APACD enfrenta problemas financeiros
Associação corre o risco de encerrar as atividades depois de 47 anos de atuação
A inspiração para escrever essa reportagem surgiu depois que li num portal de notícias uma matéria que dizia que a Associação Pontagrossense de Assistência à Criança com Deficiência (APACD) pode encerrar as atividades devido à falta de recursos financeiros. De acordo com a matéria, aproximadamente 160 crianças podem ficar sem o acompanhamento e o acolhimento que recebem da entidade e, como se não fosse o bastante, mais de 30 funcionários também podem ficar sem empregos.
Para acompanhar de perto este acontecimento, visitei a associação para apurar essa história. Fui recebido pelo presidente Bortolo Moro Neto, que me chamou para conversar em sua sala. Bortolo me conta que está no cargo de presidente desde outubro de 2019. Naquele mesmo ano, a associação fez um levantamento para saber o valor do rombo financeiro e a quantia descoberta era de aproximadamente R$ 1,7 milhão. “A dívida chegou nesse valor porque nós estamos fazendo a devolução de recursos públicos. Nós nos mantemos aqui na instituição por meio de convênios e, como houve uma mexida nesses convênios de forma irresponsável, o Estado cobra a devolução”, explica.
Os recursos públicos aos quais Bortolo se refere são, por exemplo, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e recolhimento de INSS, para funcionários, e o Imposto de Renda. Segundo ele, a instituição conseguiu negociar com a Prefeitura para realizar o reparcelamento da quantia em débito. “Nós conseguimos parcelar parte dessas dívidas, no mínimo, em 48 vezes na Prefeitura e 60 vezes nos órgãos federais”. Mesmo com essa flexibilização para a quitação da dívida, a entidade se encontra incapaz de arcar com os pagamentos. “Nós chegamos em um momento da nossa história que nosso dinheiro simplesmente acabou. Estamos completamente sem nenhum recurso para fazer frente a essas despesas mensais”, afirma o presidente.
Para arrecadar fundos e lidar com a dívida, haja criatividade. Na agenda da instituição sempre houve a promoção de eventos como jantares, festa junina e bazares. “O volume de recursos que sobram dessas ações são positivos, mas não suficientes para pagar as despesas regulares da instituição mais as dívidas”, comenta. Foi necessário pensar em outra estratégia para tirar a associação do vermelho, como campanhas de arrecadação. “Nós estamos em busca de patrocinadores que possam contribuir conosco por um período de 12 meses num valor fixo estipulado por eles”, observa Bortolo.
De acordo com ele, a APACD é capaz de operar por conta própria a partir do momento em que a dívida for quitada. “Ela se manteve assim por 47 anos”. Uma das bases de recurso financeiro da instituição quites para receber os pagamentos desses convênios. A instituição chegou a ter 62 funcionários e opera hoje com número menor de profissionais porque, segundo Bortolo, alguns pediram demissão por falta de pagamento. “Existem três grupos de funcionários que ficaram aqui, um grupo que recebe salário por meio de recursos próprios, que não se enquadra em nenhum convênio, e tenho também dois grupos que se enquadram nos convênios”, afirma o presidente da APACD.
Após nossa conversa, ele me leva para dar uma volta e conhecer o prédio da associação. Passamos por diversas salas de aula, consultório odontológico, sala de fisioterapia, sala de brinquedos e o Centro de Dia Isabella Schrader, apelidado de “centrinho” pelos funcionários, onde as crianças ficam quando não estão em aula ou realizando a fisioterapia.
Para acompanhar o atendimento e os serviços prestados pela entidade, leiam a próxima edição da revista Nuntiare. A APACD aceita contribuições financeiras. A associação está localizada na rua Paulo Frontin, n° 1.190, no bairro Órfãs. e as doações podem ser feitas pela chave PIX pix@apacd.org.br, por depósito no banco Sicredi, agência 0730 / Conta 35961-6.
Ficha técnica:
Reportagem e fotografias: Levi de Brito
Edição e Publicação: Deborah Kuki e Levi de Brito
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Carlos Alberto de Souza