Acessibilidade no turismo natural é sonho possível em Ponta Grossa

Acessibilidade no turismo natural é sonho possível em Ponta Grossa

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Apesar dos avanços e das experiências positivas, trajetos ainda são inacessíveis ou precisam de melhorias

Segundo o site da Secretaria Municipal de Turismo de Ponta Grossa, a cidade conta com sete atrativos turísticos naturais. São eles o Buraco do Padre, a Cachoeira da Mariquinha, o Canyon do Rio São Jorge, as Furnas Gêmeas, o Parque Vila Velha, o Refúgio das Curucacas e a Represa dos Alagados. É fácil encantar-se pelas paisagens naturais, decoradas pelo verde das árvores, o vermelho das pedras históricas e o azul das águas cristalinas. Famílias inteiras esperam o clima favorável para visitar os locais todos os anos. Porém, nem todos podem apreciar essas paisagens. Para pessoas com mobilidade reduzida, pessoas com deficiência, obesidade ou idosos, a maior preocupação não é o clima ou a curiosidade para saber se vai chover: essas pessoas não têm a garantia para realizar os passeios por conta da ausência de acessibilidade.

A cartilha divulgada em 2009 pelo Ministério do Turismo em conjunto com a Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência, intitulada “Turismo Acessível: introdução a uma viagem de inclusão”, reforça a necessidade de inclusão de pessoas com mobilidade prejudicada, e afirma que essas pessoas se encontram em uma realidade de exclusão no mundo do turismo. Segundo o documento, essas pessoas “encontram dificuldades para se adaptarem às instalações e equipamentos nas edificações turísticas e espaços de lazer, ao mesmo tempo em que encontram prestadores de serviços sem qualificações específicas para um atendimento diferenciado”.

Flavia Novaski utiliza cadeira de rodas para que possa se locomover e visitou o Parque Vila Velha em 2018. Na época, as atividades do parque eram coordenadas pelo poder público e a estudante conta que foi recomendado que ela só realizasse parte do trajeto que compõe o passeio e os motivos não foram esclarecidos. Ela visitou a parte da frente dos arenitos e a Lagoa Dourada. 

Flavia reforça o comportamento de um dos guias turísticos que fez com que a experiência fosse negativa. “Ele foi grosseiro com a gente, queria que o passeio fosse muito rápido”, aponta. Devido ao comportamento dele, ela não teve uma experiência agradável ao conhecer o parque, além de comprometer a segurança dela para realizar o trajeto, mesmo que mais reduzido. 

Em outro ponto turístico, Alvaro Fernandes Dias Filho, um dos responsáveis pelo Buraco do Padre, afirma que foi possível misturar a preservação do meio ambiente com a acessibilidade. De acordo com ele, uma pessoa com dificuldade de mobilidade pode acessar a trilha principal que leva à furna. Nos ambientes rochosos e preservados, ele afirma que a estrutura não pode ser modificada, o que faz com que a acessibilidade não seja viabilizada. “Não é permitido construir nada, por exemplo, rampas ou elevadores. Não podemos tornar essa área acessível por conta da intervenção humana na paisagem e o investimento altíssimo que seria necessário”, afirma. Alvaro explica que o parque não tem dados específicos sobre a quantidade de pessoas com mobilidade reduzida que utilizam os equipamentos adaptados, mas afirma que aproximadamente 10 pessoas por semana fazem esse uso. 

Guilherme Forbeck, do Refúgio das Curucacas, não considera que o local seja completamente acessível no momento, e acredita que o refúgio está em processo de adaptação quando se fala do assunto. “Hoje em dia, esbarramos na área do investimento. A operadora ainda não tem o investimento necessário para tornar o refúgio acessível na íntegra”, explica. A recepção e a trilha principal possuem acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, mas outros locais, como os banheiros, não estão completamente adaptados para receber esses públicos. 

 

FICHA TÉCNICA

Reportagem: Maria Helena Denck

Edição: Isadora Ricardo

Foto: Ellen Cogo/Lente Quente

Publicação: Maria Helena Denck

Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos

Supervisão de edição: Cândida de Oliveira e Mariel E.P. Amaral


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