Confira na íntegra o debate ‘Projeto História, Trajetórias, Memórias’:
https://www.youtube.com/watch?v=FhGzguG240A&t=2423s
Um roteiro para o início de uma grande jornada. Assim as professoras e historiadoras Carmencita Ditzel e Rosângela Zulian, do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), definiram em conferência online ontem (24) o início efetivo dos trabalhos do projeto de pesquisa do Museu Campos Gerais (MCG) denominado ‘História, Trajetórias, Memórias’.
O primeiro foco de interesse do levantamento são os contextos histórico, social e político de origem e desenvolvimento da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Ponta Grossa (Fafi), cuja criação completa 70 anos. O objetivo é o levantamento de informações, a organização e a disponibilização de documentações que possam contribuir para a compreensão da história do campo intelectual na cidade, bem como das relações entre universidade e sociedade.
As palestrantes do último dia da programação do MCG na 14ª Primavera do Museus, apresentaram resultados de estudos preliminares sobre a experiência de ensino superior que vai se desdobrar, quase duas décadas depois, na criação da UEPG. “A Fafi foi o núcleo da nossa universidade, posteriormente”, diz a professora Carmecita Ditzel. Antes disso, em 1937, houve uma tentativa de ensino superior na cidade com a criação da Faculdade de Farmácia e Odontologia, iniciativa que acabou não dando certo, ressalva a pesquisadora.
A Fafi foi autorizada por decreto de 1949, com início de atividades em 1950. O reconhecimento oficial vem em 1953. A instituição funcionava nesse período no Colégio Regente Feijó e posteriormente no São Luiz, informa a professora Rosângela Zulian. Em 1960 a faculdade ganha prédio próprio, onde hoje funciona o Campus Central da UEPG.
Acervo e digitalização
“Recuperar a trajetória das Fafi é recuperar, em grande parte, a trajetória da UEPG”, comenta o diretor geral do MCG, Niltonci Batista Chaves. O professor Rafael Schoenherr, diretor de acervo do museu, aproveitou para mostrar aos participantes da web conferência o álbum de bacharelandos de 1952, digitalizado e disponível no repositório Memórias Digitais.
A professora Patricia Camera, diretora de Ação Educativa do MCG, exibiu fotos da vinda neste mês de documentações da Fafi que estavam no arquivo da universidade, no Campus Uvaranas. A transferência foi possível com o apoio do reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto, da pró-reitora de Extensão e Assuntos Culturais, Cloris Grden e intermediada pelo chefe de gabinete da reitoria, professor Rauli Gross Junior. O diretor do Núcleo de Digitalização do museu, João Paulo de Almeida, apresentou imagens das primeiras fichas estudantis digitalizadas, simbolizando o início da digitalização desse acervo.
Trajetórias Intelectuais e Públicas
A Fafi oferecia de início os cursos de Letras Neolatinas, Matemática, e Geografia e História. A professora Carmencita Ditzel explica que o os mesmos intelectuais que fundaram a Fafi também fundaram o Centro Cultural Euclides da Cunha, em 1948. “Eles podem ser definidos como intelectuais de província”, afirma, propondo também a conceituação de “intelectuais públicos”. Um dos nomes mais citados por Ditzel nesse sentido foi o do professor Faris Michaele, pertencente ao núcleo fundador da faculdade. “À medida que os cursos superiores iam crescendo, a necessidade de uma universidade surgiu na comunidade”, conclui.
“Temos clareza que a narrativa histórica não é um retrato do que aconteceu, mas uma história sobre o que aconteceu. Não pretendemos tratar os temas do projeto de forma conclusiva, definitiva, posto que participamos de formas variadas desses momentos de institucionalização universitária”, explica Rosangela Zulian. A professora justifica que a opção metodológica da pesquisa foi não pela reconstrução saudosista de um momento fundador, mas por evidenciar “as lutas que compuseram e ainda compõe essa história, seus agentes, as tramas tecidas ao sabor de circunstâncias e interesses”.
De acordo com a professora, essa estratégia permite superar um olhar estritamente institucional e buscar um interesse e um público mais amplos. “O projeto vai colher as produções orais, escritas, entre outras, sobre a Faculdade de Filosofia e divulgá-las de forma leve, estética, interativa, com um sentido informativo e pedagógico”, adianta.
Homenagem
De acordo com Niltonci Chaves, diretor do MCG, a palestra de encerramento da 14ª Primavera dos Museus foi também uma homenagem pública às participantes. “Ambas possuem um vínculo com a Fafi, além de desenvolverem trajetórias reconhecidas de contribuição ao curso de História, ao ensino, ao campo científico e intelectual, dentro e fora da universidade”, pontua.
Ao longo de quase duas horas de conferência, diversos participantes também saudaram a qualidade da pesquisa e da apresentação realizada pelas professoras. Foi o caso da professora Terezinha Saldanha (do Departamento de História da Unicentro), Rosangela Petuba e Elizabeth Johansen (Dehis/UEPG), Marco Antonio Stancik (chefe do Departamento de História da UEPG), José Apoloni Filho e Rita Teixeira Gusso (Cosem/PR), Roberto Kowal (MCG), além de graduandos e pós-graduandos de diferentes áreas e instituições que acompanharam o evento.
Memórias Digitais
Acesse o álbum de bacharelandos da FAFI de 1952:
Agradecimentos
O Museu Campos Gerais agradece às pessoas que se inscreveram em nossa 14ª Primavera dos Museus, ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais da UEPG, Superintendência de Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Superintendência de Cultura/PR, Fundação Araucária, Coordenação do Sistema Estadual de Museus PR, Associação de Museus, Acervos e Casas da Memória da Região dos Campos Gerais, AMCG Cultura, Projeto Ações Culturais no Museu Campos Gerais e Núcleo de Tecnologia da Informação da UEPG.
(Assessoria MCG com informações de Leriany Barbosa e Cristiane de Melo – do projeto Ações Culturais no Museu Campos Gerais)
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