aos demais, forma um desenho de nossa face coletiva. Por este poder metonímico é que Orlando Azevedo se fez um dos maiores fotógrafos do Brasil”, diz. “Sorte nossa que, depois de deixar Portugal, Orlando tenha ancorado sua sensibilidade entre nós. Este luso-curitibano, seguindo a tradição local de artistas nascidos na Europa, nos ensinou a ver de forma profunda o Paraná e o Brasil”, complementa o reitor.
Imagens do Paraná
Azevedo registrou as transformações profundas no estado do Paraná desde os anos 1980. Entre os principais trabalhos está a Expedição Coração do Paraná, que percorreu o Estado entre 2005 e 2006. Este resultou numa mostra no MON – Museu Oscar Niemeyer com cerca de 200 imagens processadas e elaboradas museologicamente por Silvio Pinhatti. Posteriormente lança a edição do livro “Expedição Coração do Brasil – Paraná” obra com 634 páginas, publicado em três idiomas.
Em 2016, Azevedo apresenta a mostra Ruínas no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba e, em 2017, publica o livro histórico de Augusto e Alberto Weiss (pai e filho) a partir de sua coleção privada de chapas de vidro de 1880 a 1990 com diversos temas e registros do começo da colonização com seus novos emigrantes sendo que após este mesmo acervo foi transferido em caráter definitivo ao Instituto Moreira Salles (IMS).
Em 2018, foi dedicado quase que exclusivamente à edição final e diagramação dos novos títulos, livros a serem publicados Mestiço-Retrato do Brasil, Cósmica, Açores, Divino, Câmara Ardente, Ruínas, Jardim de Anões e Selfie-se quem puder contendo três obras realizadas com iphone -Diário de Bolso, Deleite e Estranhas Entranhas.
Exposições paralelas
Os outros três espaços de visitação que integram a reabertura do Museu. “Linotipo: a imprensa nos tempos de Hugo Reis” é uma exposição que reúne o acervo do jornalista, referência na imprensa local nas primeiras décadas do século XX. A exposição “Intelectualidades: a trajetória de Wilson Martins” está ambientada no escritório onde o intelectual produziu sua obra mais conhecida, “A História da Inteligência Brasileira”.
A exposição “Salus: Histórias da Saúde” reproduz um consultório odontológico e uma farmácia do início do século XX. Reúne objetos do cotidiano de dentistas, farmacêuticos, médicos e enfermeiros. Documentos do ex-professor Gabriel de Paula Machado, ligado ao curso de Farmácia e Bioquímica da UEPG, falecido em 2017, também integram a mostra. Outro bloco da exposição, organizado a partir do acervo da enfermeira Wanda Aguiar Horta, considerada pioneira na área, será inaugurado em 13 de maio.
Visitação
Na semana que vem, o MCG retoma expediente normal na terça-feira, das 8h às 17h. Agendamentos de escolas ou grupos podem ser feitos pelo telefone (42) 3220-3470. O museu fica na esquina das ruas Engenheiro Schamber com XV de Novembro, no centro de Ponta Grossa.
Depois da inauguração prevê monitorias e ações pedagógicas para as escolas e atividades culturais permanentes como o lançamento de livros e projetos, palestras, atividades literárias, musicais e teatrais, além de exibição de filmes e realização de júris simulados. “Pretendemos abrir pontualmente aos domingos, feriados e horários noturnos”, explica o diretor do MCG, Niltonci Chaves. Segundo Chaves, “o MCG vai organizar exposições mais atrativas ao público e pretende, a médio e longo prazo, inserir os Campos Gerais no circuito de museus e espaços culturais de visitação e memória”.
Colaboração: Rafael Schoenherr e Patricia Camera