De bolim em bolim, a bocha enche o placar
Mesmo praticada há mais de cinquenta anos na cidade, o esporte ainda encontra empecilhos para sua popularização
A bocha é uma modalidade reconhecida como esporte desde 1943 pela Confederação Brasileira de Desporto (CBD), entretanto sua popularidade diminuiu com o passar dos anos. Em Ponta Grossa, as equipes praticantes apontam a falta de apoio e divulgação do esporte como um dos principais motivos da baixa aderência das novas gerações. As principais equipes, atualmente, fazem parte de clubes privados: Santa Cecília, em Uvaranas, e Associação Recreativa Homens do Trabalho (ARHT), em Oficinas.
Em Ponta Grossa, o esporte é praticado há mais de 50 anos, mas não recebe incentivo por não se tratar de um esporte olímpico. Em julho de 2023, a Secretaria Municipal de Esportes abriu novas vagas para a participação de atletas paralímpicos em 37 modalidades diferentes, sendo uma delas a bocha adaptada. Praticada no ginásio Jamal Farjallah Bazzi, em Uvaranas, a equipe treina tanto para competir em campeonatos de paradesporto, quanto como atividade física.
O jogo pode ser praticado por qualquer pessoa, sem restrições de idade, gênero, habilidade ou limitações físicas, podendo ser jogado individualmente, em duplas ou em equipes. Por isso, a modalidade faz parte dos jogos paralímpicos desde a década de 1970. O seu objetivo principal é lançar as bolas, que pesam 1 quilo cada, mais próximas do ‘bolim’ – bola menor lançada no início da partida como alvo. A bola da equipe que chegar mais perto recebe o ponto e ganha quem completar 12 pontos. A bocha é praticada com 8 bolas, sendo 4 por equipe, e não possui restrição de tempo por partida.
Ponta Grossa não possui pista com medidas oficiais para campeonatos ou Jogos Abertos, por isto, os competidores precisam ir para cidades vizinhas, como Imbituva e Curitiba, para competir e treinar. De acordo com Edenilson Gasparelo, técnico da equipe Santa Cecília, a falta de espaços oficiais é negativa tanto para os praticantes quanto para a cidade, visto que o esporte faz parte das modalidades dos Jogos Abertos do Paraná e paralímpicos. “As vezes precisamos nos locomover para outras cidades somente para treinar, e precisamos tirar isso dos nossos bolsos, porque não temos apoio da secretaria de esportes”, afirma.
Para quem deseja praticar o esporte gratuitamente, sem afiliação em clubes ou associações, é necessário se inscrever nas aulas ofertadas pela Secretaria de Esportes para atletas paradesportivos ou utilizar as pistas do parque Monteiro Lobato. Contudo, os espaços apresentam canchas de areia ou sem chão emborrachado, o que dificulta os treinamentos. Além disso, a cidade não oferece treinador para treinos oficiais dos demais grupos.
No momento, está sendo construída uma cancha na Associação Recreativa. Para Sirley Margueritte, praticante de bocha há mais de 10 anos, a presença de um espaço oficial de jogo pode auxiliar para a popularização do esporte, uma vez que os ‘bochófilos’ não precisarão se deslocar para outras cidades e poderão interagir com outras equipes da cidade no espaço.
Michely Santos é a atual diretora da bocha no Clube ARHT. Para a praticante do esporte há mais de cinco anos, a construção da nova cancha será positiva, uma vez que remonta épocas onde a prática era comum em clubes da cidade. Atualmente, as equipes da associação não participam de campeonatos externos, porém com a construção isso pode mudar, inclusive com os demais times da cidade. “Fazemos competições mais internas, entre os sócios. Algumas vezes o mesmo campeonato dura dias ou até mesmo meses”, discute Michely. A finalização da reforma está prevista para o segundo semestre de 2023.
Ficha técnica
Reportagem: Tamires Limurci
Fotos: Tamires Limurci
Edição e publicação: Janaina Cassol, Victória Sellares e Ana Moraes
Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos
Supervisão de edição: Cândida de Oliveira e Mariel E.P. Amaral